terça-feira, 15 de janeiro de 2013

I still remember how I feel


O tempo passa e com ele horas, dias e anos de recordações. Dentro delas existem duas secções – as que nos marcam pela positiva e as que nos marcaram pela negativa e por sua vez dentro destas, existem mais duas sub-secções – as boas que vamos esquecendo gradualmente até não passar de um sonho e as más, que por muito tempo que passe jamais se deterioram.
            Recordo-me, então para infelicidade minha, os dias a fio que achando que não, fui bastante feliz, com aqueles que verdadeiramente amava. Porém posso dizer que são mais as más recordações que me assombram e persistem que as boas. Por vezes dou por mim a especular se não foram apenas sonhos. Apenas as ruins teimam em ficar como úlceras dilacerantes que esquartejam-me a alma e os sonhos de tão inverossímeis que parecem ser actualmente. Hoje acompanhada pelo meu fiel amigo Philipe, o meu cão, vejo nos seus olhos todos os cães que já perdi e a certeza de que ele é a junção de todos para poder me redimir dos erros que cometi. Para onde quer que vá ele vem comigo. Sempre que preciso ele está lá. Não são necessárias palavras para que me possa entender e me reconfortar. Nunca me pede nada em troca e nunca me julga. Acredita em mim cegamente e cegamente me defenderá se esse for o caso. Mas não disso que se trata. Nem é disto que vos queria falar. Até tê-lo, perdi muitos seres, chorei copiosamente por eles. E mortiferamente tentei apagar esta dor. Infligindo uma superior ou então tentando acabar comigo logo de uma só vez. Porém sempre surgiu um anjinho de quatro patas me impedindo de cometer suicídio e solicitando o meu amor e carinho. Mas a vida fora má para comigo e perdi-os. Talvez por culpa minha na maioria dos casos e por falta de consciencialização. Muitas vezes também por falta de posses. Hoje no meu coração carrego incontáveis remorsos e saudades estranguladoras.
Acho que agora posso entender o que muitos animais sentem quando os donos os largam e nunca mais voltam, ou quando simplesmente os desprezam e maltratam. Aquele olhar muitas vezes por detrás de um vidro. Aquela esperança imortal de que tudo vai voltar ao normal. Agora sinto o que sentem quando tenho de ir embora, quando os vejo pela janela ou quando saio uma porta. Eles estão lá olhando e esperando que retorne. E se nunca mais voltar, eles continuaram lá. Vivos ou mortos. Mas continuaram lá. E também sei que quando estiveram em apuros chamaram por nós e vai acontecer não estares lá para os salvares.
Hoje posso dizer que não tenho vontade de ver ninguém ao meu redor. Fechei todas as portas de comunicação para comigo. Há que dizer não a quem nos engana e manobra todos os dias. Por isso escolho ficar aqui só, mas não tão só, porque tenho a eles, os meus anjos caídos. Fecharam as asas porque ainda não chegou a hora de voar.  A missão deles para connosco não é nenhum jogo de diversões. E enquanto a humanidade não vir isso, nunca saberemos o que é amar o próximo e fazer o bem sem olhar a quem.



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