quarta-feira, 8 de agosto de 2012

O Principio e o Fim do Inferno III: Autora: Sara Gonçalves - excerto 4


Quando se virou com o papel na mão, ficou sem palavras a olhar para mim. Mas eu não estava a ligar ao papel e disse:
-    Estas preocupado com ele?
Ele nada disse, só perguntou onde ia, e eu respondi:
-    Pensei ir a cidade procurar emprego.
-    Queres que te sirva de guia?- perguntou-me ele.
Eu fiz aqueles olhos, insinuando que sim. Entretanto na cidade, o Russell estava encostado ao poste a minha espera. Mal me viu sair apagou logo o "cigarro" e veio andando comigo.
-    E então?
-    Talvez.
-    Tu não pagas a renda.
-    Faço tudo para fugir ao José.

-    Até horas extraordinárias.
  Nesse mesmo dia, depois de ter saído da loja fomos dar uma volta junto do mar, sentamo-nos nos bancos do jardim olhando o mar e eu perguntei:
-    Deixas-me ler o teu livro?
-    Acho melhor não.
-    Porquê?
-    Deitei tudo quase fora.
-    Há quanto tempo estas a escreve-lo?
-    Há demasiado tempo, não o suficiente.
-    És licenciado?
-    Sim, Rose.
-    Eu tive o privilégio de ser assistente do José.
-    Porque é que desistiram e vieram para aqui?
-    É complicado.
-    Por muitas razões.
-    Diz lá uma.
-    As coisas precipitaram-se de repente e na altura este era o melhor sítio.
-    Porque não deixas de beber?
-    Porquê?- perguntou-me ele.
-    Por que não?- respondi-lhe eu.
-    Esta bem , vou tentar.
  Quando voltamos ele ajudou-me a pintar a casa, e coisa de poucos minutos quem havia de aparecer o José.
-    Voltei.
-    Não estão felizes por me ver?
-    Perguntei lá...José o que nós trouxeste.
-    Bombons...
-    José, o meu carro?
-    Vendi-o.
-    Vou por música temos de festejar.
O Russell foi atrás do José, enquanto eu fiquei cá fora e disse:
-    O quê?!
-    Não precisamos dele.
-    Aqui tens uma bela garrafa de vinho.
-    Há quanto tempo é que não, bebes uma?
-    Por quanto?
-    Por 500cravos.
-    Vendeste-me o carro por 500 cravos?!
-    Espera lá...
-    Lembra-te que eu tenho a cara desfigurada.
-    Não tínhamos dinheiro nenhum.
-    Porque esta aqui.- disse ele abrindo a gaveta do armário da cozinha.
-    E também chegou isto.
-    É altura de lhe contarmos.
-    E eu estive a tua espera para isso.
-    Ainda não chegou a hora.- disse o José.
  No dia seguinte de manhã o Russell estava na cozinha, a suar frio, com mau aspecto, juntando todas as garrafas de álcool que existia naquela casa. Enquanto o José via-o fazer isso encostado ao arco que era a porta e disse:
-    Serves-me uma bebida ao teu velho amigo?
-    Acabou-se o sumo.
-    O que tens no copo?
-    Não me cheira a nada.- disse o Russell.
-    Então mete-lhe vodka.- disse o José.
-    Vá lá.
-    Temos de deixar isto.- disse o Russell.
-    Prometi a Rose.
-    Olha bem para nós.
-    Somos uns incapazes.
-    E quando é que deixaste de beber?
-    Desde ontem.
-    Dormiste alguma coisa?
-    Deve ser por isso que estas com esses aspecto, pálido, transpirando frio...
-    Mas não é preciso.
-    Se queres deixar de beber vai com calma.- disse o José servindo-lhe um copo de vodka.
-    Tira-lhe a garrafa e lá se vai o génio.- disse o Russell ao José.
O Russell ao dizer aquilo ao José veio cá para fora, sentou-se na cadeira de baixo do tejadilho da casa a ver a chuva caindo. Tinha o cabelo encharcado, vestia uma camisa que estava meio aberta e umas calças, entretanto apareceu o José com dois copos. O Russell olhou para a bebida que o José colocou junto dele, tentou resistir mas não consegui-o e bebeu-a.
  Alguns minutos depois, acordei, preparei-me para sair quando vi o José deitado no sofá
-    O que esta aqui a fazer?
-    Bom...quis animar o Russell e adormeci no sofá.
Já estávamos mesmo no Inverno, a aproximarmo-nos do Natal. O Russell e o José estavam a beira do rio onde existia o tal parque onde todos costumavam cantar, tocar...
  Mas hoje estão a jogar xadrez, com uma garrafa.
-    Achas que vem logo para casa?- perguntou o Russell.
-    Claro, qualquer adolescente viria a correr para casa, para estes companheiros divertidíssimos...- disse o José.
-    Porra, não podemos fazer outra coisa?- disse o Russell.
-    O quê?- perguntou o José.
-    Sei lá, pescar?!
-    Tu não pescas.- respondeu o José.
-    Talvez devesse começar...- disse o Russell.
-    ...qualquer coisa.
-    Devíamos era começar a escrever o teu livro.- disse o José.
-    Ainda não sei como acaba a historia.- respondeu o Russell.
-    Xaque-mate.
-    Vamos embora.
-    Estas a deprimir-me.
  Á noite, no único café/bar da aldeia, estava o Russell de braços cruzados em cima do balcão e com  o queixo apoiado neles. Ouvindo o José falar da vida com dois amigos, até que...
-    Olhem quem chegou, conta-nos tudo.- disse o José.
-    Rose...- disse o Russell levantando a cabeça.
-    Porque faltaste ao emprego?
-    Não me sentia bem lá.
-    Agradeço a vossa boa vontade mas não volto lá.- disse eu mais directamente para o Russell.
-    O quê?
  O Tio Brock, que era o tio da namorada do Russell e o dono do café/bar estava ouvindo isto e disse:
-    Contrato-te para os fins-de-semana.
-    A sério?
O tempo passava o Natal Já tinha chegado, a Rose acabou por se adaptar, ficou surpreendida mas, sem notarmos o vinho começou a sobrar, situação que nunca julgamos possível.
-    Caramba, que frio.- disse o José levantando-se da cama.
-    Pois, se não te tivesses descuidado a arranjar lanha!- disse eu aquecendo-me no fogão.
-    Rose, querida onde puseste o Vodka?
-    Mandaste esconde-lo.
-    Pois mandei.
-    Mas onde a escondeste?
-    Não te posso dizer, lembras-te?
-    Com mil raios.
-    Nunca fazes nada do que te digo.
-    Onde esta ela?
-    Russell!- chamei eu.
-    O José quer outra vez saber onde escondi o Vodka.
Nesse instante só se vê o Russell entrar com o cesto de roupa para lavar, todo bem agasalhado e disse:
-    Rose estamos na véspera de Natal.
-    Esta bem, escondia nas escadas das traseiras.
-    Ia jurar que era a tua vez de lavar a roupa.- disse-me o Russell aproximando-se de mim.
-    Não te esqueças de usar o amaciador.- respondi eu ao Russell.
Algum tempo depois, estava eu no sofá e o José na cadeira de repouso e perguntou:
-    Já alguma vez.
-    Podia chamar-te velho porco, por este assedio.
-    Tu és um rebento a florescer.
-    E tu?
-    Eu tenho filhos.
-    Porque nunca os vês?
-    Boa pergunta.
-    A verdade é que eu adorava vê-los, tenho imensas saudades.
-    Parece-me que se alguém quer ver os filhos, vai vê-los.
-    A menos que não se preocupe.
-    E tu?
-    Lembras-te da tua mãe?
-    Lembras-te de viver com ela?
-    Não, não propriamente.
-    Dantes tentava, mas a certa altura preferia inventa-la.
-    Mas ela nunca me procurou, e acabei por me esquecer dela.
Ao acabar de falar ouviu-se a porta ranger, era o Russell com uma árvore de Natal.
-    OH,OH...- disse o Russell.
-    Isso é uma árvore, a sério?
-    Onde foste desencanta-la?- perguntou o José.
-    Caiu do céu...
-    Pois, talvez duma anja.- disse o Russell.
-    Vamos pô-la junto da janela, pra que a possam ver.
-    Claro.
-    Russell, a roupa?
-    OH, pois, esqueci-me.
-    Russell!- disse eu.
Entretanto fui lavar a roupa e quando voltei, estava o Russell e o José sentados junto da lareira. O José lia o livro, enquanto o Russell cortava as folhas já lidas para enfeites da árvore de Natal. Acabamos por sair, fomos ao Café/Bar aproveitar a festa de Natal. Nela estava eu, o Russell, a namorada do Russell que era sobrinha do dono do Café, e o José.
  O Russell e a namorada estavam sentados, enquanto eu e o José estávamos a dançar. Depois sentamo-nos e o José disse:
-    Ninguém dança tão bem quanto eu.
-    Mas ela mexe-se muito bem.
-    Porque é que não és sempre querida?
-    E o que ganho com isso?
-    Alegria...
Quando o José disse isto apareceu um outro amigo da Morgan que lhe disse:
-    Tira esses olhos de cima da nossa menina.
-    Ela nem gosta de mim, gosta mais do Russell, não é?
-    Estas bêbado.- respondi.
-    Eu sei.
-    Mas não há azar, o Russell leva-nos a casa.
Quando o José disse isto o Russell olhou para mim e depois a sua namorada disse:
-    Hoje não.
-    Tenho-o só para mim.
-    Já lhes deste a novidade?
-    Depois do Natal, ele pensa em mudar-se para minha casa, para trabalhar melhor.
-    Andamos a falar disso...- disse o Russell.
Acabando de dizer isto, o Russell olhou para a minha cara de surpresa e de quem não gostava dessa ideia e depois para a do José. O José disse para a namorado do Russell:
-    Ele não esta apaixonado por ti.
-    José, não me parece que isso seja da tua conta.
-    Já o vi com uma mulher de quem ele não se conseguia fartar.
-    Não a atormentes.- disse o Russell.
-    Nunca disse que ia a lugar algum.
-    Eu só digo a verdade.- disse o José.
-    E tu és livre de fazer aquilo que bem entendes.
-    A sério?- interrogou-se o Russell.
-    Sou mesmo livre?
-    Aproveito a ocasião para dizer...- dizia o José antes de ser interrompido pelo Russell.
-    Por que é que não dizes duma vez o que te incomoda?!
-    Queres dizer que estas desiludido comigo?- perguntou o Russell levantando-se da cadeira.
-    Porque eu posso estas desiludido contido.
-    Nunca te pedi para escrever o teu maldito livro.
-    Já não te paguei?!
-    Tantos anos.
-    Lamento, esta bem?
-    Lamento imenso.- disse o Russell com lágrimas nos olhos indo-se embora.
-    Lamento imenso.- disse o Russell com lágrimas nos olhos indo-se embora.
-    Boa noite, José.- disse a namorada do Russell indo-se também embora, atrás dele.
  O Russell tinha se ido embora com a namorada para casa dela de baixo de chuva. Depois de terem chegado, o Russell aproximou-se dela para a beijar, esta virou a cara. Ele olhou para ela e foi-se embora a chover, sem guarda-chuva. Entretanto na casa do José, este estava na casa-de-banho, e eu ao passar ouvi chorar, bati na porta e perguntei:
-    Está bem?
-    Posso entrar?
Esperei alguns segundos, mas não disse nada. Então abria a porta devagarinho e vi no canto o José sentado chorando, e disse:
-    Desta vez meteste a pata na poça.
-    O Russell vai deixar-me sozinho.- disse o José.
-    Sempre o soube.
Quando ia ter com ele olhei para o lado e vi na água da sanita sangue.
-    Eu mereço.
-    Vou morrer Sozinho.
Aproximei-me dele, sentei-me e disse:
-    Ele não te vai deixar.
-    Vai sim.
-    Poderás contar sempre com ele.
-    Desfez a minha historia e pendurou-a na árvore de Natal.
-    Vamos lá, pôr-te na cama.- disse eu.
-    Sim.- disse ele.
-    Como os papeis se invertem tão rápido.- disse eu cá pra mim.
  Depois de ter ajudado o José a deitar-se, fui a cozinha beber um copo de água e vi na sala o Cristina. Sentado num colchão, com uma manta por cima, sem camisa vestida, de lareira acesa atirando ao lume o livro do José. Bem o livro que ele estava escrevendo sobre ele, então fiquei encostada a ombreira da porta, observando-o, ele viu-me e nada disse.
  Apenas levantou o braço com a manta para que eu me junta-se a ele já que estava um frio de arrepiar. Fui para junto dele, e "aconcheguei-me" com a manta.
-    Como esta ele?- perguntou-me o Russell.
-    Urinou sangue.
-    Meu Deus.
-    Bem me parecia que ele hoje estava descontrolado.
-    Ele tem medo de médicos.
-    Deve ser uma bactéria qualquer.- disse eu.
-    Vais sair da casa?- perguntei eu um pouco hesitante.
-    Não.
-    Estas apaixonado por ela?
-    Não.
-    Ela é muito simpática.- disse.
-    Sim, pois é.
-    Estas preocupado com ele?
-    Sim.
-    O que aconteceu, Russell.- perguntei eu olhando para ele.
-    Quando conheci o José, ele fazia tudo o que queria e mesmo assim mantinha uma linda mulher e os filhos. Estávamos juntos, e havia uma mulher...
Bem, eu queria casar com ela...e a amiga apaixonou-se pelo José. Ele começou a passar mais tempo connosco que em casa.
  Uma noite o seu filho mais novo tinha um jogo, convenci-o a beber primeiro um copo com as miúdas. Disse que depois ia com ele ver o Jogo.
Ele fartava de dizer que tinha de se ir embora, mas de uma bebida passaram a duas, três...
  Foi então que...o filho do reitor entrou e disse que andava a dormir com a minha namorada, todos sabiam menos eu. Atirei-me a ele, ele lançou um murro, o José meteu-se e ele lixou-lhe a cara. O José ficou furioso e deu uma sova ao miúdo. Entretanto o já era tarde, e eu sabia que o Filho dele estava a nossa espera. Mas quando chegamos ele já se tinha ido embora.
Ele não devia ter ficado sozinho, era apenas um miúdo. Era tão pequeno, Meu Deus.
A mulher de disse para nunca mais voltar, que ela precisava de um homem a sério.
-    E vocês vieram para cá?
-    Parece um bom sítio para escrever.- disse o José.
-    É melhor tentares dormir.- disse-me ele olhando-me de relanço com lágrimas caindo pelo rosto.
Olhei para ele e deitei-me, no colchão. Ele olhou para mim e segundos depois deitou-se ao meu lado, hesitante colocou o braço por cima de mim. Eu "agarrei-lhe" no braço e coloquei-o na minha almofada, junto da minha cara, ficamos tipo enroscados.
  As horas tinham passado ou iam passando, o José levantou-se para ir beber um copo e viu o Russell, deitado junto de mim, com o braço por cima de mim. Pegou no livro e voltou a deitar-se. Da manhã, acordei e ao meu lado estava o Russell, ficava tão querido quando dormia. Levantei-me primeiro que ele, sem o acordar e fui-lhe preparar o pequeno-almoço, quando vinha-o trazer, eu baixei a bandeja, e ele acordou com isto.
-    Trouxe -te o pequeno-almoço ao colchão.
-    Obrigado, Rose.- disse o Russell levantando-se, apoiando-se no braço.
-    O homem já dei sinal de vida?
-    Achas que deva ir acorda-lo?
-    Passas-me a camisa?
-    Toma.- disse eu meio "envergonhada".
-    Obrigada.
Minutos depois, o Russell foi ao quarto e viu o José com um chapéu de palha na cabeça, cantando uma música de Natal deitado. Estava deitado em cima da cama com o livro em cima e o Russell disse:
-    Belo chapéu.
-    Levanta-te, parece que tens de ir ao médico.
-    E tira o manuscrito de cima de ti...
-    O que é que isso te interessa?- perguntou o José.
-    Estás cortejando-o.
-    Isso não significa que o queira assim.
-    Senti um enorme desejo de ler coisas agradáveis sobre mim.
-    E então, encontraste alguma coisa?
-    Não era a minha intenção, estragar-te o arranjinho com a...
-    Vamos.
-    ...eu falei sem pensar.
-    Feliz Natal.- disse o Russell.
-    Sim, os presentes.
Naquele dia sentimo-nos em casa, todos nós. Ambos sabiam que deviam-me contar a verdade, mas os dias nunca eram apropriados para isso. Já se fazia tarde e pouco a pouco as pessoas que estavam comemorando connosco começaram a recolher as suas casas
  Eu, o Russell e o José sentamo-nos cá fora ouvindo e vendo a chuva e eu disse:
-    Quem me dera que nevasse.
-    Eu também.- disseram os dois.
-    Mas gosto da chuva...
-    Eu também.- disseram novamente os dois.
Nos dias que se seguiram, começava a dar-me bem com o emprego e o Russell a acompanhar a doença do José aé que o levou ao médico.
  Quando cheguei do emprego vi o Russell vestido para sair, o José irritado e perguntei:
-    Aconteceu alguma coisa?
-    Vais contar-lhe?- disse o Russell.
-    Contar-lhe o quê?- disse o José.
-    Temos de levar o José ao médico.
-    Continua a urinar sangue.
-    Anda a adiar há semanas.
-    Esta bem.- disse.
-    Mas...- disse o José.
-    Vamos!- disse o Russell.
  No médico, o José estava vestido com uma bata sentado numa cama, enquanto esperava o médico. De volta a casa, ele entrou foi ao frigorífico e olhou para o meu quarto, porque tinha a porta aberta. Estava sentada na cama dando os últimos retoques na maquilhagem, e o Russell disse:
-    Uau.
-    O José?- perguntei.
-    Preciso que façam mais exames.
-    Ele esta bem?
-    Acho que sim.- disse o Russell.
-    Não queres convidar a tua namorada para vir cá a casa jantar?
-    Acho que esta a trabalhar.
-    Comemora-se algo que eu deva saber?- perguntou o Russell.
-    Tenho um encontro.
-    A sério?!- disse o Russell.
-    Que novidade!
-    Acho que esta na altura de ter uma vida social.- disse eu.
-    Só uma coisa vê se não o desapertas.- disse ele referindo-se ao meu vestido.
-    Já sou crescidinha, há já algum tempo.
-    Ele não te vem buscar?
-    Não, eu vou ter com ele.
-    Não podes regressar sozinha.
-    Não te preocupes.
-    Além disso, devias estar mais tempo com a tua namorada.
-    Não ficas lá desde o Natal, não é?
Ele ouviu isto mas não se preocupou, estava encostado a ombreira do arco da cozinha, vendo a porta das traseiras se fechar e eu indo-me embora.
  De seguida voltou ao médico onde estava o José, ao entrar viu ele já vestido sentado na cama com um papel na mão.
-    Estas ansioso por voltar a casa.- disse o Russell.
-    A menos que tu e a Rose já não me queiram lá.
-    Descobriste-nos.- disse o Russell.
-    Qual é o veredicto?
-    Tenho uma infeção renal.
-    Deram uns remédios, e disseram que tenho de deixar de beber.
-    És um homem de sorte.
-    Claro que sou.
-    E se não fosse?
-    Que queres dizer?
-    Vi-te com a Rose na véspera de Natal.
-    Andas a dormir com ela?
-    Como podes dizer isso?!
-    Ela esta cada vez mais atraente, além disso é jovem, e tem um fraquinho pr ti.
-    E ambos sabemos como isso é agradável.
-    Ela é uma miúda, José.
-    Tem 20 anos.
-    A minha mulher tinha 20 anos quando a conheci.
-    Foi amor a primeira vista.
-    Não aconteceu nada, naquela noite.
-    Naquela noite as coisas descontrolaram-se um pouco e acho que estava assustada.
-    Sentia-se sozinha.






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