Dois meses já se passaram, a situação entre mim e
Alessandro, melhorara a olhos vistos. Nem conseguira crer que as memórias
grotescas do passado, se tivessem reduzido a pesadelos. Apenas isso. Pesadelos,
que quando acordamos, já passaram. Ele não era mais ele. Aquele Alessandro
monstro e desprovido de alma. Morrera. Será mesmo? Ou serão apenas trapaças de
um coração apaixonado?
Sinto-me
assustada com esta nova realidade. Ultimamente também tenho andado muito
carente. E depois hoje de manhã, apareceu uma senhora na casa dos cinquenta
anos, muito bem vestida, querendo falar com Alessandro a sós. Mal me dirigiu a
palavra. E a forma como me olhara, foi de quem me desprezava. Alessandro apenas
me olhou de forma estranha. E então, eu retirei-me para o exterior. Desde
então, pergunto-me quem seja? O que quererá de Alessandro? O que me reservara agora e desta vez o destino?
Já
chega. Faz horas que vagueio pelo jardim à espera. Vou entrar!
- Tu não podes ficar com ela! – Gritara-lhe a dita
mulher.
- Quem és tu para decidir a minha vida? – Respondera
Alessandro.
- Sou a tua mãe! E essa rapariga não tem estatuto para
ti! Não passa de uma interesseira. Aposto que só espera a melhor oportunidade
para te dar um golpe.
O quê? Eu não ouvi isto! Abri a porta abruptamente
pronta a defender-me. Quem pensava a senhora que era para me ofender daquele
jeito! Nem sonhara o que o seu querido filho me fizera!
- O que fazes aqui, Lana? – Questionou-me Alessandro.
- Ainda perguntas? Esta senhora, pelo que percebi é tua
mãe. Julga-me uma interesseira e reles pessoa. Mas ela sabe o que me fizeste em
França? Sabe o que sofri? Não! Vocês gente da alta, não sabe nada de
sacrifícios e perdas! Sempre tiveram tudo! Para mim chega, Alessandro! Não sou
uma bola de ping-pong para tu usares! E a senhora pode descansar, eu não quero
nada do seu filho! Só tenho pena que não se tenha lembrado da sua existência
quando esteve internado! – Dizendo isto saí da sala e tudo à minha volta
desaparecera de repente.