domingo, 15 de julho de 2012

A menina sem palavras… PART 2


O desconhecido só via uma solução. Leva-la consigo para a sua casa até que recuperar a voz. Quando se apercebeu das intenções do desconhecido, quis gritar. Mas a voz não prostrara. Esqueceu-se que não podia protestar. Ele agarrou-a no colo e transportou-a. Todas as tentativas que arremessavam contra ele pareciam imparciais. Nada o desfez.
Um nevoeiro cerrado vendou-lhe os olhos. Mas pelo cheiro, este levava-a pela floresta.
Ela permanecia em alarme. Dividida entre o descanso e o temor. O que mais podia fazer? Jamais conseguiria soltar-se e fugir.
  Dias passavam e a sua revolta ganhara, assas. Tinha sido aprisionada por um estranho e sendo muda. Quem ouviria o seu apelo de ajuda? Ao erguer o rosto banhado em lágrimas, sobressaltada, pela chegada do seu cárcere. O seu coração falhou uma batida.
 Ele pôs-se contemplando-a. Os seus olhos eram de um verde-floresta. E na sua cara surgiu uma expressão de incómodo. Para todos os efeitos enclausurara-a. Não era sua intenção fazer-lhe mal. Mas o que havia de fazer se a desconhecia além de não falar?
- Por quê chorais menina? Eu não vos faço mal. Pensava estar praticando o bem…
Aproximou-se dela e limpando-lhe as lágrimas do seu róseo rosto, desatou-lhe as cordas que a prendiam ali, afastando-se. Se ela quisesse partir, ele não a impediria. Mas ela não o fez. Aproximando-se dele, agarrando-lhe as mãos e por meio de gestos agradeceu. No entanto sentia-se demasiado confusa. Ela não queria mais fugir. Queria ficar com ele. Queria esboçar-lhe um gesto de carinho. Então encostou-se contra o seu peito. Mas foi afastada. Ressentindo-se. Ele ao afasta-la acariciou-lhe a face e sorriu.
- Se o mar a tivesse levado, nós teríamos ficado a perder…
O que lhe estava acontecendo seria um sonho ou um pesadelo? Talvez fossem ambos. Mas junto dele, toda a tristeza desaparecia. Por um lado voltar para o seu lar, ainda que fosse seguro. Só lhe traria de novo tristeza e dor. Por outro, ele era um desconhecido. Enquanto estivesse do seu lado, não estaria em segurança. Mas se fosse malvado, não a teria tratado tão gentilmente.
- Eu sofro a cada instante, atormentado pela memória de um amor que não voltará mais…
Agora entendia o porquê de tanta meiguice. Tinha sofrido um grande desgosto. Começou a sentir-se entristecida. Também ela perdera alguém muito importante.
- Se quiseres ficar, existem regra que terás de respeitar.

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