- Nina estás
bem? Acorda.
Acordei ao som
de uma voz aflita. Mas que me era desconhecida. Pensava. À medida que ia
recuperando a consciência, fui dando-me conta do aparato e só queria era que o
chão se abrisse e me engolisse.
A voz persistia e agora podia jurar
que era a voz do meu patrão. O que fazia ele ali? Por que razão estava tanto
silêncio? Tenho de enfrentar a situação. Abri os olhos e fiquei hipnotizada de
imediato com o olhar penetrante que me observava.
- Estás melhor?
– Perguntou-me Gustavo.
- Melhor? Que
vergonha. Por favor não comente o sucedido com o meu avaliador de estágio. Eu
não posso chumbar. Peço imensas desculpas. Não vai repetir-se. – Respondi-lhe
levantando-me rapidamente para voltar ao trabalho.
- Espera.
Queria fazer-te algumas perguntas.
Oh não. Se o
que aconteceu aqui chegar aos ouvidos dos meus avós, estou arruinada. O que
faço agora? Ele é conhecido deles. Não posso espalhar a minha situação, tão
pouco contar-lhe seja lá o que for.
- Mas eu tenho
trabalho. O meu desmaio deve ter provocado uma enorme confusão. Ainda por cima
o restaurante está cheio. Este ano a vida corre-me lindamente. Desculpe.
- Não importa o
restaurante. Eu tenho empregados que cheguem para resolver os problemas e a
confusão de que falas. Já deu para perceber que queres fugir de mim e das
minhas perguntas. Senta-te.
- Fugir? –
Disse virando-me de frente para ele.
- Há quanto
tempo tens estado mal?
- Mal? Do que
está a falar?
- Sabes. Deste
que entraste que tenho mantido-te debaixo de olho. E reparei que nunca sais do
teu posto e quase nunca te vejo comer. Acho mesmo que nunca vi, desde que estás
a estagiar aqui. Como também posso notar pelo teu olhar que estás a esconder
alguma coisa.
- Desculpe Sr.
Gustavo. Mas eu estou aqui para acabar o meu curso, não para falar de mim.
Observou-se
muito sério. Levantou-se, contornou a secretária e por detrás das minhas costas
pegou na minha papelada e disse:
- Podes sair.
Mas não vais trabalhar mais. Vai para casa. O teu contrato acabou hoje.
- Desculpe? Não
pode fazer-me isso. Eu preciso terminar o estágio para passar de ano na
Faculdade. Por favor. Eu faço mais horas. Mas não me faça isto. É só mais dois
dias.
- Vai para casa
rapariga. Serás que não vês que não tens condições para trabalhar mais aqui?
Achas que já não reparei na tua palidez? Ou nos teus mal-estares? Da tua
fraqueza?
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