A
cabeça e o estômago contestaram, e tornei a cair. Mordisquei o lábio inferior
para esconder a dor e iniciei outra tentativa de erguer-me.
-
Não sejas teimosa. Não tens de provar-me anda. - Exclamou e apoiando-me uma das
mãos nas costas e com a outra ajudando a levantar-me.
Fraca
e envergonhada. Aceitei a sua ajuda de bom grado. Tão logo me ergui novamente,
pintas negras começaram a torvar-me a visão, da mesma forma que à escassos
minutos atrás. Inclinei a cabeça para frente e deixei que o cabelo me encobrisse
o rosto. Então senti a mão forte de Leandro nas minhas costas e a dor no
abdômen intensificou-se. Gemi.
-
Acabou-se. Vais ao hospital comigo agora.
-
Não! – Protestei. – É um simples dor de cabeça!
A
minha irritação fez Leandro desistir. Cruzou os braços contra o peito
magnífico e exigiu-me que lhe mostrasse que consegue caminhar sem ajuda, até à
casa de banho. Estimei a distância por instantes. E apesar da leve tontura que
ainda sentia, tinha esperança que conseguiria. Enquanto caminhava devagar na
direção da casa de banho, cambaleei e amparei-me contra a parede com uma das
mãos e a outra no abdómen. Leandro então cingiu-me pela cintura e levou-me ao
hospital. No trajecto da minha casa ao hospital, olhei-o de esguelha e analisei-lhe
a expressão. Parecia tão robusto e confiante. Provavelmente nunca cometera enganos.
Muito diferente de mim, que não parava de cometer erros, um atrás do outro. Só
lhe restava contar a verdade.
-
Leandro…
-
Sim, Lynne. – Respondeu-me ele concentrado na estrada.
-
Naquele dia… nós… bem. – Comecei a ver a sua expressão mudar. Como se já
esperasse aquela palavra que nem eu própria tinha certeza. Não. Não lhe vou
contar.
-
Nada. Leva-me de volta para casa. Juro que já estou bem.
-
Não. – Disse-me maneando a cabeça. – E esta conversa que começaste não fica por
aqui. Mas depois conversamos. Tu desmaiaste. Que eu me recorde as pessoas ainda
não desmaiam simplesmente sem causa aparente. Além disso, não paras de
pressionar o abdómen. Alguma coisa está errada, e eu não vou embora até
descobrir o que é.
Quem
poderia culpá-lo, por ter por ignorados os sintomas e a possibilidade de uma
gravidez? Tornara-me tão hábil a fugir da verdade que nem mesmo considerara que
a debilidade que sentia podia dever-se ao crescimento de um ser dentro mim. Um
novo temor invadiu-me naquele instante, e rezei para que não tivesse acontecido
nada de mal com a criança.
Leandro permaneceu ao meu lado durante todo
o procedimento de internação e somente apenas saiu da enfermaria quando o
médico lhe pediu que aguardasse no corredor. Então o médico iniciou uma série
de perguntas extremamente pessoais e depois pus-me a fintar o tecto, enquanto
o médico complementava os exames. Foi-me dito que estava e seguidamente uma
enfermeira chegou para colocar-me a soro e, só então foi permitido a Leandro retornar
para tomar conhecimento da conclusão clínica. Assim que entrou e se acomodou na
cadeira ao lado da minha cama, o médico anunciou:
-
A Sra. Lynne está grávida.
O
médico prosseguiu falando, porém eu já não consegui ouvir mais uma só palavra e
os olhos encheram-se de lágrimas. Leandro ouvira o mesmo que eu. O que estaria
apensar? Com que reacção ficara? Como seria daqui para a frente? Naquele
instante, eu acho que saí do corpo várias vezes e voltei. E ainda assim esta
vida não era a minha. Devo ter-me enganado no corpo pelo caminho…
muito obrigada :)
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