domingo, 26 de agosto de 2012

Look out the Window... capitulo 12


- A senhorita está-me ouvindo? – Perguntou o médico ao notar-me ausente.
- Acho que terá começar tudo de novo, doctor. – Disse Leandro enquanto segurava a minha mão e a apertava carinhosamente.
- Precisa tomar mais cuida­do de agora em diante. – Advertiu-me o médico lançando um olhar de censura a Leandro. – Além da desidratação, também está anémica, o que é comum no pri­meiro trimestre da gravidez. Porém muito perigoso para a saúde do feto.
- Acontece que…
- Minha querida. – Disse o médico, interrompendo-me. Se pretende ter esse bebé, precisará fazer algumas mudanças na sua vida. A primeira recomendação é repousar durante 24 horas, seguido de um mês de actividades leves. Está a precisar de muito descanso e refeições equilibradas. Vou-lhe prescrever algumas vitaminas e principalmente beba muita água. Depois que o soro terminar, já pode ir para casa. – Concluiu entregando-me a receita e saindo.

Sem que esperasse, Leandro estendeu o braço e apoiou a mão sobre o meu ventre.
- Esta noite, não estás sozinha.
- Eu sei que…
- Chiu. Minha querida. – Disse silenciando-me a boca com um dedo. – Teremos muito tempo para conversa. Agora descansa.
Leandro ergueu-se da cadeira e, por um instante, achei que ia morrer. Ele estava indo embora. Lágrimas afloraram-me os olhos e tive a sensação de que ia desfalecer.
- O que se passa Lynne? Só estou indo ao bar do hospital. Queres que te traga alguma coisa? Afinal ainda comeste! Ficas bem se me ausentar por uns minutos?
- Claro que sim.
- E o que gostarias que te trouxesse?
- Talvez umas bolachinhas se existirem algumas de jeito e um batido. Não faz diferença o sabor. – Disse ainda sentindo o estômago agoniado.
- Aproveita e descansa.
- Era o que pretendia fazer. – Retorqui.
    No fundo, não queria que ele se afastasse. Contudo não acreditava que a sua capa de bondade durasse muito tempo. Iria ser pai! Saber a notícia assim de repente devia tê-lo deixado abalado e resignado pelo facto de possivelmente nunca ter vindo a saber. Ou então, particularmente e mais acertada, a razão de que a sua vida acabara de mudar. Restava saber se reconheceria a criança ou a rejeitaria…
- Olá dorminhoca. – Disse-me Leandro sorridente. – Sentes-te melhor? Precisamos convidar.
- Não há razão para essas formalidades. – Respondi esboçando um sorriso. – Já estou pronta para ir embora.
- Não tão rápido. Respondeu sentando-se na beira da cama e segurando-me a mão. – Não conse­guirás suportar passar uma gravidez praticamente sozinha, sem ajuda. Deixa-me ajudar-te. Deixa-me fazer parte da vida do nosso filho. – Implorou levando a mão que segurava a minha até à minha barriga. – Eu não sei quase nada sobre ti.     E         tu muito menos sobre mim. É verdade. Aconteceu tudo muito depressa. Mas sei que tens um trauma qualquer. Tu tens medo das pessoas, principalmente dos homens. Ainda que demonstres ser forte e rija por detrás desse teu temperamento selvagem. Pergunta-me o que quiseres sobre mim. Dir-te-ei quem sou. Farei o que for. Mas confia em mim. Conta-me o que se passou. Não me afastes. Por favor, Lynne. Eu quero tanto essa criança quanto tu. Sempre quis ser pai.

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