Sexta-feira.
O último dia de expediente. Dei por mim a vaguear pela rua no regresso a casa.
Vivia num pequeno apartamento alugado. Um T0. Mais o meu gato Necas e a minha
cadela Brownie. Nunca me senti solitária quando fui largada no mundo pela minha
família. Mas especialmente hoje achava que aos 29 anos de idade já não
encontraria o homem dos seus sonhos. Pura fantasia juvenil. A sua avó sempre
lhe dissera que não existiam contos de fadas. Apenas contas para pagar ao fim
do mês e uma casa se houvesse para cuidar. Os homens só querem mulheres hoje em
dia para levar para a casa, tirar-lhes a virtude se ainda a manterem e prosseguirem
as suas vidinhas. Nunca experienciei uma única falha nas previsões da minha avó,
até àquele maldito dia 14 de Janeiro, quando a perdi. Em questão de horas perdi
tudo, o conforto dos seus braços, o tecto que me abrigava, o sustento que me
amarrava à vida, até os meus animais... Nunca irei esquecer a atroz despedida…
oh como desejei ter sido eu a morrer naquele dia, esquartejada e jogada numa
sargeta invés do que presenciei.
Quando dei por mim, estava no meio da rua.
Um carro aproximava-se velozmente na minha direção. Eu precisava tentar, não estava com medo. Pela primeira vez, estava
fascinada, convencida do que ia fazer. Estava
farta de me afogar em mágoas. Quando um raio de luz ofuscou-me. Deparei-me com
o sucedido e só tive tempo para desviar-me e cair redonda com o cú no
chão. Por pouco não tinha sido atropelada.
-
Mas a senhora é doida! Não viu que o sinal estava fechado para peões. Podia ter
acontecido um acidente! - Gritava o homem saindo do carro na minha direcção.
-
Tu? Outra vez? – Dissemos os dois em uníssono.
-
Anda a perseguir-me? – Interpelei intrigada, erguendo-me de imediato e
recusando a mão estendida para ajudar-me.
-
Claro que não. O mesmo posso perguntar a si. Encontramo-nos sempre em situações
fora do vulgar…
-
Acredite, não odeia mais estas ocorrências que eu própria! – Espetei na sua
cara.
Depois
de sacudir o pó da roupa e de a ajeitar, preparava para me ir embora. Quando o
estranho me segurou o braço.
-
Espere. Da última vez nem me disse o seu nome.
Assustei-me
com a sua atitude e depressa tentei soltar-me dele. Mas a sua mão aprofundou o
aperto e puxou-me mais para perto.
-
Quer fazer o favor de me soltar. Ou vou começar a gritar!
-
Desculpe-me. Só não quero que fuja outra vez. – Disse-me carinhosamente,
soltando o meu braço.
-
Chamo-me Lynne.
-
Bonito nome. Combina com o seu temperamento selvagem. E o seu cabelo ruivo
maravilhoso.
-
Está tentando namoriscar-me? Digo-lhe já que perde seu tempo. Odeio homens
metidos a sedutores, com a mania de galar todas as raparigas bonitas que vêm
passar pela rua. Passe bem! – Disse virando-lhe as costas.
-
Espere Lynne! Venha jantar fora comigo. Lynne! Lynne! Não faça de conta que não
me está ouvindo. Eu vou espera-la no café da praia às 8h. A propósito chamo-me Leandro.
– Disse por fim parando de correr atrás de mim.
para ser sincera, nem eu sei x)
ResponderEliminargostei do capítulo
Obrigado pela visita e obrigado pelo comentário ^^
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