segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Por detrás de uma bela face


Há dias em que não devemos mesmo sair de casa. – Então e porquê? Perguntar-me-ão vocês. Ora acordar de manhã para mais um dia de trabalho. Nunca é fácil. Muito menos quando nos erguemos contrariados da cama, colocamos os pés para fora da berma e pisamos um sublime monte de massa castanha nos chinelos de andar por casa. E o que fazer a seguir? Culpar o cão? Castiga-lo? Injuria-lo de tudo e mais alguma coisa? Não. A culpa foi minha. Quis ficar mais 5 minutos na cama, aqueles abençoados 5 minutos. Que toda a pessoa adora fazer. E tive as merecidas consequências.
Caminho ao pé-coxinho pela casa até chegar ao toilete. Lá. Coloco o pé no bidé e retiro a maior parte, depois encaminho-me par ao duche e outra surpresa! Acabou-se o gás. – Vá, amocha aí sua desgraçada. Com um belo banho frio. Diz-me a minha madrasta sorte. E em pleno Outono cerrado. Consequência. Atraso-me para o emprego. Voou a todo o gás no meu Honda Civic. Mas nunca infligindo o código da estrada. Há que ser responsável. Quando a poucos metros contemplo uma infindável fila. Lá mais há frente, um amontoado de peças, duas carcaças de possíveis carros. Mas que agora já não o são. E…Trânsito cortado até evacuação completa da via! Duas horas depois chego finalmente ao emprego. Primeira coisa que acontece ao colocar os pés na porta da minha repartição. – Olívia! Ao meu gabinete. No meio destes infortúnios todos, eis que tenho sorte. O chefe depois da pregação formal. Reconsiderou e perdoou-me. Também ele já passara pelo mesmo. Ainda na semana passada e por pouco não esteve a pontos de não vir mais acabar, o seu expediente. Pois iniciar já não poderia, visto que faltavam 3 horas para o encerrar.
Durante a hora de almoço nenhum incidente a relatar. Achei que estava curada. Mas não durou muito essa minha alegria tonificante. Durante a pausa do almoço vira no LCD topo de gama uma publicidade alusiva aos novos saldos da Levi’s Tom. – Vem mesmo a calhar preciso de reformar o meu guarda-roupa. À saída do emprego enganei-me no caminho. Por incrível que possa parecer, não havia ali nada que me pudesse fazer enganar. Um enorme letreiro com letras gordas apontava o caminho. Para a entrada na zona comercial. Quase na reserva. Tive de ir dar a volta maior do quarteirão. Cheguei! Finalmente. Dirigi-me à loja. Tinha tanta roupa variada e linda. – Mulheres. Dirão. Sim, é verdade. Mas neste caso não. Deviam ver. Perdi-me na imensidão da notícia. Porém novamente a felicidade foi momentânea. Quando comecei a conjugar conjuntos, a olhar aos preços e a experimenta-los. Não sei o que doía mais. As figuras que fazia. Para entrar nas peças chiques ou o facto. De que se alguma me assentasse estonteantemente bem não tinha “Mony” para as cobrir. Contudo encontrei 3 conjuntos fabulosos, mas...Há sempre um mas…Agarrei numa linda saia de renda cor de pérola e experimentei-a. Quer dizer bem que tentei. Mas desse por onde desse, puxasse por onde puxasse. Dali, daquele lugar (as ancas). Bem conhecido pelas mulheres, ela não ia mesmo passar. Esperneasse, pulasse, mordesse os lábios e até emagrecesse instantaneamente. Aquela saia tinha-me derrotado. Peguei nos 2 conjuntos e dirigi-me para pagar. Quem diria que os compraria, aos 2 por apenas 25 euros. Até me esquecera do azar desta manhã. No caminho de regresso a casa vinha cantarolando em Árabe invés de Inglês. Doença contagiosa, esta. Leva anos a desaparecer. Quando me lembrei de que tinha de comprar ovos. Inverti a marcha e regressei ao local do crime. Todavia passei mais de meia hora procurando-os. E os danados estiveram o tempo olhando para a minha cara. Li os preços e como qualquer português em pleno 2012, optei pelos mais baratos. Os s outros eram cheios de lamechices. Ricos em Omega-3, Classe L. Blá Blá. Para mim a classe M está mais do que boa Vazio. Nem uma caixinha. Fuck! Só comigo. Na porra de um supermercado inteiro, só há os ovos mais carros? Já só tenho comigo euro e meio. Então que assim seja meia dúzia de Omegas-3…
Quando finalmente cheguei a casa! Mais do que farta já disto tudo. Oiço uma voz dizer-me calarosamente:
– Até que em fim chegaste amor. Vinha fazer-te um pedido. Mas não estavas em casa. – Não me digas nada. O meu dia foi uma merda. Respondo-lhe descalçando os sapatos. – Então, não podia ter vindo em melhor altura para fazer-te este pedido. – Disse radiante. – E que pedido é esse? – Perguntei indiferente. – Casas comigo? E agora digam-me vocês. Com que cara ficariam?

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