Esquecera toda a moral e deixara-me levar. No entanto, no
fundo do meu ser continuava acreditando em um conto de fadas. Era o que sentia.
Pensava eu, remexendo o amuleto que outrora, trouxera ao pescoço. A foto de nós
os dois... A dor afligia-me. A agonia. A frustração. E o desespero. Algumas
semanas atrás tudo parecia perfeito e sustentável. Agora..., agora sentia um
profundo vazio no peito. E uma enorme responsabilidade crescendo no meu ventre.
Grávida.
Desconfio que até já o sabia, antes daquele penoso dia em casa de Alessandro.
Ele ficou surpreso. Porém, voltou a retrair-se. E acabou dando ouvidos à mãe.
Talvez calor do momento. Talvez...
Voltei-me na direcção do chamamento e encarei com Alessandro
se aproximando de mim. Parecia abatido e ressentido. Olhando-me arrependido.
- O que fazes aqui? Como me encontraste?
- Fui até tua casa, mas não estavas. Então fui ao teu
emprego. Lá disseram-me que tinhas saído mais cedo. Depois algo atraiu-me aqui
para o centro da praça. Não te sei explicar...
- Vai-te embora. Não te quero na minha vida. – Retaliei.
- Isso é mentira. Se não porquê ainda possuis esse
amuleto?
- Já não possuo mais. Disse-lhe jogando o amuleto na
fonte da praça.
- Pará! – Gritou-me lançando-se para o agarrar. – O que se passa contigo!
- Cansei de ser uma boneca. Cansei de ser parva. Já não
aguento mais isto, Alessandro! Pará de gozar comigo. Eu não mereço isso. –
Disse virando o rosto para esconder as lágrimas.
- Lana. – Disse agarrando-me e erguendo-me o queixo. – Eu
amo-te. Eu quero-te. E quero esse filho. Eu não estou a mentir. Não depois do
que passei contigo estes últimos meses. Nem daquele dia, em que eu quase te
perdi para sempre. Acredita em mim. Já me enganaram várias vezes. Só queriam o
meu dinheiro. Com o tempo acabei perdendo os sentimentos e respeito pelas
mulheres. Quando achei que me tinhas feito o mesmo enlouqueci. Fui um monstro
contigo. Agora, aconteça o que acontecer, não estou disposto a deixar-te fugir.
- Eu ouvi o que a tua mãe disse. E recordo do dia do
nosso suposto casamento, em que beijaste a tua ex. Como podes pedir-me que
acredite em ti!
- Lana, por favor. Vamos ter um filho. Não me afastes
dele. Não me afastes de ti. Peço-te. Acredita nas minhas palavras. Eu já não
sou aquele tipo. Eu ajoelho-me perante ti se for preciso. Mas não me abandones.
- Se gostavas de mim, porquê... porquê me
fizeste tanto mal? Como foste capaz de me abandonar em França? Se gostasses de
mim... não me tinhas violado. Tu só queres saber de ti! A tua mãe tem razão,
quando diz que não presto para ti. Vai atrás da tua ex. Deixa-me em paz!
- Não! – Gritou-me ele aprisionando-me contra
o seu corpo. – Não te posso perder. Esquece a minha mãe. Nada que faças, me vai
obrigar a largar-te. Nem ninguém! Eu amo-te. Desde o nosso primeiro beijo que
nunca mais fui o mesmo. Nunca fui capaz de entender aquele sentimento que
nasceu a partir daí. E depois da verdade sobre ti, eu caí em mim. Soube a
enorme asneira que tinha feito contigo. Quis remediar o que fiz. Quis
confessar-te tudo, ainda que nunca me fosses perdoar. Nunca mais quisesses
olhar-me na cara. Mas tu... tu tinhas decido acabar com a tua vida. E o culpado
fora eu! Eu Lana! Eu quase matei o meu amor! Por orgulho. Por medo. Por
estupidez. Faz o que desejares comigo, mas não me afastes de vocês. Casa
comigo. – Pediu colocando a mão sobre o meu ventre.
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