- Qual é a tua ocupação?
- Sou assistente telefónica. – Disse esboçando um
meio sorriso.
- Gostas do que fazes?
- Chega para o gasto.
- Vives ainda com a tua família?
Agora sim. Leandro tocara num ponto doloroso da
minha vida. Fui acometida de vários sentimentos e frustrações. Quem queria
enganar? Eu queria esbravejar aos 4 ventos a dor que me agredia há anos.
- Eu não tenho família. Vivo só com o meu gato
Necas e a minha cadela Brownie. Num T0 na periferia. O que ganho num mês mal
chega! Já desisti da vida e dos sonhos. Só quero continuar a cuidar dos meus
bichos em paz e sossego! – Gritei, levantando-me da mesa e saindo a correr do
restaurante.
Eu
sabia. Foi um erro ter vindo a este encontro. O que quereria um homem daquele
calibre com uma mulher como eu? Eu não sou daquelas que vai logo para a cama no
primeiro encontro. Além do mais nunca tinha tido relações com um homem. Ao
início odiava a ideia de morrer virgem e solteira, mas a sua avó sempre lhe
dissera que isso era a maior virtude de uma mulher e que não me preocupasse.
Toda a panela tem uma tampa. Paciência.
Agora vejo-me aqui sozinha com um estranho! Que
obviamente quer aproveitar-se de mim. – Gritei lançando uma pedra ao mar.
- Eu não sou um estranho. Chamo-me Leandro. E eu
já te disse que não te quero fazer mal.
- Sim. Claro. E eu sou a Madre Teresa de Calcutá!
– Gritei afastando-me dele.
Ele aproximou-se de mim, cingiu-me a cintura e
apoderou-se dos meus lábios. Inicialmente fora um beijo sereno e experimental
para passar a selvagem e insaciado.
Desprendi-me dele, aflita e desatei a correr. Ia
ser violentada! Que parva fora.
- Lynne! Espera. Não quero fazer-te mal. Lynne!
Sim, pois. Não me queria fazer mal. Corri o mais
que pude, mas num ápice ele agarrou-me e caímos ambos no chão. Eu desatei aos
pontapés e aos muros. Mas era óbvio que nada lhe faziam. Queria morrer. Queria
ser engolida pela areia.
- Lynne pára de espernear. Não vou fazer-te mal.
Olha para mim. Olha nos meus olhos. Eu gosto de ti. Não sei o que aconteceu,
mas estou apaixonado por ti. Nenhuma outra mulher despertou este desejo ardente que
despertas em mim. Comprova por ti própria. – Disse-me levando uma das minhas
mãos ao fecho das calças.
- Não. Solta-me! – Gritei!
Ele ergueu-me e com a outra começou a
despir-se. Primeiro a camiseta, depois as bermudas. Os sapatos há muito, que os
tirara. Contemplei pela primeira vez o corpo de um homem excitado.
-
Toca-me, Lynne. – Implorou. – Faz-me teu escravo.
Algo
em mim mudou. O sangue nas minhas veias fervia. Não podia estar sóbria. Como
podia querer tocar, agarrar, sentir aquele corpo forte sobre o meu. Não! Pára
parva. Enquanto é tempo. Foge. Mas as minhas pernas não obedeciam, nada no meu
corpo, aliás obedecia às ordens. Atrevi-me a acariciar-lhe o peito, os músculos
firmes das costas, e tomei a ousadia de procurar os seus lábios. Afundei-me num
beijo repleto de amor e deixei-me à sua mercê. Porém a dor não demorou,
intensa, entorpecedora…
Ele
ficou completamente imóvel. A sua voz chegou até mim modificada por uma afluência
de sensações contraditórias. Dor, prazer, satisfação e medo.
-
Tu és virgem… porque não fizeste nada! Por quê não me impediste? – Vociferou
ele.
-
Continua Leandro… Não pares agora. – Foi tudo que disse.
Descontraí sem sequer me aperceber que quando Leandro recomeçou a
mover-se, a dor foi substituída por outra sensação igualmente intensa. Exclamei,
imprudentemente sem controlo e enterrei os dedos nos seus cabelos. Já não sabia
onde estava. Podia estar na cama, podia estar no mar. Podia estar no fim do
mundo. As ondas que me envolviam amparavam a excitação do meu corpo, convidando
Leandro a enlouquecer comigo. Abri os olhos e encontrei o olhar verde
acastanhado estudando-me profundamente.
-
Minha querida Lynne. Fizeste-me o homem mais feliz. Por que razão me escolheste
logo a mim?
-
Acho que te amo. – Disse adormecendo nos seus braços.
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