Talvez estivesse cega
demais. Talvez seja MESMO uma criança como ele me chamou. Talvez esteja condenada,
a nunca puder ficar com quem realmente amo. Talvez não mereça amar ninguém. Eu
não estava pronta para me apaixonar de novo. Afinal quem é que está?
Quando o encarei
de novo ao fim de tantos meses separados, estupidamente, ainda acreditei, ainda
senti esperança de que ele sofria, tanto quanto, eu, que ele me amava, tanto
quanto, eu, o amo. Porém já não há sentimento. Ele não é mais aquele que eu
“conheci”, aliás, eu não sei se alguma vez o conheci, mas senti que era o tal. Depois
daquilo que eu passei só mesmo alguém muito especial para me fazer apaixonar de
novo. Alguém muito especial para voltar a confiar, voltar acreditar, alguém a
quem me entregar. E, esse, alguém, foi ele. Em um só dia fiz-me esquecer tudo,
fez-me sentir a melhor pessoa do mundo.
Assim que nos
“conhecemos” houve logo magia entre nós. Aquela química. Havia algo de especial.
Havia mesmo algo de especial entre nós. Fora o único a conseguir pôr-me a
sorrir depois do outro “erro”, o único em qual senti conforto. Só eu sei o
quanto gostava que ele me abraçasse e que me sussurrasse ao ouvido: amo-te, minha pequenina, quero ficar contigo
para sempre. Talvez ainda haja sentimento? Já não sei... Talvez esteja
simplesmente arrependida de não o ter conseguido demonstrar da melhor forma… É
verdade. Só que infelizmente, ele jamais me amou. Quem ama não humilha, não
espezinha, não esquece, não abandona.
– Vai para casa, chora tudo que tens a chorar e sofre calada! Encontra alguém
que te ame mais do que eu amei! E saí. – Disse-me ele apontando para a porta.
Os seus olhos impávidos, outrora inflamados por mim, confirmaram as minhas
suspeitas. Ele esquecera-me. Eu agora causava-lhe repulsa e exaltação. “É assim tão fácil esquecer-me? Não sentes a minha
falta? É! E sim sinto, sou homem é normal sentir a falta…”
“ … sou homem é normal sentir a falta…” Não a minha falta, e sim a falta de saciar o desejo masculino…
como todos os outros. Como pude estar tanto tempo iludida, tanto tempo cega, como
pude desligar as defesas. Andar com um monstro e nem descobrir. Achar que era a
tal! Que significava algo para ele. Sonhar que era tão importante para ele como
respirar. MAS AFINAL, somente fui um passatempo de verão, até o filho chegar
para passar a semana natalícia. Posso ter a minha metade de culpa no cartório, todos
nós erramos, mas quando amamos alguém realmente muito de verdade, chamem-me
lamechas, criança, estúpida, não me importa, vamos À luta! Pomos o orgulho de
lado, perdoamos, demonstramos os sentimentos… - ESTA casa não é só minha, por isso, saí. Acabou! Não leste a
mensagem. Eu não te quero mais! E eu amei-te sim! Ele não é mais aquele que
eu “conheci”, aliás, alguma vez o conheci realmente?
Toca o telemóvel. Salto da cama. Será ele? Mensagem: Chego hoje de Madrid. Ruan. Toca o telemóvel novamente. Mensagem: Olá linda, como estás? Thiago.
“Tenho pena que sejas um fantoche nas mãos dele…”