Acordei em um
quarto branco e silencioso Seria isto alguma provação antes de subir aos céus?
Está tudo tão quieto por aqui e eu sinto tanto frio. Os meus sonhos todos
morreram naquele acto. Então que sitio é este? Por que tenho máquinas ligadas
ao meu corpo? Afinal onde estou eu? Voltei? Não! Eu não deixei cá ninguém. Não.
Tenho de sair daqui.
Ao erguer-me da cama, vi uma carta
em cima da cómoda juntamente com um colar de coração. Aquele fio intrigou-me muito mais
que a carta e o desconhecido em que me encontrava. Há muito que alguém me tinha
o dado e dito que se tratava de um amuleto. Porém nunca fui capaz de o abrir e
ver o que continha no seu interior A curiosidade ganhou coragem e abri-o
rapidamente. Quando vejo duas pequenas fotos inacreditáveis Eu e o Puma e
outra igual, sendo ele. Então foi ele. Foi ele que adoptou o meu cão. Mas
porquê? Que brincadeira macabra é esta? Como podia ele saber? Como pode ele ter
uma foto minha também? Agarro na carta e começo a lê-la:
“ Sei
que o que fiz não tem perdão. Tão pouco me perdoarei pelo que aconteceu. Só
acreditei em ti quando as provas surgiram. Depois de acreditar estar tudo perdido, pensar que tinhas morrido mesmo
nos meus braços e o único culpado fora apenas eu. Por ter sido cego e
orgulhoso. Não aguentei. Quando chegou o INEM e verificaram-te as pulsações...
a imagem de pavor nos seus rostos ainda não me deixa descansar à noite.
Tentaram-te reanimar rapidamente e estancar os teus cortes. Mas tu não estavas
a responder. Já te tinhas decidido a morrer.
Acredita que chorei. Isto não se conta e provavelmente nem acreditas.
Mas quando já iam declarar o inevitável voltaste. Tu voltaste à vida. Perante
tudo o que se passou, decidi então quando estivesses fora de perigo. Partir
para longe e esquecer-te. Só te fiz sofrer. Mais uma vez peço-te perdão quando
não acreditei em ti naquele jantar em França. Sempre estiveste inocente. Não
precisas saber como, mas eu vi o video de vigilância dos corredores. Fui tão
estúpido.
Quando leres esta carta, eu já
estarei bem longe de ti e fora da tua vida. Encontrarás um envelope dentro da
cómoda com umas chaves de casa, um contracto de trabalho e algum dinheiro para
refazeres a tua vida. Mais tarde quanto já te tiveres acomodada, pedirei que te
entreguem o que sempre foi teu e a vida
roubou-te. Só desejo que a partir de agora, apenas te aconteçam coisas boas.
Desculpa-me....
Adeus Lana,
Alessandro ”
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