quarta-feira, 18 de julho de 2012

O Principio e o Fim do Inferno II: Autora: Sara Gonçalves - excerto 10


-    Vou mostrar-te algumas coisas.
-    Olha bem pra elas, de acordo?
-    Amanhã vemo-nos ás quatro.
-    Doutor, já que parece ser um cavalheiro queria saber a que horas sai do trabalho hoje.
-    Bem, a Rose é a minha última paciente de hoje.
-    Talvez seja agora mesmo.
-    Porque quer saber?
-    Na verdade, tenho de ir a igreja.
-    Podia levar a Rose até um táxi, por favor?
-    Avó! Posso ir sozinha.
-    Cala-te.- disse-lhe a avó piscando-lhe o olho.
-    Claro que sim, não há problema.- disse ele embaraçado.
-    Obrigado, doutor.- disse a avó.
-    De nada.- respondeu o médico psiquiatra.


Acabaram por ir passear no carro, mas não conseguia ver as coisas como deve ser porque já não estava a costumada a ver a luz do sol. Ele então pediu-lhe desculpa, quando ele não estava olhando ela ia colocar os óculos escuros, mas ele viu e não deixou-a. Quando ela estava comendo o gelado ele não deixava de a olhar, ela quando se apercebeu ficou muito envergonhada. Ela avistou uma fonte, algo de estranho se passava, ela então entrou dentro da fonte. E o vento assoprava-lhe com alegria a água que cai-a da fonte para o chão. Rodava no meio daquela fonte com uma alegria, como uma criança, enquanto ele a observava, e vendo tanta alegria ele sorriu. Então entrou também na fonte, aproximando-se dela participando juntamente na sua alegria...
Nesses encontros passava o tempo observando-a. Depois passeava com ela por lugares que ela nunca fora, lugares alegres e num deles colocou a mão por cima do seu ombro, e num passeio ela ia muito alegre, quando viu um homem cego ficou triste e sentiu-se e "aconchegou-a", o tempo que passavam juntos, tempo esse que eles a «anos atrás não tinham nem podiam ter, e com momentos que pensavam que nunca aconteceriam.»
Os passeios no parque, que quando arrefecia, ele aconchegava-a com o seu casaco...
-    Avó...eu sou bonita?
-    Porquê o médico não te elogiou o suficiente?
-    Avó!
  Momentos mais tarde estava sentada nas escadas pensando nele. Entretanto sentiu uma sensação esquisita e abriu porta, ao abrir viu uma menina vestida com uma gabardine amarela com uma mala da escola perguntando:
-    Viste a minha mãe?
-    Quem é a tua mãe?- perguntou ela.
-    Com quem estás a falar Rose.- perguntou a avó.
-    Com uma menina.
-    Anda a procura da mãe.
-    Deve ser alguém a brincar.
Quando voltou a olhar a menina já lá não estava, olhou para um lado e para o outro mas nada. Saiu da porta e foi para o corredor para ver se a via
  De repente quando estava de costas sentiu uma sensação esquisita...
A noite estava feia, estava trovoada e chovendo muito a chuva batia na sua janela, enquanto ela dormia. Um trovão muito forte ouviu-se ela estava sonhando com uma rapariga que era ela e depois já não que olhava para água. Acordou, levantou-se e quando pôs os pés no chão, o chão estava cheio da água caminhou até a casa-de-banho. Entrou na banheira, suspendeu a respiração, e ficou toda tapada pela água, afundando até ao fundo de um rio. De repente parece que acordou e ficou assustada, em pânico, aflita. Acordou gritando e ainda se assustou mais quando olhou para a frente da sua cama.
-    Rose... Sou eu, filha.
-    Tiveste um pesadelo.
-    Não aconteceu nada, querida.
-    Não digas á tua avó, está bem?
-    Não, não.- disse ela.
-    Sabes que se preocupa muito contigo.
-    Vem cá, minha filha.- disse a Parvati.
-    Tem calma, dorme.
-    Amanhã vou visitar os meus parentes
-    Vou lá ficar um mês.
-    Quando voltar quero ver uma Rose nova.
-    Dorme. Dorme, minha querida.
No dia seguinte de manhã ela levantou-se foi até a cozinha onde estava a sua avó tomando  o pequeno-almoço...
-    Bom dia.
-    Vou sair, avó.
-    Vou a aula de pintura.- disse ela com a torrada que a sua avó lhe colocou na boca.
-    Onde?- perguntou a sua avó.
-    A aula de pintura.
-    Rose...
-    Depois ligo-te.
-    E o pequeno-almoço, Rose?
-    Quem vai comer isto tudo?
-    Adeus.
Na aula de pintura, ela estava pintando uma paisagem...sorriu e virou-se para o professor, mas este estava de costas, então virou para a frente outra vez. De repente teve a mesma sensação esquisita e ouviu:
-    Estás no meu lugar.
Ela ficou em sobressalto e olhou para a frente e viu uma rapariga, Rose virou-se para trás para p professor mas este continuava de costas. Quando voltou a olhar para a frente não viu ninguém, olhou para um lado e para outo e nada.
E quando olhou novamente para a frente via a rapariga, esta lançou-se para a Rose, atravessando e desaparecendo. Ela ao defender-se jogou as pinturas juntamente com o quando ao chão, derramando água por cima do quadro. Assustada pegou nas suas coisas e saiu correndo. O professor não entendeu nada. Ficou espantado. Olhou para a sua pintura e viu água, mas não entendeu porquê tanto pânico.
  Na rua ia toda desorientada, lá depois pegou no telemóvel e ligou para o consultório do médico psiquiatra.
-    Estou? Estou?
-    O doutor Smeer está?
-    Ainda não chegou.- respondeu a secretaria.
-    A que horas está?
-    As doze, deve estar quase a chegar.
-    Preciso de uma consulta urgente.
-    Chamo-me Rose...
-    O quê? Não pode ser antes? Por favor.
-    Sim, pode ser.
Enquanto vinha a caminhar com o telemóvel na mão viu uma mulher vestida de branco não muito nova do outro lá da rua pedindo esmola. Então fez que estava guardando o telemóvel, mas estava sempre a observa-la. Ao atravessar a rua para o lado onde essa mulher estava viu uma pessoa a atravessa-la. Vendo isso assustou-se, e os carros apitavam. Saiu correndo desorientada em direcção do consultório do Sameer.
-    Senhora posso ajuda-la?- disse a secretaria.
-    Senhora, desculpe?
-    Sameer, por favor ajuda-me!- disse ela entrando no consultório.
-    Desculpe, eu ligo depois.
-    Sameer, por favor ouve-me.
-    Rose...- disse ele levantando-se acalmando-a.
-    O que se passa?
-    Sameer preciso da tua ajuda.
-    Vem aqui, acalma-te.- disse ele...
-    Rose, já te disse que essas coisas vão passar.
-    É normal, não te preocupes.
-    Agora precisas é de descansar.
-    Mas Sameer...
-    Não tens nada a temer, Rose.
-    O que achas que viste não é real.
-    Eram alucinações.
-    Era só uma ilusão.
-    De acordo?
-    Uma ilusão?
-    Eu vi uma rapariga...
-    Rose, Rose acalma-te.
-    Vais ficar completamente boa.
-    Vou receitar-te uns medicamentos.
-    Achas que estou ficando louca?- disse.
-    Não sejas boba.
-    Quando é que eu disse isso?
-    Estes comprimidos vão ajudar-te a descontrair.
-    Toma.
-    Rose, confia em mim.
-    Estou aqui para ajudar-te.
-    Como vais ajudar-me Sameer se não acreditas no que te digo.
-    Rose, Rose...
-    Ouve.
-    Rose!
Ela abriu a porta e foi-se embora ele ficou furioso e zangado com sigo próprio, e bateu na mesa. Ela chegou a casa, chamou o elevador, quando as portas do elevador abriram ela viu um homem ao canto do elevador. Ficou hesitante em entrar e só olhava com um olhar esquisito, com medo. Duas pessoas chegaram e apanharam esse elevador.
  Mas outro logo surgiu, olhou mas como não viu ninguém entrou, carregou no botão e começou a subir. De repente a mesma sensação novamente, olhou para detrás das costas pelo canto do olho e viu um homem virado de costas. Que começou a aproximar-se dela, em pânico começou a carregar no botão pra abrir as portas para chegar ao seu andar. Finalmente o elevador abriu mas não no seu andar, assustada nem se quer reparou, e saiu o mais rápido possível.
-    Avó!- gritava ela.
-    Avó!
-    Abre a porta!- dizia ela aflita batendo na porta.
Como não abria, espalhou tudo o havia dentro da sua mala, na procura da sua chave, gritando pela avó, e olhando...
-    Abre a porta!!
A porta abriu-se, e ela foi parar num lugar totalmente desconhecido, levou as mãos a cabeça, começando a escorregar pela porta. Viu então a mesma menina que lhe fora bater á porta. Viu-a subindo as escadas para o terraço do prédio ou telhado, começando a rodar na brincadeira sem dar conta do perigo.
  Levantou-se e foi atrás dela, quis salva-la mas não podia, de repente começou a ver tudo a roda e viu a menina caindo numa espécie de buraco que havia no terraço e morrer afogada...e ela desmaiou.
No hospital, ela ao ver o Sameer, virou-se para o outro lado, pondo-se de costas para ele.
-    Sei que estás zangada comigo.
-    Desculpa pelo sucedido do outro dia.
-    Rose, acho que tens razão.
-    Não posso imaginar aquilo porque estais passando, nem aquilo que vês.
-    Mas eu tento, Rose.
-    Sou médico e tenho certeza que isto tem uma explicação médica.
-    Tem de haver.
-    Seja o que for eu tenho certeza que vou descobrir.
-    Não deixarei que sofras.- disse ele colocando a sua mão no ombro dela, e ela "agarrou-a" virando-se para ele.
Depois de ter saído do hospital, foi a Igreja e perguntou:
-    Porque me mostras tudo isto?
-    Porquê?
-    Porque sou tua filha?
-    Porque sou filha de Deus?
-    Porque tenho estas visões tão horríveis?
-    Que mal eu fiz?
-    Que mal fiz eu para ver todos os dias almas atormentadas por todo o lado?
-    Tenho medo de não aguentar mais.- disse ela saindo da Igreja em direcção do Smeer.
-    Não quero ser alguém especial.- disse ela para si mesma.
-    Não quero ser tua filha.
-    Rose.
-    Estás bem?
-    Espera eu levo-te de carro.
-    Não Sameer. Eu vou sozinha.

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