sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Look out the window... capitulo 11


A cabeça e o estômago contestaram, e tornei a cair. Mordisquei o lábio inferior para esconder a dor e iniciei outra tentativa de erguer-me.
- Não sejas teimosa. Não tens de provar-me anda. - Exclamou e apoiando-me uma das mãos nas costas e com a outra ajudando a levantar-me.
Fraca e envergonhada. Aceitei a sua ajuda de bom grado. Tão logo me ergui novamente, pintas negras começaram a torvar-me a visão, da mesma forma que à escassos minutos atrás. Incli­nei a cabeça para frente e deixei que o cabelo me encobrisse o rosto. Então senti a mão forte de Leandro nas minhas costas e a dor no abdômen intensificou-se. Gemi.
- Acabou-se. Vais ao hospital comigo agora.
- Não! – Protestei. – É um simples dor de cabeça!

A minha irritação fez Leandro desistir. Cruzou os braços con­tra o peito magnífico e exigiu-me que lhe mostrasse que consegue cami­nhar sem ajuda, até à casa de banho. Estimei a distância por instantes. E apesar da leve tontura que ainda sentia, tinha esperança que conseguiria. Enquanto caminhava devagar na direção da casa de banho, cambaleei e amparei-me contra a parede com uma das mãos e a outra no abdómen. Leandro então cingiu-me pela cintura e levou-me ao hospital. No trajecto da minha casa ao hospital, olhei-o de esguelha e analisei-lhe a expressão. Parecia tão robusto e confiante. Provavelmente nunca cometera en­ganos. Muito diferente de mim, que não parava de cometer erros, um atrás do outro. Só lhe restava contar a verdade.
- Leandro…
- Sim, Lynne. – Respondeu-me ele concentrado na estrada.
- Naquele dia… nós… bem. – Comecei a ver a sua expressão mudar. Como se já esperasse aquela palavra que nem eu própria tinha certeza. Não. Não lhe vou contar.
- Nada. Leva-me de volta para casa. Juro que já estou bem.
- Não. – Disse-me maneando a cabeça. – E esta conversa que começaste não fica por aqui. Mas depois conversamos. Tu desmaiaste. Que eu me recorde as pessoas ainda não desmaiam simplesmente sem causa aparente. Além disso, não paras de pressionar o abdómen. Alguma coisa está errada, e eu não vou embora até descobrir o que é.  
Quem poderia culpá-lo, por ter por ignorados os sintomas e a pos­sibilidade de uma gravidez? Tornara-me tão hábil a fugir da verdade que nem mesmo considerara que a debilidade que sentia podia dever-se ao crescimento de um ser dentro mim. Um novo temor invadiu-me naquele instante, e rezei para que não tivesse acontecido nada de mal com a criança.
    Leandro permaneceu ao meu lado durante todo o procedimento de internação e somente apenas saiu da enfermaria quando o médico lhe pediu que aguardasse no corredor. Então o médico iniciou uma série de perguntas extrema­mente pessoais e depois pus-me a fintar o tecto, enquanto o médico complementava os exames. Foi-me dito que estava e seguidamente uma enfermeira chegou para colocar-me a soro e, só então foi permitido a Leandro retornar para tomar conhecimento da conclusão clínica. Assim que entrou e se acomodou na cadeira ao lado da minha cama, o médico anunciou:
- A Sra. Lynne está grávida.
O médico prosseguiu falando, porém eu já não conse­gui ouvir mais uma só palavra e os olhos encheram-se de lágrimas. Leandro ouvira o mesmo que eu. O que estaria apensar? Com que reacção ficara? Como seria daqui para a frente? Naquele instante, eu acho que saí do corpo várias vezes e voltei. E ainda assim esta vida não era a minha. Devo ter-me enganado no corpo pelo caminho…

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