quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Amar odiando a chuva


Detesto a chuva,
Detesto cantos sobre a chuva,
Detesto a candelária da alma
Que lê os poemas contra a chuva.
A mim...
A chuva molha-me,
Grude a roupa ao corpo,
Provoca-me constipações.
Nunca me asseou a alma!
Mas já, enlameada,
Me chagou o corpo.
Abomino os lugares vulgares escritos sobre a chuva…
Em seus dias refugiam-se nos espaços usuais:
Debaixo das varandas, entradas de prédios e cafés,
Evitando assim ser cognominada, poda e depurada.
Pela água inquina e frígida que cai dos céus.
Bate na vidraça e, levemente,
sinto a indolência envolver-me docemente.
Deixo a minha alma entoar o cântico
da solidão, que congela todo o meu ser
e transforma a minha vida num mar embaciado.
Escondo-me desde o amanhecer,
sou tão pequena, tímida e enjeitada,
que até parece que nasci amaldiçoada
pelos golpes desenhados na minha pele
nesta luta diária sem rumo nem liberdade.
Continuo ensaiar a tristeza com um sorriso,
humedecendo no rio do esquecimento
enquanto caminho e corro atrás no tempo.

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