Há dias em que não devemos mesmo sair de casa. –
Então e porquê? Perguntar-me-ão vocês. Ora acordar de manhã para mais um dia de
trabalho. Nunca é fácil. Muito menos quando nos erguemos contrariados da cama,
colocamos os pés para fora da berma e pisamos um sublime monte de massa
castanha nos chinelos de andar por casa. E o que fazer a seguir? Culpar o cão?
Castiga-lo? Injuria-lo de tudo e mais alguma coisa? Não. A culpa foi minha.
Quis ficar mais 5 minutos na cama, aqueles abençoados 5 minutos. Que toda a
pessoa adora fazer. E tive as merecidas consequências.
Caminho ao pé-coxinho pela casa até chegar ao
toilete. Lá. Coloco o pé no bidé e retiro a maior parte, depois encaminho-me
par ao duche e outra surpresa! Acabou-se o gás. – Vá, amocha aí sua desgraçada.
Com um belo banho frio. Diz-me a minha madrasta sorte. E em pleno Outono
cerrado. Consequência. Atraso-me para o emprego. Voou a todo o gás no meu Honda
Civic. Mas nunca infligindo o código da estrada. Há que ser responsável. Quando
a poucos metros contemplo uma infindável fila. Lá mais há frente, um amontoado
de peças, duas carcaças de possíveis carros. Mas que agora já não o são.
E…Trânsito cortado até evacuação completa da via! Duas horas depois chego
finalmente ao emprego. Primeira coisa que acontece ao colocar os pés na porta
da minha repartição. – Olívia! Ao meu gabinete. No meio destes infortúnios
todos, eis que tenho sorte. O chefe depois da pregação formal. Reconsiderou e perdoou-me.
Também ele já passara pelo mesmo. Ainda na semana passada e por pouco não
esteve a pontos de não vir mais acabar, o seu expediente. Pois iniciar já não
poderia, visto que faltavam 3 horas para o encerrar.
Durante a hora de almoço nenhum incidente a relatar.
Achei que estava curada. Mas não durou muito essa minha alegria tonificante. Durante
a pausa do almoço vira no LCD topo de gama uma publicidade alusiva aos novos
saldos da Levi’s Tom. – Vem mesmo a calhar preciso de reformar o meu
guarda-roupa. À saída do emprego enganei-me no caminho. Por incrível que possa parecer,
não havia ali nada que me pudesse fazer enganar. Um enorme letreiro com letras
gordas apontava o caminho. Para a entrada na zona comercial. Quase na reserva.
Tive de ir dar a volta maior do quarteirão. Cheguei! Finalmente. Dirigi-me à
loja. Tinha tanta roupa variada e linda. – Mulheres. Dirão. Sim, é verdade. Mas
neste caso não. Deviam ver. Perdi-me na imensidão da notícia. Porém novamente a
felicidade foi momentânea. Quando comecei a conjugar conjuntos, a olhar aos
preços e a experimenta-los. Não sei o que doía mais. As figuras que fazia. Para
entrar nas peças chiques ou o facto. De que se alguma me assentasse
estonteantemente bem não tinha “Mony” para as cobrir. Contudo encontrei 3
conjuntos fabulosos, mas...Há sempre um mas…Agarrei numa linda saia de renda
cor de pérola e experimentei-a. Quer dizer bem que tentei. Mas desse por onde
desse, puxasse por onde puxasse. Dali, daquele lugar (as ancas). Bem conhecido
pelas mulheres, ela não ia mesmo passar. Esperneasse, pulasse, mordesse os
lábios e até emagrecesse instantaneamente. Aquela saia tinha-me derrotado.
Peguei nos 2 conjuntos e dirigi-me para pagar. Quem diria que os compraria, aos
2 por apenas 25 euros. Até me esquecera do azar desta manhã. No caminho de
regresso a casa vinha cantarolando em Árabe invés de Inglês. Doença contagiosa, esta. Leva anos a desaparecer. Quando me lembrei de que tinha de
comprar ovos. Inverti a marcha e regressei ao local do crime. Todavia passei mais
de meia hora procurando-os. E os danados estiveram o tempo olhando para a minha
cara. Li os preços e como qualquer português em pleno 2012, optei pelos mais
baratos. Os s outros eram cheios de lamechices. Ricos em Omega-3, Classe L. Blá
Blá. Para mim a classe M está mais do que boa Vazio. Nem uma caixinha. Fuck! Só
comigo. Na porra de um supermercado inteiro, só há os ovos mais carros? Já só
tenho comigo euro e meio. Então que assim seja meia dúzia de Omegas-3…
Quando finalmente cheguei a casa! Mais do que farta
já disto tudo. Oiço uma voz dizer-me calarosamente:
– Até que em fim chegaste amor. Vinha fazer-te um
pedido. Mas não estavas em casa. – Não me digas nada. O meu dia foi uma merda.
Respondo-lhe descalçando os sapatos. – Então, não podia ter vindo em melhor
altura para fazer-te este pedido. – Disse radiante. – E que pedido é esse? –
Perguntei indiferente. – Casas comigo? E agora digam-me vocês. Com que cara
ficariam?
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