segunda-feira, 27 de agosto de 2012

O que queres de mim afinal?


Dói saber que já não me queres. Que falar no meu nome, só te trás más lembranças. Vai doer ainda mais quando já não cruzares o passeio em frente da minha porta para ires trabalhar. Vou querer morrer quando tiveres outra. Vou desejar que sejas infeliz e fiques sozinho. Irás esbara-te comigo e ignorar-me. Vou chorar. Inundar o meu quarto com lágrimas da nossa dor. Envias-me uma mensagem. Dizes que afinal ainda me amas. Mas não me queres mais. Afundas-me ainda mais nos esgotos da minha perda. O meu coração sangra, parece que me vou afogar nele. Falta-me o ar quando me beijas. Acordo sobressaltada e rapidamente, dou-me conta de que não és tu. És um sonho acabado. A vida não tem mais o arco-íris das cores, só existe preto e branco. Vejo os dias findando e com eles mais um pedaço de mim, de nós. Há meses que saíste da minha vida e eu continuo sentindo o calor dos teus braços em redor do meu corpo nas tardes de inverno. Oiço-te sussurrares ao meu ouvido palavras carinhosas, viro-me para te silenciar, mas não estás lá. Apenas um casal que se delonga na porta de saída da estação, deparados com uma breve despedida. E eu! A minha despedida foi atroz. Não quero ver isto. Eu não aguento passar mais por isto. Caminho dolorosamente para casa. Passo pela porta da tua antiga casa e ainda posso testemunhar o teu cheiro no ar. Saíste mesmo da minha vida para não voltar. Acreditei que te esqueceria facilmente. Não foste uma grande paixão. Mas porquê sofro tanto agora? Odeio não ter ninguém com quem possa refugiar-me, descarregar e no fim fazer-me sorrir. Maldição! Nunca te amei. E no entanto desde que te perdi, não aguento viver sem ti. Sinto-me a asfixiar, o ar que respiro é inútil. A dor deteriorou os meus pulmões. As lágrimas turvaram a minha visão, vejo-te em todo lado quando sei que não estás! Estou demente. Fujo de casais promissores e prestes a dar frutos. Por ver o nosso espelho. Será que não te lembras mesmo mais de mim? O amor que sempre me devotaste esgotou? Tens outra? Não. Não vou aguentar, meu amor. No correio, uma carta. Ele mudou-se para o estrangeiro, está noivo e vai ser pai. Agradece-me tudo pelo que passámos juntos. Não seria o homem digno que é hoje. E pede-me para esquece-lo e nunca mais o citar. Desejando-me tudo de melhor. Não! Esmurro a parede. Era eu que não o amava. Como pôde tal acontecer? O meu corpo tomba em direcção ao chão frio e sujo. O doce sabor amargo das nossas acções inunda-me a boca. Sabe a metal. Eu fui uma estúpida. Vislumbro-o no altar casando-se e sumindo diante dos meus olhos. Aquela era para ser a minha história! Fecho os olhos. Sinto-me tão leve. Enfim paz. A dor no coração cessara, a falta de ar desaparecera. Estava quente e satisfeita. Eu nunca lhe proporcionaria um final feliz, assim parto conformada e ele vive feliz. Adeus meu amor. Ali no chão imundo jaz copo hirto e já sem vida de uma rapariga profetisa. Um rreceptáculo sem dono. A pequena lagarta cresceu. Uma linda borboleta brotou e voou para outras paragens. Quando vires uma borboleta, meu amor, sou eu. Vim despedir-me definitivamente de ti sem te causar mais dor. A minha missão para contigo. Acabou…
«O que queres de mim afinal?»

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