segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Look out the window... capitulo 13


Então baixei o olhar e revelei a dura verdade:
- Eu vivi com a minha avó. Os meus pais eram pessoas tão desinteressadas que jamais deveriam ter tido filhos. A fim de 7anos divorciaram-se. Nunca signifiquei mais do que um fardo para ambos. Sofri com a indiferença durante muito tempo. – Fiz uma pausa tentando ganhar força para continuar. – Jamais teria cora­gem fazer o meu filho passar pelo que passei. Nesse instante ele apertou-me a mão e com a outra acariciou-me o ventre.
- Não estás mais sozinha. E farei de tudo para proteger-te. Não preciso que me contes mais, já pude prever o desenlace do teu encargo… Mas Lynne, por que razão tens medo das pessoas? Principalmente dos homens? Sofreste abusos em…
- Não. Bem… eu e a minha avó começamos a passar por grandes apertos económicos, e ela precisava de mim e eu tinha de concluir a Licenciatura e … aconteceu, não quis. Aconteceu! – Retorqui afligida interrompendo-o.

- O que aconteceu Lynne? Diz-me por favor. Não tenhas medo. Não sou ninguém para te julgar.
- Não. Não posso. Irás repugnar-me. Irás condenar-me. Não.
- Lynne. Dou-te a minha palavra de Honra. Eu nunca mais te deixarei. Nem a ti, nem ao nosso filho. Acredita em mim. Não precisas ter medo. – Suplicou-me acarinhando o meu ventre.
- Está bem. Então tudo começou numa rede social semelhante ao Twitter, onde recebia variadíssimos comentários às minhas fotos mais arrojadas. Mas a única coisa que esses comentários me faziam era rir. As fotos enganam muito…. Então os comentários passaram a ser sistemáticos, a cada foto que colocava e sempre da mesma pessoa. Um dia começou a meter conversa comigo pelo Chat. Não vi mal nisso e respondi. Fui uma parva. Eu sabia dos perigos desta nova Era de tecnologia, mas achei que conseguia lidar muito bem com eles. Daí a encontrar-me com a pessoa foi um pequeno passo. Prometera-me dinheiro. A ajuda financeira que precisava. Não. Não é o que vais dizer. – Disse vendo-o esboçar algo. – Queria encontrar-se comigo em troca de companhia, nada de intimidades mais ousadas. Da primeira vez fora muito simpático e cortês. Todo o meu corpo tremia e as minhas pernas tinham tornando-se pesadas, até minha voz mudara. Todavia quando chegara a hora de me vir embora como previsto. Agarrou-me os braços e prendeu-me contra si. Só me largaria e daria a quantia que pedi se o beijasse e deixasse-o tocar-me.
Leandro cerrou os dentes, revoltoso com o aparato e agarrou-me as mãos. Dando-me forças para concluir sem medos o ocorrido. E eu prossegui:
- Eu precisava muito daquele dinheiro. Eu tinha-me predisposto de livre vontade a isso. Fora fraca. Eu mereci…
- Não. Não voltes a dizer isso. Fizeste o que qualquer pessoa em desespero faria. - Disse-me estreitando as minhas mãos nas suas.
- Eu... Eu deixei. Aqueles breves minutos tornaram-se horas infindáveis. Tentava sempre esquivar-me e dizer-lhe que estava atrasada. Tentara ensaiar telefonemas falsos. Até que alguém passou por detrás do carro e me salvou. Ele largou-me. Meteu-me um arrolado volume de notas na mão e entrando no carro partiu. Poucos minutos depois ligou-me para o telemóvel e pediu-me para descrever-lhe o nosso encontro e que esperaria por mim dali a alguns dias. Na segunda vez, tinha-me mentalizado para o meu flagelo e acabei indo. Mas quando o vi a escassos metros de mim. Eu não fui capaz. Sentir as suas mãos percorrendo o meu corpo novamente, possuído de desejo e excitação e os seus beijos pegajosos sujando-me a alma. Não. Desatei a fugir. – Disse chorando e abraçando o meu próprio corpo. Ele viu e abominou tal atitude. Eu mentira-lhe e usara-o para extorquir dinheiro. Quando achei que lhe escapara, uma mão surgiu do nada e tapou-me a boca. Ele agora queria vingança e queria-me a mim. O meu corpo, a minha virtude. Não sei se foi Deus, sorte, destino. Não sei. Mas antes que me usurpasse a decência que ainda conservava. Consegui encontrar uma pedra e deferi-lhe um golpe na cabeça. 

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