A sério. Custa-me aceitar que acorde todos os
dias, quando o meu desejo era não acordar nunca mais. Tudo ao meu redor está
desmoronando. Torna-se insuportável ouvir os queixumes e choros da minha
família, porque o dinheiro que ganham, do seu honesto trabalho, já não chega. E
todos os meses a expectativa que uns têm, é a dor de outros. Que apenas
trabalham para sobreviver no limiar da mais extrema necessidade.
Não
pertenço a classe alta, muito menos média ou média/baixa. Pertenço à classe do
povo, dos inferiores e esconjurados. Lembro-me de que nunca tive muito, mas o
pouco que tinha chegava para viver e ser feliz. Nunca precisei de juntar restos
de dias e dias para comer ou comer alimentos já fora de prazo para não passar
fome e tentar juntar dinheiro. Que infelizmente nunca sobrava.
As
“portas abertas” que nos iam fiando, pouco a pouco foram “obrigando-nos” a
abandona-las. Isto arrastou-se e culminou na desacreditação da nossa palavra de
honra. Sucessivamente o plafond de dívidas subiu vertiginosamente a
ponto de não dar mesmo para pagar mais. Para nossa sorte nesta infelicidade, a casa fora comprada em tempos de bonança, e mesmo
que ficássemos sem nada. A casa ninguém poderia tirar-la.
Sinceramente,
já não acredito mesmo que consiga acabar a licenciatura e vá para o estágio.
Nada, mas mesmo nada nesta vida me fará ter mais forças para enfrentar esta
maldição. Pois provavelmente nem dure muito tempo para recuperar.
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