Há
dias que Théo tem-me ligado. Manda mensagens pedindo desculpas e fazendo
declarações de amor. Espanta-me deveras tamanha falta de índole. Meses passaram
desde então porquê só agora se lembrara de mim e se declarara? Nem um mísero
telefonema perguntando se estava bem. Seguiu com a sua vida sem um pingo de
comoção por mim. Mas agora é tarde. Vou ter este bebé sozinha e ele nunca o
saberá. Foi somente um amor, um sonho sem glória.
Toca o telemóvel de novo. É Théo.
Agarro furiosamente no telemóvel e leio a última mensagem! “ - Se não te
encontrares comigo hoje à tarde em minha casa, eu irei ter contigo à tua
porta.” Não. A minha avó não me desculparia se tivesse cenas destas à sua
porta. Então, eu respondi-lhe: - Eu irei ao teu encontro. Daqui a pouco estarei
aí.
Levei sensivelmente duas horas a
chegar. Não tinha pressa em voltar a vê-lo. Quando cheguei as portas de casa
estavam abertas. Já devia estar à minha espera. Aproximei-me da janela da sala,
visto ele já me ter notado a minha presença e aguardei que o choque se desse.
-
Francis? – Disse Théo. - Pensei que mesmo que não virias.
-
Mas vim. Aqui estou Théo. Diz logo o que me queres. Esta brincadeira tem de
parar. – Disse rapidamente.
-
Tanta raiva? O que fiz eu?
-
Ainda perguntas? Faz meses que desapareceste sem me dizer nada.
-
Tive uns problemas… um pouco graves. Acabei por desligar-me do mundo. E depois
o que aconteceu entre nós deixou-me desgovernado.
-
Então e eu? Alguma vez passou-te pela cabeça perguntar como me sentiria?
-
Eu sei Francis. Tens razão. Perdoa-me. Por favor. Francis? – Disse ele
aproximando-se de mim.
-
Não me toques. – Repliquei virando-me para ele.
Vi os seus olhos esbugalhados, de rosto
branco. Paralisado. Sem fôlego. De
repente levou as mãos à cabeça e caiu de joelhos junto dos meus pés.
-
Tu estás grávida. Grávida?
-
Sim Théo. Estou grávida de 15 semanas. – Respondi engolindo em seco, lutando
contra o tremor que me consumia.
-
Como é que pudeste? – Acusou ele.
-
Como pude o quê?
-
Como foste capaz? Quem é o pai Francis?
-
Desculpa? – Disse boquiaberta.
-
Eu conheço? Vais-te casar? – Exaltou ele segurando-me a mão com o anel de
noivado.
-
Sim vou! – Retorqui soltando-me dele. – Acabou de vez a nossa história. Ou
melhor não há nada para acabar. Por que nem sequer começou. Eu já só sofri o
bastante… por ti.
-
Espera onde penas que vais? – Berrou ele agarrando-me. – Tu daqui não sais.
-
Solta-me Théo. – Disse desprendendo-me dos seus braços.
-
Já te disse. Tu não sais mais daqui Francis.
- Estás a magoar-me! O que se passa contigo? - Gritei desesperada.
Quando de repente o improvável aconteceu e tudo mudou.
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