Quando se virou com o papel na mão, ficou sem palavras a
olhar para mim. Mas eu não estava a ligar ao papel e disse:
- Estas
preocupado com ele?
Ele nada disse, só perguntou onde ia, e eu respondi:
- Pensei ir a
cidade procurar emprego.
- Queres que te
sirva de guia?- perguntou-me ele.
Eu fiz aqueles olhos, insinuando que sim. Entretanto na
cidade, o Russell estava encostado ao poste a minha espera. Mal me viu sair
apagou logo o "cigarro" e veio andando comigo.
- E então?
- Talvez.
- Tu não pagas a
renda.
- Faço tudo para
fugir ao José.
- Até horas extraordinárias.
Nesse mesmo dia,
depois de ter saído da loja fomos dar uma volta junto do mar, sentamo-nos nos
bancos do jardim olhando o mar e eu perguntei:
- Deixas-me ler o
teu livro?
- Acho melhor
não.
- Porquê?
- Deitei tudo
quase fora.
- Há quanto tempo
estas a escreve-lo?
- Há demasiado
tempo, não o suficiente.
- És licenciado?
- Sim, Rose.
- Eu tive o
privilégio de ser assistente do José.
- Porque é que
desistiram e vieram para aqui?
- É complicado.
- Por muitas
razões.
- Diz lá uma.
- As coisas
precipitaram-se de repente e na altura este era o melhor sítio.
- Porque não
deixas de beber?
- Porquê?-
perguntou-me ele.
- Por que não?-
respondi-lhe eu.
- Esta bem , vou
tentar.
Quando voltamos
ele ajudou-me a pintar a casa, e coisa de poucos minutos quem havia de aparecer
o José.
- Voltei.
- Não estão
felizes por me ver?
- Perguntei
lá...José o que nós trouxeste.
- Bombons...
- José, o meu
carro?
- Vendi-o.
- Vou por música
temos de festejar.
O Russell foi atrás do José, enquanto eu fiquei cá fora e
disse:
- O quê?!
- Não precisamos
dele.
- Aqui tens uma
bela garrafa de vinho.
- Há quanto tempo
é que não, bebes uma?
- Por quanto?
- Por 500cravos.
- Vendeste-me o
carro por 500 cravos?!
- Espera lá...
- Lembra-te que
eu tenho a cara desfigurada.
- Não tínhamos
dinheiro nenhum.
- Porque esta
aqui.- disse ele abrindo a gaveta do armário da cozinha.
- E também chegou
isto.
- É altura de lhe
contarmos.
- E eu estive a
tua espera para isso.
- Ainda não
chegou a hora.- disse o José.
No dia seguinte de
manhã o Russell estava na cozinha, a suar frio, com mau aspecto, juntando todas
as garrafas de álcool que existia naquela casa. Enquanto o José via-o fazer
isso encostado ao arco que era a porta e disse:
- Serves-me uma
bebida ao teu velho amigo?
- Acabou-se o
sumo.
- O que tens no
copo?
- Não me cheira a
nada.- disse o Russell.
- Então mete-lhe
vodka.- disse o José.
- Vá lá.
- Temos de deixar
isto.- disse o Russell.
- Prometi a Rose.
- Olha bem para
nós.
- Somos uns
incapazes.
- E quando é que
deixaste de beber?
- Desde ontem.
- Dormiste alguma
coisa?
- Deve ser por
isso que estas com esses aspecto, pálido, transpirando frio...
- Mas não é
preciso.
- Se queres
deixar de beber vai com calma.- disse o José servindo-lhe um copo de vodka.
- Tira-lhe a
garrafa e lá se vai o génio.- disse o Russell ao José.
O Russell ao dizer aquilo ao José veio cá para fora,
sentou-se na cadeira de baixo do tejadilho da casa a ver a chuva caindo. Tinha
o cabelo encharcado, vestia uma camisa que estava meio aberta e umas calças,
entretanto apareceu o José com dois copos. O Russell olhou para a bebida que o
José colocou junto dele, tentou resistir mas não consegui-o e bebeu-a.
Alguns minutos
depois, acordei, preparei-me para sair quando vi o José deitado no sofá
- O que esta aqui
a fazer?
- Bom...quis
animar o Russell e adormeci no sofá.
Já estávamos mesmo no Inverno, a aproximarmo-nos do Natal.
O Russell e o José estavam a beira do rio onde existia o tal parque onde todos costumavam
cantar, tocar...
Mas hoje estão a
jogar xadrez, com uma garrafa.
- Achas que vem
logo para casa?- perguntou o Russell.
- Claro, qualquer adolescente
viria a correr para casa, para estes companheiros divertidíssimos...- disse o José.
- Porra, não
podemos fazer outra coisa?- disse o Russell.
- O quê?-
perguntou o José.
- Sei lá,
pescar?!
- Tu não pescas.-
respondeu o José.
- Talvez devesse
começar...- disse o Russell.
- ...qualquer
coisa.
- Devíamos era
começar a escrever o teu livro.- disse o José.
- Ainda não sei
como acaba a historia.- respondeu o Russell.
- Xaque-mate.
- Vamos embora.
- Estas a
deprimir-me.
Á noite, no único
café/bar da aldeia, estava o Russell de braços cruzados em cima do balcão e
com o queixo apoiado neles. Ouvindo o
José falar da vida com dois amigos, até que...
- Olhem quem
chegou, conta-nos tudo.- disse o José.
- Rose...- disse
o Russell levantando a cabeça.
- Porque faltaste
ao emprego?
- Não me sentia
bem lá.
- Agradeço a
vossa boa vontade mas não volto lá.- disse eu mais directamente para o Russell.
- O quê?
O Tio Brock, que
era o tio da namorada do Russell e o dono do café/bar estava ouvindo isto e
disse:
- Contrato-te
para os fins-de-semana.
- A sério?
O tempo passava o Natal Já tinha chegado, a Rose acabou
por se adaptar, ficou surpreendida mas, sem notarmos o vinho começou a sobrar,
situação que nunca julgamos possível.
- Caramba, que
frio.- disse o José levantando-se da cama.
- Pois, se não te
tivesses descuidado a arranjar lanha!- disse eu aquecendo-me no fogão.
- Rose, querida
onde puseste o Vodka?
- Mandaste
esconde-lo.
- Pois mandei.
- Mas onde a
escondeste?
- Não te posso
dizer, lembras-te?
- Com mil raios.
- Nunca fazes
nada do que te digo.
- Onde esta ela?
- Russell!-
chamei eu.
- O José quer
outra vez saber onde escondi o Vodka.
Nesse instante só se vê o Russell entrar com o cesto de
roupa para lavar, todo bem agasalhado e disse:
- Rose estamos na
véspera de Natal.
- Esta bem,
escondia nas escadas das traseiras.
- Ia jurar que
era a tua vez de lavar a roupa.- disse-me o Russell aproximando-se de mim.
- Não te esqueças
de usar o amaciador.- respondi eu ao Russell.
Algum tempo depois, estava eu no sofá e o José na cadeira
de repouso e perguntou:
- Já alguma vez.
- Podia chamar-te
velho porco, por este assedio.
- Tu és um
rebento a florescer.
- E tu?
- Eu tenho filhos.
- Porque nunca os
vês?
- Boa pergunta.
- A verdade é que
eu adorava vê-los, tenho imensas saudades.
- Parece-me que
se alguém quer ver os filhos, vai vê-los.
- A menos que não
se preocupe.
- E tu?
- Lembras-te da
tua mãe?
- Lembras-te de
viver com ela?
- Não, não
propriamente.
- Dantes tentava,
mas a certa altura preferia inventa-la.
- Mas ela nunca
me procurou, e acabei por me esquecer dela.
Ao acabar de falar ouviu-se a porta ranger, era o Russell
com uma árvore de Natal.
- OH,OH...- disse
o Russell.
- Isso é uma
árvore, a sério?
- Onde foste desencanta-la?-
perguntou o José.
- Caiu do céu...
- Pois, talvez
duma anja.- disse o Russell.
- Vamos pô-la
junto da janela, pra que a possam ver.
- Claro.
- Russell, a
roupa?
- OH, pois,
esqueci-me.
- Russell!- disse
eu.
Entretanto fui lavar a roupa e quando voltei, estava o Russell
e o José sentados junto da lareira. O José lia o livro, enquanto o Russell
cortava as folhas já lidas para enfeites da árvore de Natal. Acabamos por sair,
fomos ao Café/Bar aproveitar a festa de Natal. Nela estava eu, o Russell, a
namorada do Russell que era sobrinha do dono do Café, e o José.
O Russell e a
namorada estavam sentados, enquanto eu e o José estávamos a dançar. Depois
sentamo-nos e o José disse:
- Ninguém dança
tão bem quanto eu.
- Mas ela mexe-se
muito bem.
- Porque é que
não és sempre querida?
- E o que ganho
com isso?
- Alegria...
Quando o José disse isto apareceu um outro amigo da Morgan
que lhe disse:
- Tira esses
olhos de cima da nossa menina.
- Ela nem gosta
de mim, gosta mais do Russell, não é?
- Estas bêbado.-
respondi.
- Eu sei.
- Mas não há
azar, o Russell leva-nos a casa.
Quando o José disse isto o Russell olhou para mim e depois
a sua namorada disse:
- Hoje não.
- Tenho-o só para
mim.
- Já lhes deste a
novidade?
- Depois do
Natal, ele pensa em mudar-se para minha casa, para trabalhar melhor.
- Andamos a falar
disso...- disse o Russell.
Acabando de dizer isto, o Russell olhou para a minha cara
de surpresa e de quem não gostava dessa ideia e depois para a do José. O José
disse para a namorado do Russell:
- Ele não esta
apaixonado por ti.
- José, não me parece
que isso seja da tua conta.
- Já o vi com uma
mulher de quem ele não se conseguia fartar.
- Não a
atormentes.- disse o Russell.
- Nunca disse que
ia a lugar algum.
- Eu só digo a
verdade.- disse o José.
- E tu és livre
de fazer aquilo que bem entendes.
- A sério?-
interrogou-se o Russell.
- Sou mesmo
livre?
- Aproveito a
ocasião para dizer...- dizia o José antes de ser interrompido pelo Russell.
- Por que é que
não dizes duma vez o que te incomoda?!
- Queres dizer
que estas desiludido comigo?- perguntou o Russell levantando-se da cadeira.
- Porque eu posso
estas desiludido contido.
- Nunca te pedi
para escrever o teu maldito livro.
- Já não te
paguei?!
- Tantos anos.
- Lamento, esta
bem?
- Lamento
imenso.- disse o Russell com lágrimas nos olhos indo-se embora.
- Lamento
imenso.- disse o Russell com lágrimas nos olhos indo-se embora.
- Boa noite,
José.- disse a namorada do Russell indo-se também embora, atrás dele.
O Russell tinha se
ido embora com a namorada para casa dela de baixo de chuva. Depois de terem
chegado, o Russell aproximou-se dela para a beijar, esta virou a cara. Ele
olhou para ela e foi-se embora a chover, sem guarda-chuva. Entretanto na casa
do José, este estava na casa-de-banho, e eu ao passar ouvi chorar, bati na
porta e perguntei:
- Está bem?
- Posso entrar?
Esperei alguns segundos, mas não disse nada. Então abria a
porta devagarinho e vi no canto o José sentado chorando, e disse:
- Desta vez
meteste a pata na poça.
- O Russell vai
deixar-me sozinho.- disse o José.
- Sempre o soube.
Quando ia ter com ele olhei para o lado e vi na água da
sanita sangue.
- Eu mereço.
- Vou morrer
Sozinho.
Aproximei-me dele, sentei-me e disse:
- Ele não te vai
deixar.
- Vai sim.
- Poderás contar
sempre com ele.
- Desfez a minha
historia e pendurou-a na árvore de Natal.
- Vamos lá, pôr-te
na cama.- disse eu.
- Sim.- disse
ele.
- Como os papeis
se invertem tão rápido.- disse eu cá pra mim.
Depois de ter
ajudado o José a deitar-se, fui a cozinha beber um copo de água e vi na sala o
Cristina. Sentado num colchão, com uma manta por cima, sem camisa vestida, de
lareira acesa atirando ao lume o livro do José. Bem o livro que ele estava
escrevendo sobre ele, então fiquei encostada a ombreira da porta, observando-o,
ele viu-me e nada disse.
Apenas levantou o
braço com a manta para que eu me junta-se a ele já que estava um frio de
arrepiar. Fui para junto dele, e "aconcheguei-me" com a manta.
- Como esta ele?-
perguntou-me o Russell.
- Urinou sangue.
- Meu Deus.
- Bem me parecia
que ele hoje estava descontrolado.
- Ele tem medo de
médicos.
- Deve ser uma bactéria
qualquer.- disse eu.
- Vais sair da
casa?- perguntei eu um pouco hesitante.
- Não.
- Estas
apaixonado por ela?
- Não.
- Ela é muito simpática.-
disse.
- Sim, pois é.
- Estas
preocupado com ele?
- Sim.
- O que
aconteceu, Russell.- perguntei eu olhando para ele.
- Quando conheci
o José, ele fazia tudo o que queria e mesmo assim mantinha uma linda mulher e
os filhos. Estávamos juntos, e havia uma mulher...
Bem, eu queria casar com ela...e a amiga apaixonou-se pelo
José. Ele começou a passar mais tempo connosco que em casa.
Uma noite o seu
filho mais novo tinha um jogo, convenci-o a beber primeiro um copo com as miúdas.
Disse que depois ia com ele ver o Jogo.
Ele fartava de dizer que tinha de se ir embora, mas de uma
bebida passaram a duas, três...
Foi então que...o
filho do reitor entrou e disse que andava a dormir com a minha namorada, todos
sabiam menos eu. Atirei-me a ele, ele lançou um murro, o José meteu-se e ele
lixou-lhe a cara. O José ficou furioso e deu uma sova ao miúdo. Entretanto o já
era tarde, e eu sabia que o Filho dele estava a nossa espera. Mas quando
chegamos ele já se tinha ido embora.
Ele não devia ter ficado sozinho, era apenas um miúdo. Era
tão pequeno, Meu Deus.
A mulher de disse para nunca mais voltar, que ela
precisava de um homem a sério.
- E vocês vieram
para cá?
- Parece um bom
sítio para escrever.- disse o José.
- É melhor tentares
dormir.- disse-me ele olhando-me de relanço com lágrimas caindo pelo rosto.
Olhei para ele e deitei-me, no colchão. Ele olhou para mim
e segundos depois deitou-se ao meu lado, hesitante colocou o braço por cima de
mim. Eu "agarrei-lhe" no braço e coloquei-o na minha almofada, junto
da minha cara, ficamos tipo enroscados.
As horas tinham
passado ou iam passando, o José levantou-se para ir beber um copo e viu o Russell,
deitado junto de mim, com o braço por cima de mim. Pegou no livro e voltou a
deitar-se. Da manhã, acordei e ao meu lado estava o Russell, ficava tão querido
quando dormia. Levantei-me primeiro que ele, sem o acordar e fui-lhe preparar o
pequeno-almoço, quando vinha-o trazer, eu baixei a bandeja, e ele acordou com
isto.
- Trouxe -te o pequeno-almoço
ao colchão.
- Obrigado, Rose.-
disse o Russell levantando-se, apoiando-se no braço.
- O homem já dei
sinal de vida?
- Achas que deva
ir acorda-lo?
- Passas-me a
camisa?
- Toma.- disse eu
meio "envergonhada".
- Obrigada.
Minutos depois, o Russell foi ao quarto e viu o José com
um chapéu de palha na cabeça, cantando uma música de Natal deitado. Estava
deitado em cima da cama com o livro em cima e o Russell disse:
- Belo chapéu.
- Levanta-te,
parece que tens de ir ao médico.
- E tira o
manuscrito de cima de ti...
- O que é que
isso te interessa?- perguntou o José.
- Estás cortejando-o.
- Isso não
significa que o queira assim.
- Senti um enorme
desejo de ler coisas agradáveis sobre mim.
- E então,
encontraste alguma coisa?
- Não era a minha
intenção, estragar-te o arranjinho com a...
- Vamos.
- ...eu falei sem
pensar.
- Feliz Natal.-
disse o Russell.
- Sim, os
presentes.
Naquele dia sentimo-nos em casa, todos nós. Ambos sabiam
que deviam-me contar a verdade, mas os dias nunca eram apropriados para isso.
Já se fazia tarde e pouco a pouco as pessoas que estavam comemorando connosco
começaram a recolher as suas casas
Eu, o Russell e o
José sentamo-nos cá fora ouvindo e vendo a chuva e eu disse:
- Quem me dera
que nevasse.
- Eu também.-
disseram os dois.
- Mas gosto da
chuva...
- Eu também.-
disseram novamente os dois.
Nos dias que se seguiram, começava a dar-me bem com o
emprego e o Russell a acompanhar a doença do José aé que o levou ao médico.
Quando cheguei do
emprego vi o Russell vestido para sair, o José irritado e perguntei:
- Aconteceu
alguma coisa?
- Vais
contar-lhe?- disse o Russell.
- Contar-lhe o
quê?- disse o José.
- Temos de levar
o José ao médico.
- Continua a
urinar sangue.
- Anda a adiar há
semanas.
- Esta bem.-
disse.
- Mas...- disse o
José.
- Vamos!- disse o
Russell.
No médico, o José
estava vestido com uma bata sentado numa cama, enquanto esperava o médico. De
volta a casa, ele entrou foi ao frigorífico e olhou para o meu quarto, porque
tinha a porta aberta. Estava sentada na cama dando os últimos retoques na maquilhagem,
e o Russell disse:
- Uau.
- O José?-
perguntei.
- Preciso que
façam mais exames.
- Ele esta bem?
- Acho que sim.-
disse o Russell.
- Não queres
convidar a tua namorada para vir cá a casa jantar?
- Acho que esta a
trabalhar.
- Comemora-se
algo que eu deva saber?- perguntou o Russell.
- Tenho um
encontro.
- A sério?!-
disse o Russell.
- Que novidade!
- Acho que esta
na altura de ter uma vida social.- disse eu.
- Só uma coisa vê
se não o desapertas.- disse ele referindo-se ao meu vestido.
- Já sou
crescidinha, há já algum tempo.
- Ele não te vem
buscar?
- Não, eu vou ter
com ele.
- Não podes
regressar sozinha.
- Não te
preocupes.
- Além disso,
devias estar mais tempo com a tua namorada.
- Não ficas lá
desde o Natal, não é?
Ele ouviu isto mas não se preocupou, estava encostado a
ombreira do arco da cozinha, vendo a porta das traseiras se fechar e eu indo-me
embora.
De seguida voltou
ao médico onde estava o José, ao entrar viu ele já vestido sentado na cama com
um papel na mão.
- Estas ansioso
por voltar a casa.- disse o Russell.
- A menos que tu
e a Rose já não me queiram lá.
-
Descobriste-nos.- disse o Russell.
- Qual é o
veredicto?
- Tenho uma infeção
renal.
- Deram uns remédios,
e disseram que tenho de deixar de beber.
- És um homem de
sorte.
- Claro que sou.
- E se não fosse?
- Que queres
dizer?
- Vi-te com a Rose
na véspera de Natal.
- Andas a dormir
com ela?
- Como podes
dizer isso?!
- Ela esta cada
vez mais atraente, além disso é jovem, e tem um fraquinho pr ti.
- E ambos sabemos
como isso é agradável.
- Ela é uma
miúda, José.
- Tem 20 anos.
- A minha mulher
tinha 20 anos quando a conheci.
- Foi amor a
primeira vista.
- Não aconteceu
nada, naquela noite.
- Naquela noite
as coisas descontrolaram-se um pouco e acho que estava assustada.
- Sentia-se
sozinha.
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