Quando nascemos a vida é uma incerteza. Enquanto
pequenos achamos ser capazes do impossível. Os donos do mundo. Os escolhidos
para muda-lo. Mas como todo o ser vivo, crescemos e a inocência dá lugar à corrupção.
Não acreditamos mais no Pai Natal, nem nos contos de fadas com finais felizes. Muito
menos na percepção de que os bebés vêm das cegonhas. Passamos então, a odiar a
felicidade dos outros e a perguntar mil e uma vezes porquê? Porquê eu? Que erro,
cometi de tão grave para merecer isto? Talvez tudo e talvez nada. Porquê uns
têm tudo e outros nada? Na incerteza de melhores dias enveredamos por caminhos obscuros
e pouco convencionais. Nalguns casos sem retorno possível e a ambição
de mudar o mundo acabou nesse preciso instante. Outros envolvem-se em
relacionamentos infrutuosos e provocam o caos emocional. A humanidade passa a conspurcar-se
e o que outrora fora respeito, educação e consciência morre tal como uma flor
quando não é tratada com amor e carinho. Se não se preocupam com o próximo por
que razão. Serei eu a faze-lo? Se também eu me enquadro neste dito espelho que
é o retrato actual da humanidade… Tudo não passa de um efeito de bola de neve,
que à medida que vai crescendo só pára quando rebentar contra algo. Mendigos implorando
esmola para sobreviver, desconhecidos furtando e degolando seja lá quem for, insurreições
sanguentas culminando em desgraças, orfanatos apilhados, canis arrasados. Desconfiança
social interminável. É neste mundo que queremos viver? Não há tempo, não há misericórdia… Nas minhas memórias já só vejo
uma finalização… Big Bang!
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