quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Look out the Window... capitulo 1


Era uma tarde de Agosto. Fazia um calor abrasador, as janelas e portas abertas não chegavam para o eliminar. Era impossível continuar trancafiada dentro de casa. Fui à minha carteira e contei o dinheiro que me restava de uma pequena venda de biquínis. Restavam-me apenas 20euros. Chega e sobra para meter-me no carro e ir atenuar a tensão.
Dirigi-me ao meu armário, procurei pelo biquíni novo, cor de salmão com efeitos florais que comprara em saldos numa loja chiquérrima. Pensar que o comprara, para o utilizar apenas uma vez.
Coloquei-o, fazia jus ao meu corpo nos locais correctos e lá fui eu passear à beira mar. Um pouco mais emproada. Ao chegar à praia, foi um tédio para estacionar. Mal se via o chão com tanto carro estacionado, uns de esguelha, outros atravessados, até por cima dos passeios, e às esquinas das saídas…
Até que no final do estacionamento, num canto recatado vi um vazio. Aleluia. Achando que não, estava com sorte.
Estacionei o carro. Coloquei-o em ponto morto, puxei o travão de mão e desliguei-o. O meu velhote nunca me deixava na mão. E entendia-me melhor que um homem.
Lá saí do carro. Tranquei-o e verifiquei o dito umas 3vezes. Não fosse o Diabo tece-las. Eu adorava o meu velhote. Quando finalmente ia começar o meu passear à beira mar, vi o senhor dos gelados caminhar pela praia apregoando os seus tesouros.
- Olha o gelado! Quem quer gelado? Um regalo fresquinho para matar a sede.
Aproximei-me do homem e perguntei-lhe que tipo de gelados tinha. Eu estava desejosa de comer um dos novos gelados da Magnum, especialmente o Temptation Avelã e Bombons. E não é que estava com sorte novamente! Paguei o gelado ao homenzinho, e pude ver pela sua cara de consolação, que ninguém lhe devia dar muita atenção por estas bandas. A sociedade passava por tempos difíceis. E o Coelho só dizia: “ doa a quem doer… ” Políticos! Queria ver esse Primeiro-Ministro sustentar a casa e criar os filhos, mais a sua vida social, só com 500euros por mês.
- Obrigado. Boa tarde.
Prossegui o meu destino ao compasso das ondas e da sua melodia celestial. Pouco me importando com os gritos das crianças que brincavam no areal. A discussão de um casal. As arrufas de amigos armados em galanteadores.
No meio dos meus desvaneios, sofri um valente embate na cara, o gelado desaparecera e tudo ficou negro. Foi tudo tão rápido, que só me lembro da queda na escuridão da incerteza.

Sem comentários:

Enviar um comentário