O
desconhecido só via uma solução. Leva-la consigo para a sua casa até que
recuperar a voz. Quando se apercebeu das intenções do desconhecido, quis
gritar. Mas a voz não prostrara. Esqueceu-se que não podia protestar. Ele
agarrou-a no colo e transportou-a. Todas as tentativas que arremessavam contra
ele pareciam imparciais. Nada o desfez.
Um
nevoeiro cerrado vendou-lhe os olhos. Mas pelo cheiro, este levava-a pela
floresta.
Ela permanecia em alarme. Dividida entre
o descanso e o temor. O que mais podia fazer? Jamais conseguiria soltar-se e
fugir.
Dias passavam e a sua
revolta ganhara, assas. Tinha sido aprisionada por um estranho e sendo muda.
Quem ouviria o seu apelo de ajuda? Ao erguer o rosto banhado em lágrimas,
sobressaltada, pela chegada do seu cárcere. O seu coração falhou uma batida.
Ele pôs-se contemplando-a. Os seus olhos eram
de um verde-floresta. E na sua cara surgiu uma expressão de incómodo. Para
todos os efeitos enclausurara-a. Não era sua intenção fazer-lhe mal. Mas o que
havia de fazer se a desconhecia além de não falar?
-
Por quê chorais menina? Eu não vos faço mal. Pensava estar praticando o bem…
Aproximou-se
dela e limpando-lhe as lágrimas do seu róseo rosto, desatou-lhe as cordas que a
prendiam ali, afastando-se. Se ela quisesse partir, ele não a impediria. Mas
ela não o fez. Aproximando-se dele, agarrando-lhe as mãos e por meio de gestos
agradeceu. No entanto sentia-se demasiado confusa. Ela não queria mais fugir.
Queria ficar com ele. Queria esboçar-lhe um gesto de carinho. Então encostou-se
contra o seu peito. Mas foi afastada. Ressentindo-se. Ele ao afasta-la
acariciou-lhe a face e sorriu.
-
Se o mar a tivesse levado, nós teríamos ficado a perder…
O
que lhe estava acontecendo seria um sonho ou um pesadelo? Talvez fossem ambos.
Mas junto dele, toda a tristeza desaparecia. Por um lado voltar para o seu lar,
ainda que fosse seguro. Só lhe traria de novo tristeza e dor. Por outro, ele
era um desconhecido. Enquanto estivesse do seu lado, não estaria em segurança.
Mas se fosse malvado, não a teria tratado tão gentilmente.
-
Eu sofro a cada instante, atormentado pela memória de um amor que não voltará
mais…
Agora
entendia o porquê de tanta meiguice. Tinha sofrido um grande desgosto. Começou
a sentir-se entristecida. Também ela perdera alguém muito importante.
-
Se quiseres ficar, existem regra que terás de respeitar.
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