terça-feira, 21 de agosto de 2012

Look out the window... capitulo 9


Há semanas que não dormia direito. Era agredida por pesadelos e suores frios. Comer já se tornara um suplício. Chegar à cama e relaxar era tudo que desejava.
    Ao chegar a casa depois de um expediente corriqueiro e fatigante. Fechei a mão amarrotando o comprovativo de compra do teste de gravidez que adquirira na far­mácia, no regresso. Em pânico, rezei para que o teste desse negativo. Afastei o longo cabelo escarlate para trás e tentei recompor-me. Um sorriso sarcástico escapou-me dos lábios, lembrando-me como tudo começara. Um simples gelado e um hematoma.
Ignorando o teste de gravidez, que não teria tempo nem espírito para realizar naquele momento, esco­vei o cabelo rapidamente e apressei a sair para o meu segundo emprego. Recusava-me a ficar lamentando a falta de sorte que sempre tivera na vida. Enquanto atendia às mesas no Outskirts, passava na rádio uma música que me deixou intrigada: “ … uma última esperança. Encontrar-te fez-me voltar a ser criança, porque já eras meu sem eu sequer saber, porque és o meu homem e eu tua mulher, porque tu, chegaste sem me dizer a que vinhas. As tuas mãos foram minhas com calma, porque foste na minha alma um amanhecer. Foste o que tinha de ser. ”

- Hey, empregada. – Chamou uma voz. – Queremos outra rodada de minis para aqui!
Cerrei os dentes com raiva e assenti com a cabeça para demonstrar que havia escutado o pedi­do. Por trás do balcão, notei que o gerente bracejava para que não se esquecesse de exibir um sorriso afectuoso aos clientes. Demonstrando obediência ao dever, prossegui o meu trabalho. De repente uma leve dor de cabeça começou a instalar-se e de seguida um nó estômago fez-me recordar que não almoçara com a questão de possivelmente estar grávida. Sabia que deveria ter comido alguma coisa, mas ultimamente vivia esquecendo-me dos horários das refeições. Esse proble­ma começara pouco depois daquele fim-de-semana doloroso.

    Não tinha ideia de onde tiraria ânimo para enfrentar os clientes noctívagos e exaltados que invadiam o café depois das 21h. Na esperança de acalmar o estômago, bebi um Santal de pacote e retornei à minha labuta.
    Leandro entrou ocasionalmente no Outskirts em busca de conforto nalguns copos de álcool. A música alta era oportuna para impedir pensamentos indesejados. Num rápido olhar, notou a presença de uma empregada de olhos castanhos e cabelo avermelhado que se movia de um lado para o outro com estrema agilidade.
Queria desfrutar de uma cerveja gela­da e uma ou duas horas de completa privacidade. Recostou-se no espaldar da cadeira e esperou que o viessem atender.
- Lynne vai atender o cliente que acabou de entrar. – Ordenara-me o patrão.
    Leandro viu a empregada aproximando-se. O seu uniforme não era mais que um top branco quase transparente que punha em evidência os seus seios fartos e empinados. E para completar uma liga de cor preta presa no alto da coxa esquerda. Um homem másculo enlouqueceria de desejo de arrancá-la com os dentes. Era uma pena que fosse jovem demais. A rapariga fazia-o lembrar-se de alguém…
- Lynne? – Interrogou-se surpreso.
- Leandro! – Exclamei.
De repente tudo à minha volta desapareceu. Fugir! Esconder! Ouvi o estrondo de loiça a partir. E a porta da cozinha foi tudo o que vi…
- Lynne!

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