Estendo-me
na cama e ponho-me a pensar. Será que fiz a coisa certa? Estarei sendo injusta?
É mesmo o destino que comanda a vida? Ou estarei simplesmente louca? Talvez
seja tudo fantasia da minha cabeça, porque mais ninguém vê o que vejo. Num
simples gesto contemplo mil e uma interpretações das quais nunca saberei o real
intento. Por vezes gostava que tudo acaba-se que nem os contos de fada. Era tão bom. Todas as verdades se
esclarecendo e as injustiças cessando. Mas isso não é a realidade dos factos.
Todos vão apontar-te o dedo e julgar. Antes mesmo de teres tempo para
proferires uma única palavra que seja em tua defesa. É nestas ocasiões que aprendes à força, o que não vem nos livros. No final da
tua história não haverá um final feliz nem um príncipe encantado. Vais lutar
contra invariáveis crueldades, aprenderas da pior maneira e ensinarás aos
vindouros. Irás sofrer, irás chorar. Os momentos felizes serão ínfimos. Então a
uma dada altura vais querer desistir muitas das vezes e até mesmo praticar o
suicídio. Mas aí páras. Respiras bem fundo e consideras. Surge uma dor, um
suspiro, um sinal, um olhar... Talvez sejam mesmo ficções dentro
da minha cabeça e eu esteja ficando louca. O tempo passou. A música acabou. Toca
o telemóvel: – Estou? Silêncio. – Espera! Não desligues. Eu amo-te. Não faças
nenhuma loucura. Estamos todos preocupados contigo. Cai a chamada. Ergo-me da
cama e caminho a passos largos até ao pátio. Olho em redor e confirmo. Fiquei realmente
louca. A vida é mesmo assim… Lutar toda a vida sem saber como faze-lo e ser o
herói de nós mesmos…
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