Casa.
Estava salva. Nunca correra tanto na minha vida, desde… desde que Leandro
entrara na minha vida. Entrei em casa e fechei a porta com força. Trancando-a
logo em seguida. O Necas saltou da mesa da cozinha ameaçado e a Brownie começou
a ladrar.
-
Chiuuu. Brownie, sou apenas eu. - Disse à cadela, fazendo-lhe festas. Ele não
me seguira. Como é que ele veio parar aqui no meu bairro? Quando olho para o
saco da farmácia em cima do móvel. Era agora ou nunca. Ia fazer o teste. Toca a
campainha. O teste cai-me das mãos. Dou por mim a tremer descontroladamente.
Abro. Não abro. Toca a campainha de novo. Aproximo-me do alvéolo da porta. Isto
é um pesadelo. Mas onde me fui meter avó. Leandro aguardava-me do lado de fora
da porta. Toca a campainha de novo e desta vez sistematicamente. Entreabro a
porta, deixando-a presa na corrente de segurança.
-
Finalmente Lynne. Por que razão fugiste mim no café? Não me vais deixar entrar?
-
O que fazes aqui? O que queres de mim? – Perguntei intimidada.
Bastou
um olhar para que Leandro notasse a palidez no rosto meu rosto. Algo estava
muito errado comigo.
-
Estás bem? Deixa-me entrar, por favor. Tenho-te procurado há semanas. – Pediu
com voz rouca.
-
Ninguém te pediu esse encargo. Agora vai-te embora! – Gritei-lhe começando a
ver pitinhas de luz no seu rosto e a sentir as pernas a fraquejar.
- Deixa-me entrar, Lynne. Tu não estás bem.
-
Estou óptima. Apenas preciso que me deixes em paz! – Revelei com a voz fraca,
enquanto uma leve transpiração humedecia-me a testa.
Tarde demais. Antes que Leandro tivesse
conseguido que lhe abrisse a porta amigavelmente cambaleei e cai no chão. Uma
voz persistente chamava o meu nome com amabilidade e preocupação. Desorientada,
tentei-me focalizar. Estava em casa, a campainha tocou. Abri a porta… mas por
que estava no chão? Por que sentia a cabeça a girar? O que havia acontecido?
-
Lynne. Estás bem? O que estás a sentir?
Reconhecei
de imediato a voz e tentei abrir os olhos. Mas rapidamente. Os fechei de novo
acometida por outra tontura. Sentia um tremendo embaraço por estar caída aos
pés daqueles Leandro. Talvez, se ficasse bem quieta, ele se afastaria e me
deixaria a sós, para suportar sua própria desgraça.
-
Acho que é melhor levar-te ao hospital. – Disse.
Não!
Pensei. Se os meus piores temores estivessem certos, ele saberia. Ofender-me-ia
e acusar-me-ia de o ter enganado e usado. Forcei-me a abrir as pálpebras e a
primeira coisa que vi foi o verde terra de Leandro.
-
Olá. - Saudou em tom meigo. – Bem-vinda de volta ao mundo dos vivos! Como estás?
Ao
notar a preocupação verdadeira no fundo daquele incrível olhar, esbocei um
sorriso.
-
Bem.
-
Mesmo?
Tirando
a sua auto-estima, a cabeça um pouco pesada, as náuseas que ainda lhe fatigavam
o estômago e talvez uma pequena próxima da cintura. Estava soberba.
-
Mesmo. Obrigado. Acho que tive uma tontura. Esqueci de almoçar. E o teu
aparecimento assustou-me.
Leandro
uma sobrancelha, como quando sabemos a verdade e a pessoa continua a tentar
iludir-nos.
-
A sério. Estou bem. – Insisti. E para provar o que dizia tentei levantar-me.
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