quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

O Lamento


No silêncio desmaiado da noite,
onde as sombras dançam com a tristeza,
reside um lar que já não é abrigo,
mas uma prisão de ecos e de incertezas.

Os dias arrastam-se como névoa,
é um sabor amargo que se entranha,
em cada canto, em cada lágrima,
neste espaço que a indiferença acompanha.

A frieza do meu ser, imóvel à presa,
enquanto o mundo lá fora avança,
e eu, perdida no labirinto dos pensamentos,
pergunto-me se a vida, é só isto?

A desumana verdade, nua e crua,
despe-se da esperança que um dia houve,
traindo o sonho que um dia fui,
deixando apenas o peso do que não se move.

Transtornos que se agitam na mente,
como ondas que batem em rochas corroídas,
e a perda, essa sombra constante,
abraça-me nas noites gélidas.

Mas, ainda assim, no fundo da dor,
uma centelha resiste, quase a implorar:
que o amanhã traga um novo sabor,
um fôlego, um caminho para recomeçar.

Na fragilidade do ser, a vida persiste,
mesmo quando o céu se pinta de cinza.

Entre lamentos e esperanças,
caminho, pois a vida, com as suas danças e andanças,
permanece um mistério por silenciar...

Providência

 

Acordei entorpecida, como se o peso do mundo repousasse sobre os meus ombros, uma carga invisível que asfixia. O dia arrasta-se num interminável enredo de horas que se estendem por entre silhuetas estéreis. Sinto-me imóvel, aprisionada pelas correntes da indiferença. Vivo constantemente uma batalha silenciosa entre a vontade de viver e o desejo de escapar, de não escolher, de abdicar de uma vida que, em muitos momentos, se revela insuportável. Esta maldita praga que me acompanha sem tréguas. A tristeza infiltra-se em cada pensamento, em cada suspiro, como uma enfermidade. Entre lágrimas não choradas e silêncios ensurdecedores, ainda procuro por uma palavra Tua. Um gesto, um olhar, uma palavra que possa romper este ciclo de dor que se tornou uma parte indissociável de mim, algo que traga vida à insipidez deste existir. Mesmo que a jornada pareça interminável, mesmo que o caminho se desfaça em névoa e incertezas, eu agarro-me à ideia de que um dia, talvez, a luz que procuro encontre o caminho de volta para o meu fatigado coração.