Contado ninguém acredita. Estou em Paris sozinha,
indefesa e completamente burra nesta língua. Como vim aqui parar? Longa
história e rápida demais até para mim.
Alessandro é um homem de negócios pelo que pude perceber
durante os poucos dias que estive a seu lado. Ao saber da minha situação não me
deixou mais desaparecer-lhe da vista. Daí a vir para Paris foi um pequeno
passo. Alessandro tinha uma viagem de negócios marcada e como decidira, sei lá
porquê, manter-me a seu lado, tratou rapidamente da papelada para que eu
pudesse acompanha-lo. Desde então tenho estado fechada na suite do Hotel,
esperando que ele chegue. Apesar da situação, que é bem melhor que a anterior
onde me encontrava, a minha cabeça não pára de pensar na razão. Até porque ele
nem optou por ficarmos em quartos separados e tem estado a dormir no sofá. Tudo
isto assustou-me de início e agora tem me inquietado. Tanta bondade, preocupação
e generosidade tem um preço.
- Ah! Aqui estás tu. – Disse uma voz surgindo nas minhas
costas. – Ei calma. Não queremos um acidente. Tenho procurado-te por toda a
parte. Depois deduzi que provavelmente poderias estar aqui no terraço.
- Ah. Desculpa. Estava envolvida nos meus pensamentos e
nem dei conta do lugar onde estou.
- E que pensamentos são esses Lana? Passa-se alguma
coisa?
- Não. Claro que não. Só me sinto estranha e assustada
por estar longe de casa.
- Qual casa Lana? – Tu não deixaste nada para trás.
Aquelas palavras soaram como uma chuva de farpas. Não
tinha nada, era verdade. Mas Paris não me dizia nada, tão pouco era a minha
casa e Puma não estava aqui apesar de tudo. E aquelas palavras significaram que
eu estava dependente dele. Nada dá nada em troca.
- Desculpa. Fui muito bruto contigo agora.
- Não. Deixa estar. É a verdade mesmo.