sábado, 25 de agosto de 2012

Everybody


Todos os dias deitámo-nos um pouco mais retalhados. A prova que corre mal, o ordenado que não chega para cobrir as dívidas. As finanças que nos consentem 24horas de despejo da nossa própria casa. Uma discussão agreste com a família e somos projectados no atoleiro em que se transformou a vida. No emprego somos enxovalhados pelo chefe. Na chegada ao muquifo onde agora se vive, é-se imediatamente apedrejada pelo cônjuge, que se desapaixonou. Larga-se o emprego, saísse do domicílio. Pede-se o divórcio. Lança-se à má sorte. Odeio-te! Amo-te! Amaldiçoou-te! Perdoou-te! Mato-te! Ambiciono-te. Eu, tu, eles, nós, vós. Aqui, agora, já, depois. O décimo primeiro andar do edifício abandonado, nos recessos à baixa espera por mim. De lá observo o rosto da cidade e os espíritos ruins das criaturas. Também já fizemos parte dessa gentalha. Neste momento eu não sou eu. Sou o monstro que elas criaram. Meramente quando paro para pensar sobre vocês. Eu sei... Que páras para pensar sobre mim. Conheces bem a monstruosidade que alimentaste. Cada sentimento que tenho… está cada vez mais perto da tua extinção. Mas sabes que infelizmente, ainda te amo. E tu ainda sentes a minha falta. Sobre o véu da lua eu aguardo pacientemente o dia da caça.

Silêncio

Eu não gosto de ti. Disse-lhe. Há meses que a relação entre nós não ia bem. Mas jamais pensei que culminaria nisto…
    – Não gostas de mim? Ou não gostas mais de mim? Tens outro? Perguntou-me represo. Algo na sua voz mudara. E o gentil-homem que conhecera transformava as suas belas feições, nas de um monstro feroz. Bem diante dos meus olhos. Comecei por sentir medo e depois uma enorme adrenalina.

Last breath

 " Duas horas para acabar
O que em quatro anos
A gente fez
(...)
Longe de um início
Estava junto mas sozinho
Sei que para ti nem custou
Qual dos dois mudou as regras
No fim "

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

I know

Sim, é verdade. Eu confesso. Ele ainda vive em mim. Eu, ainda o amo. Mas não posso ficar com o que já não me pertence. Fiz uma escolha. Ele ficará bem melhor sem mim. Doí. Não vos vou mentir. Mas tudo passa, tudo passa. Sim, eu sei que ambos sofremos. Eu sei que o amo, porra. Mas acabou. Está na hora de o arrancar de dentro do meu peito. Ficará uma cicatriz nesse lugar, como tantas outras. Continuei o meu caminho, não passo de um simples anjo caído. Na minha cabeça permanece a sua imagem. Os seus despautérios. Os defeitos que mais odeio nele. Frente ao espelho contemplo a dura verdade. Olhos vermelhos e inchados. Choro desalmadamente. É agora ou nunca. Agarro em tudo que é dele, antes que a coragem me falte e ateio-lhe fogo. É um adeus definitivo. Sinto o calor queimar a minha face, e o frio inundando-me o corpo de alto abaixo. Está-me deixando para todo o sempre. Mas eu ainda o amo! Aclamo chorando. Eu, ainda o amo. Meu Deus. Ele ainda vive em mim, faça o que fizer. Queime o que ainda houver, diga o que dizer. O aconchego dos seus braços, nunca desapegar-se-ão do meu corpo, os seus carinhos sinceros nunca largar-me-ão o espirito. O seu toque suave quando choro, ainda cá está. “ Tu não podes ficar com ele. Recordaste do passado? Segue o teu caminho, sozinha! Tu não o amas. Aliás nunca amaste!” Vós tenhais razão. Estou sofrendo em vão. Ele já nem me ama mais. Abro o correio eletrónico e vejo uma notificação de alteração de perfil. Em letras bem gordas. 
Solteiro. Interessado em Mulheres. 
Acabo com o sacrilégio e ligo para ele. Alô? – Pergunta uma voz feminina do outro lado da linha. E não muito longe ele rindo-se e chamando pela desconhecida.    Sim, é verdade. Ainda o amo… mas nesta história o final acaba assim.
An obligation, became for me the end

Ruptura


Eu não quero isto. Tu não queres isto. Os outros si, desejam isto. Obrigações levam-nos a cometer loucuras. Sei que ainda me amas... O último beijo. É o mais doloroso de todos.

Look out the window... capitulo 11


A cabeça e o estômago contestaram, e tornei a cair. Mordisquei o lábio inferior para esconder a dor e iniciei outra tentativa de erguer-me.
- Não sejas teimosa. Não tens de provar-me anda. - Exclamou e apoiando-me uma das mãos nas costas e com a outra ajudando a levantar-me.
Fraca e envergonhada. Aceitei a sua ajuda de bom grado. Tão logo me ergui novamente, pintas negras começaram a torvar-me a visão, da mesma forma que à escassos minutos atrás. Incli­nei a cabeça para frente e deixei que o cabelo me encobrisse o rosto. Então senti a mão forte de Leandro nas minhas costas e a dor no abdômen intensificou-se. Gemi.
- Acabou-se. Vais ao hospital comigo agora.
- Não! – Protestei. – É um simples dor de cabeça!

It's the Time

Acordo de manhã já fatigada. É sempre a mesma coisa. Sempre a mesma rotina. Sempre as mesmas discussões. Sempre o mesmo de sempre. É sempre o mesmo. Contas chegando, pessoas partindo. Paixões cessando, sonhos expirando. Amor, ódio, inveja, represálias, derrotas. Enfim não existe, ninguém neste mundo que não passe por um infortúnio destes num só dia. Eu apenas não consigo viver mais deste jeito. E vocês? Oiço constantemente uma voz dizer-me: - Deste lado é tudo mais fácil. Terás paz. Vejo-me inúmeras vezes rodeada por sangue e com as mãos manchadas do mesmo... Eu tenho uma pequena impressão de que o meu único desejo já só passa por isso mesmo. Destruição. É sempre a mesma coisa, a mesma rotina, as mesmas discussões, o mesmo de sempre. Já não sou razão pelo que valha a pena respirar ou pela qual valha a pena chorar… Eu, tal como muitos de vós apenas já não pode aguentar... Esta vida de prostração... Estou, farta de ti, de vós. Do mundo. Os meus nerónios extinguiram-se, o meu coração emperrou. Sentimentos? Nem vê-los. Apenas estilhaços do que antes fora, embutidos no cérebro quedaram. É hoje! É o dia! São 5 pra meia-noite. De frente para as fotografias de outros tempos, outras épocas. Eu entrego a minha alma.

Everything will get better... It's Lie!


Nada vai melhorar. As pessoas não mudam. Burro velho não aprende línguas. Pobres não ascenderão a ricos. Sonhos? Quem não os tem, mas o mundo é para quem tem dinheiro! E não para quem não tem. Peço desculpa, mas não me venham mais com essas conversas vãs!


quinta-feira, 23 de agosto de 2012

This is love


O amor não tem de ser racional, tem de ser vivido o máximo de tempo possível antes que acabe! Apenas isso! E só isso!


Fuck this shit

This fuck it is all same shit. Apaixonamo-nos, sofremos e voltamos ao começo. É tudo muito bonito enquanto estarmos sobre o efeito do sortilégio. Os dias passam, trazendo as semanas e as semanas dão início aos meses. 

O sortilégio começa a perder efeito e os defeitos surgem que nem uma cascata de cartas empilhadas em alicerces frágeis de um castelo amaldiçoado logo à partida. Este sortilégio tem a particularidade de nos eclipsar da realidade e oferecer-nos uma simulação dopada dos acontecimentos. Aí brotam as mentiras e os enredos. Colocamos as garras de fora e vamos à luta com a carga toda. 

Começamos por rever todos os nossos objectivos. As nossas características específicas e usamos o impensável a nosso favor. Reformulamos o nosso guarda-roupa de peças ousadas e sofisticadas. Adquirimos sapatos que outrora jamais pensámos em calçar. Compramos um estojo de maquilhagem e mudamos drasticamente de penteado. Pintamos as unhas e aparamos as sobrancelhas. A vingança vem de sapatos altos. Esperámos o momento oportuno e nesse dia caçamo-lo. 

Nós não somos bonecas de trapos para sermos usadas pelos homens a seu belo prazer. Queremos ser respeitadas, acarinhadas e amadas. Odiamos partilhar e ser enganadas. Não temos de ser percebidas. Temos é de ser estimadas. Isso não faz de nós um bicho de 7 cabeças

Se amas alguém profundamente. Demonstra-lo. Mas de maneira sincera. Mesmo que te tenha magoado, mesmo que saibas que a culpa é dela, mesmo… mesmo que sejam infinitos ocorridos e até tenhas também culpa no cartório. Demonstra. Uma mulher magoada e apunhalada nunca mais volta a ser a mesma de quando se apaixonou. E o tempo não ajuda. Se estás apaixonado e acreditas ser a pessoa da tua vida preserva-a porque a vida não foi feita para presunçosos muito menos comodistas. 

Fairy tales


Replica


Penso que todos vós conheçais o ditado: não há uma (1) sem duas (2) nem duas sem três (3). Pois bem. Não é que é mesmo verdade. Dias antes o meu adorável cachorrinho achou por graça, roer o fio do meu querido desgastado secador. Ainda que já estivesse todo colado com fitada cola, extirpado, com falta de peças e até partido. Trabalhava! Era tudo o que me interessava. Estamos em crise e deitar eletrodomésticos benéficos para o lixo, não é uma decisão lá muito sábia. Obviamente que fiquei arreliada. Mas isso não foi o pior. Semanas mais tarde. Numa bela manhã de raiar o sol, fui fazer um delicioso batido de melancia e banana e não é que o raio da máquina dos batidos, resolveu avariar. Após 2 voltas da lâmina. Deixou-me apiada de copo na mão. Não tem graça. Parecendo que não a máquina nem meses tinha. E custara-me 20 euros! Arrg! Como me arrependo agora desses 20 euros. Era tudo o que tinha. O único dinheiro que ganhara no ano e no Euromilhões! Digam lá que nunca fizeram um disparate destes? Como o receio de perder a promoção se saíssem por aquela porta do supermercado. Mas…O pior dos piores não foi isso! Com as oscilações do tempo há uma catrafiada de pó a circular pelo ar e o meu carro. O meu querido carro, verdinho e tudo. Tão lindo! Ficou cor de tremoço pálido quando já o papámos todo. Ora, o que fazem numa situação destas? Vão ao elefante azul ou como português pobre faz – pega na margueira do jardim e zás. Toma lá banhinho, meu sacana. Pois foi o que eu fiz. F*****.  Que C****** de vida. A tinta verde do meu capô lascou e agora no seu lugar, bem perto das suas narinas, uma linda pinta branca ficou, outrora verdinha. Não há mesmo uma (1) sem duas (2) nem duas sem três (3). E assim sendo, a vida continua como vem declarado no Livro de Francisco Xavier. E agora digam comigo: Mas que C******* de Sorte.

Um adeus para sempre…


Uma vez escutei uma história…
Esta relatava que um jovem conheceu uma garota,
Um sonho, seu universo…
Mas era criança ingénua desbota.
Mais tarde me atraiçoaram pelas costas,
Na minha própria alucinação.
Sinto agora tão sentenciada…
Eu sei a correcção,
Essa história, não acabou sem ter um fim…
Um senão, uma precisão…
Historias de amor, trazidas pró mundo real,
Só ocasionam extensa contusão!
A veracidade desse conto narrado,
É ser realidade…
Permaneço ainda apaixonada…
Ainda deveras enamorada...
Por quem partiu e não regressou mais,
Num mundo antigo, um mundo de simulação…
Onde os lendas e contos de auspício,
Não passam de lá distante. serem uma constelação…
Isso não me interessa mais!
Necessito de um milagre!
Eu quero ser a tua miúda,
A do teu conto pormenorizado,
A que te ama,
A que velejou a provém para te encontrar.
Dei-me a oportunidade de o voltar a vislumbrar!
Se o que dizem for certo,
Cada pessoa nasce já tendo o seu amor designado,
E ele foi feito para mim,
Eu preciso de um milagre!
Um dia verás que isso pode-te ocorrer…
Tal como se sucedeu comigo.
Dia após noite,
Residirei sempre do teu lado,
Porque estou segura do que sei,
Meu amor é verídico e meus sentimentos genuínos
Então dissipa,
Não precisas de me perguntar o quê,
Muito menos o porquê.
Somente te posso frisar que…
Eu contínuo, apaixonada por ti!

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Aprendemos assim as coisas que não aprendemos nos livros


Os erros fortalecem-nos


Look out the window... capitulo 10



Casa. Estava salva. Nunca correra tanto na minha vida, desde… desde que Leandro entrara na minha vida. Entrei em casa e fechei a porta com força. Trancando-a logo em seguida. O Necas saltou da mesa da cozinha ameaçado e a Brownie começou a ladrar.
- Chiuuu. Brownie, sou apenas eu. - Disse à cadela, fazendo-lhe festas. Ele não me seguira. Como é que ele veio parar aqui no meu bairro? Quando olho para o saco da farmácia em cima do móvel. Era agora ou nunca. Ia fazer o teste. Toca a campainha. O teste cai-me das mãos. Dou por mim a tremer descontroladamente. Abro. Não abro. Toca a campainha de novo. Aproximo-me do alvéolo da porta. Isto é um pesadelo. Mas onde me fui meter avó. Leandro aguardava-me do lado de fora da porta. Toca a campainha de novo e desta vez sistematicamente. Entreabro a porta, deixando-a presa na corrente de segurança.
- Finalmente Lynne. Por que razão fugiste mim no café? Não me vais deixar entrar?
- O que fazes aqui? O que queres de mim? – Perguntei intimidada.
Bastou um olhar para que Leandro notasse a palidez no rosto meu rosto. Algo estava muito errado comigo.
- Estás bem? Deixa-me entrar, por favor. Tenho-te procurado há semanas. – Pediu com voz rouca.
- Ninguém te pediu esse encargo. Agora vai-te embora! – Gritei-lhe começando a ver pitinhas de luz no seu rosto e a sentir as pernas a fraquejar.
- Deixa-me entrar, Lynne. Tu não estás bem.

Receba convites para o cinema!

Quando dois amigos invadem o território de um cartel de droga dão início a uma guerra com consequências imprevisíveis.
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terça-feira, 21 de agosto de 2012

Faço tudo de novo...


Há amores que acabam com o nosso estofo emocional. De tal maneira que passamos a acreditar que nunca mais iremos voltar a gostar de alguém. Ou que os homens são todos iguais! Chegamos até perder o gosto na vida. A garra de antes. O alento de outrora e os sonhos de menina. Começa a tortura dos porquês, as retaliações passionais e o ódio crescente. Falamos mal dele, até deitarem-nos pelos cabelos. 

Mas quando menos esperamos e mesmo quando já juramos a pé juntos nunca mais cair na esparre-la de nos voltarmos a apaixonar. Vem uma rajada de vento e muda-nos de novo as voltas. 

Uma palavra carinhosa, uma acção duradora, um olhar demorado. E puf. Já foste. Começa assim um novo amor. Mas desta vez está nas tuas mãos cometer os mesmos erros ou escrever um capítulo diferente na tua história. Óbvio que irás errar como anteriormente, mas também saberás reconhecer e perdoar. 

Saberás distinguir a intensidade dos seus beijos e a amplitude das suas carícias comparando-as, com a veracidade, das suas intensões relativamente ao precedente. 

E se for o tal, odiarás estar longe dele por um segundo que seja, mas odiar-te-ás por dar-lhe atenção. Irás manda-lo embora vezes sem conta e ele estará sempre lá para ti. 

Se for o tal, fará tudo por ti sem nunca pedir nada em troca. Além de um beijo para selar o vosso amor. Se for o tal, tornar-te-ás má espontaneamente, e lá no fundo uma manteiga derretida que só sonha tê-los nos seus braços. 

Mas o receio e o orgulho ressentido são tao nocivos, que este será o teu jeito de amar, o TAL. Completa imprevisibilidade. Contudo tu: Amo-lo

Look out the window... capitulo 9


Há semanas que não dormia direito. Era agredida por pesadelos e suores frios. Comer já se tornara um suplício. Chegar à cama e relaxar era tudo que desejava.
    Ao chegar a casa depois de um expediente corriqueiro e fatigante. Fechei a mão amarrotando o comprovativo de compra do teste de gravidez que adquirira na far­mácia, no regresso. Em pânico, rezei para que o teste desse negativo. Afastei o longo cabelo escarlate para trás e tentei recompor-me. Um sorriso sarcástico escapou-me dos lábios, lembrando-me como tudo começara. Um simples gelado e um hematoma.
Ignorando o teste de gravidez, que não teria tempo nem espírito para realizar naquele momento, esco­vei o cabelo rapidamente e apressei a sair para o meu segundo emprego. Recusava-me a ficar lamentando a falta de sorte que sempre tivera na vida. Enquanto atendia às mesas no Outskirts, passava na rádio uma música que me deixou intrigada: “ … uma última esperança. Encontrar-te fez-me voltar a ser criança, porque já eras meu sem eu sequer saber, porque és o meu homem e eu tua mulher, porque tu, chegaste sem me dizer a que vinhas. As tuas mãos foram minhas com calma, porque foste na minha alma um amanhecer. Foste o que tinha de ser. ”

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

O desprezo é isto mesmo, uma vingança desculpável


Aqui. Neste momento, no vazio do meu quarto. Eu contemplo o desprezo. Em cada fotografia que me abraça, eu posso senti-lo! Descendente em todos os ornatos.[1] Rizadas fleumáticas[2] enlouquecem-me. Já fui tudo! Já tive tudo. Agora não tenho nada. Os gira-discos… Toca a mesma música de há uma perpetuidade atrás. Recordo fragmentos de memórias enclausuradas no submundo do inconsciente. Parece que estagnei no tempo. Nada mexe, nada muda, nada… Nada. Além de mim, continua a respirar e a sofrer…
Onde estou? Que mundo é este? Já chega. Não quero mais lembrar-me! Não quero mais flashbacks do que aos outros… [tu] fiz passar. O desprezo, é um sentimento intenso. Grossaria e rejeição. Semelhante ao ódio, ainda que digam que entre ele e o amor a linha que os separe seja muito ténue.
    Estás a castigar-me pelo que antigamente. Fiz-te passar … por entre os arvoredos bravios e as brumas da incerteza. Invocaste o meu nome dúzias de vezes e eu fugi. Deixei-te à mercê da minha hidrofobia[3] e terror. Agora interrompidos no tempo, sem puder fugir mais. Remessas-me trechos frescos da minha inexistência na tua vida. O desprezo é isto mesmo, uma desmedida vingança relevável…


[1] Molduras
[2] Frias, insensíveis.
[3] Designação imprópria da raiva

Look out the window... Capitulo 8


Onde será que ela se esconde? O que levou-a a partir sem se despedir sequer? Se ao menos soubesse onde mora. Faz hoje 2 meses que a conheci. Tão depressa apareceu como desapareceu. Tal qual um anjo. A princípio não dei muita importância ao que sentia. Paixonetas de verão passam depressa, mas com ela foi diferente. E quando ela partiu naquela madrugada, deixando-me para trás sem sequer um bilhete ou algo que a pudesse encontrar. Percebi que afinal enganara-me. Todas as mulheres são egoístas e ambiciosas. Mas… não me recordo de ter usado protecção. Será que…Não. Acho que já teria vindo procurar-me. E se, acontecera-lhe alguma coisa? Nunca mais a vira nas redondezas perto da praia. Perguntei ao dono do restaurante e também nunca mais a vira passar por ali. Estava ficando perturbado logo, logo partiria para o mar e podia nunca mais regressar. Tinha de a encontrar. Pessoas deviam lhe favores. Se a sua memória não lhe pregasse rasteiras agora, podia jurar que ainda trazia na memória a matrícula do seu carro… Precisava tentar. Ainda não era o fim. O meu coração continuava sangrando por ela. Só por ela. Dói a saber a verdade. Que a sereia de olhos avelã me abandonara na praia sem uma única palavra depois de terem sido um só. Que para ela amar se tornara ódio. Cruzarei o limite. Nem que seja só para a ver e depois partir. Não terei medo se já me tiver esquecido. Pela primeira vez soubera o significado da palavra amor na sua amplitude autentificada. Não me arrependo mesmo nada do dia que me cruzei com ela na praia, provavelmente o sucedido não fora acidental. Estava destinado.