Eu só quero sair
daqui. É tudo que peço. Não fiz mal a ninguém para merecer tamanho castigo. Faz
dias que estou presa neste sítio imposto pela guarda. E pouco demorou para que
me torna-se no alvo mais apetecível para servir de saco de pancada.
Tudo isto porque alguém que um dia
achei amar e pensei que se preocupava comigo, me atirou borda fora da sua vida
sem para-quedas nem bote salva-vidas.
- Reclusa Lana, redija-se ao interior do edifício. – Falara o difusor do recinto.
Ao entrar, fui
arrastada para uma sala pequena e pouco iluminada. Nas sombras um homem
aguardava paciente a minha chegada. E num ápice as portas fecharam-se nas
minhas costas.
- Quem é o senhor? –
Inquiri assustada.
- Já não sabes quem
sou eu Lana? – Perguntou o estranho em voz grossa aproximando-se de mim.
Qual não é o meu
espanto, quando contemplo o rosto do individuo. Aqueles traços eram inconfundíveis E o seu olhar jamais fácil de esquecer. Alessandro...
- O que se passa
Lana? Por quê tanto espanto?
- Tu?
Tu...voltaste? – Disse atrapalhada.
- Sim.
- Sim? Só tens isso
para me responder?
- O que vieste
fazer aqui? O que queres mais de mim agora? Não te chega onde estou?
- Vim comprovar com
os meus próprios olhos a situação. Nunca acreditei em tal Lana. Dançarina de
cabaré. Tão séria que te fazias parecer na faculdade e afinal...
- Não acabes essa
frase! – Gritei.
- Se não o quê?
Vais bater-me? Não me faças ter mais pena de ti.
Quanta arrogância e
falta de respeito. Tudo podia indicar o que falam a meu respeito, mas nada me
impedia de defender-me como pudesse. Num ápice de coragem momentânea esbofeteei-o.
- Não voltes a
fazer isso! – Disse furioso agarrando-me um dos braços e aproximando-me bem
perto da sua cara. – Podemos acabar isto a bem ou a mal Lana só depende de ti.
- Que queres dizer
com isso?
- Posso tirar-te
daqui e acabar com todo este mal entendido. Basta quereres.
- Sim, pois. O que
ganharias com isso?
- Uma esposa para
me representar.
- Uma quem?
- Ouviste bem Lana.
Preciso de uma esposa.
- Playboy como és,
porquê ainda não arranjaste uma?
- Tens razão. Já
tive muitas mulheres, mas nenhuma como tu. As mulheres de hoje são muito interesseiras e pegadiças.
- Metes-me nojo!
- Se fosse a ti,
tinha mais cuidado com as palavras. Então como é?
- Nada. Solta-me.
Eu não quero nada contigo.
- Lana pensa melhor
Estás acusada de prostituição e imigração ilegal. Corres o risco de ser
deportada e ficar por ai ou ficares presa cá e só depois seres deportada. Pelo
teu aspecto presumo que não queiras isso. Ser minha esposa é a tua melhor
escolha.
- Qual das escolhas
a melhor. Ser presa e apodrecer aqui no fim do mundo ou condenar a minha
liberdade tornando-me tua esposa obediente e fiel.
- Bem, eu tentei
Lana. Adeus. – Disse-me por fim empurrando-me e caminhando para a porta.
- Não espera! Não
quero continuar aqui.
- Isso significa o
quê exactamente?
- Eu converto-me na
tua esposa. – Respondi engolindo o orgulho e me amaldiçoando.
- Afinal até és
inteligente. Mas só quando queres.
- Vou tratar da
papelada. Quanto mais depressa saíres daqui, mais depressa nos casamos...
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