Tenho vagueado dias sem fim por trilhos desconhecidos.
Tenho passado por situações que nunca pensei viver. Sem dinheiro, sem
documentos de identificação. Num país completamente estranho. Abandonei o hotel
mal me abriram a porta. E usei o dinheiro nojento que Alessandro me atirara à
cara para pagar a estadia. Nunca esperei tal atitude dele. Não sei o que fazer.
Estou perdida neste buraco que chamam França. Tenho fome. Tenho sede. Mas aqui
eu não sou ninguém. Nem sequer existo. Se morrer não sentirão a minha falta.
É difícil saber
exactamente para onde ir, quando não tenho rumo algum. Ao longe começo a observar
um bairro se formando. Não parece ser bem-frequentado, as pessoas tão pouco
parecem-me ser bem intencionadas A agitação que observo aproximando-me é de “casas”
para rapazes disfarçadas de botequins. Olhos ávidos consumiam-me ao verem-me passar.
- Salut, jolie
fille voulez aider? – Disse uma voz.
Eu não entendi
nada. E continuei o meu caminho não sei para onde. Quando sinto agarrarem-me.
- Vous n'avez
pas entendu? – Perguntou um homem grotesco.
O pânico enfim
brotava do meu interior e me alertava para o perigo que se seguiria. Estava
condenada agora.
- Vous n'êtes
pas d'ici. Immigrant. Ter lugar para ti. Vem. – Disse arrastando-me para um
beco.
Acreditei que
aqui e neste exacto momento estava tudo decidido e acabado para mim. Quando de
repente, o beco mostrou uma porta oculta. E empurrou-me lá para dentro.
- Boss la
viande fraîche.
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