domingo, 15 de julho de 2012

Negação


O tempo passa,
E eu continuo olhando pela mesma janela,
De à, 18 anos.
Não sou perfeita,
Mas continuo tentando,
Porque foi isso que disse,
Que faria desde do início.
Memórias inscritas nas paredes,
Suplícios atrozes espargidos[1] no sopro,
Objectos densos de equimoses,
É pior acabar que começar tudo de novo.
- Esplêndido. Como ainda me consegues surpreender!
Não podemos estar acabados,
Posso ver isso nos teus olhos.
Não, enquanto puder amparar-te.
Há 18 anos que continuo olhando pela mesma janela,
Há 18 anos, que jurei vingança plena.
Foi há 18 anos, que… continuo tentando…,
É pior acabar que começar tudo de novo.
- É preciso muito para te perceber,
Vejo isso nos teus olhos,
Mas não vais cair.
Não, enquanto puder amparar-te.
Pensaste que me conhecerias,
Mas eu não sou perfeita,
Simplesmente continuo tentando,
Porque foi isso que disse…
Não há nada a esconder,
Quando não temos mais nada cá dentro.
Pensaste que saberias combater comigo,
Mas esta guerra não te pertence.
- Por favor não deixes.
Não podemos estar acabados,
Eu sei, que é preciso muito para te perceber,
Mas peço-te, não me afastes de ti, não me deixes ficar de lado…
Paz…
É tão fortificante saber para onde correr,
Saber com quem contar,
Ab-rogarem[2] por nós,                                                    
Cessar as mentiras.
É pior acabar que começar tudo de novo.
- Esplêndido. Esplêndido. Ainda continuas a surpreender-me!
E se te disserem que estás errada?
Não sou perfeita,
Mas continuo tentando,
Porque foi isso que disse,
Que faria desde do início.
Dezoito anos,
 Foi há 18 anos, que…jurei vingança plena.
O tempo passa,
Mas eu continuo olhando pela mesma janela.
- Não! Não podemos estar acabados,
Não, enquanto puder amparar-te,
Não, enquanto puder salvar-te…
Não vais cair! Não vais abandonar-me.
Não, enquanto puder…


[1] Difundidos, envolvidos
[2] Morrerem, suprimirem, eliminarem

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