segunda-feira, 27 de agosto de 2012

For him


Acredito que em determinada altura o tenha deixado entrar. Não sei bem como. Sempre me soube manter lúcida em tudo que se relacionava a ele. Deve ter sido amor. Hoje é ele que tem a faca e o queijo na mão.
    Solto um suspiro do meu travesseiro. Minutos atrás falara com ele e descobrira verdades, que não imaginara existirem. Lentamente. Vou enlouquecendo, ao relembrar inúmeras vezes a sua voz abominável no telemóvel. Dei como certo, todas as vezes em que pensei que duraria de alguma forma. Para sempre. As suas palavras eram tão fortes e verídicas que me convenci disso mesmo. Ao telemóvel deixou-me bem claro a sua posição. Sei que pensa em deixar-me de uma vez por todas. E eu não o vou impedir. Há palavras que magoam mais que um simples estalo. Acções que acabam com qualquer hipóteses de voltar.
    Acordo só, tudo está quieto. Procuro inconsolável o telemóvel verificando a existência de mensagens. Nada. Nas mensagens recebidas a dura realidade. Não foi um pesadelo. Foi verdade.
Não me abandones assim!
Mas o que estou eu a fazer? Não terei vergonha na cara? As palavras que me proferiu foram sentidas! Se ainda amasse estaria sofrendo e não se vangloriando. Eu sei que ele irá embora. Ao fim deste tempo todo. Já não é preciso disfarçar. Se chegou a hora de ir, que assim seja.
    Lá fora chove torrencialmente. Parece que até ela sente a minha dor. Saio para a rua deixando que a água se abata sobre o meu corpo e me lave as mágoas, porque o meu mundo não vai mudar. O céu rasga-se com o meu uivo. Relâmpagos agridem a brisa e dirigem-se na minha direcção. Fui uma tola. Sim! Acreditei puder ama-lo, de forma a esquecer um grande sofrimento no passado. E acredito que em determinada altura o deixei entrar. Se sofro a culpa é minha. Ouvi o que não queria por falar o queria. Fui quem quis ser e paguei por isso. Talvez ele até me amasse como nunca fui amada. Não nego. Odeio a ideia de que um dia verei outra no meu lugar. Quando esse dia chegar, poderei apagar finalmente esta outra dor, que nasceu quando te separaste de mim.
    Perguntar-te-ás lá, onde estiveres como posso ser tão fria. Amaldiçoar-me-ás incontáveis vezes por não ter feito nada. Vingar-te-ás, é certo. Mas existem duras verdades que magoam muito mais que um simples estalo. Perante tal facto. Eu digo-vos que o amor por si só já não chega.

Adios…

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