Sabem a vida não é fácil. [Risos] Eu sei. Nunca me
disseram o contrário. Mas em alguma altura das vossas vidas, não sei bem qual.
Cansamo-nos das filosofias baratas, que na realidade não serve para nada. E
cumprir os desígnios do Supremo nem nos faz tencionar arrebitar do sofá. Caímos
no esquecimento. Passámos a fantasmas. A depressão consome-vos. Durar é estar
morto. E damos por nós a pensar: - E se experimentasse ser um
pouco como os super-heróis? [Assobios] É. Tenhais razão. É muito brega.
Desafiar a morte é mais excitante. Os pais abandonam-nos. A família trai-nos. A
vida abastarda-nos. Os namorados trocam-nos. A adrenalina ao menos salva-nos e
é de graça. Aquece-vos o coração,
alteia-vos a tensão arterial. Relaxa alguns músculos e
outros contrai. Até queima o
excesso de sebo contido nas células adiposas, que terceiros ajudaram a
gerar. [Silêncio] Não fiquei louca. Aprendi apenas que ser eu e irritamente eu.
Destruiu as minhas ondas cerebrais. Gargalhadas bem altas ouvem-se. Alguém
empoleirou-se no beiral de um arranha-céus e praticou o impraticável. Sorrindo.
Seguidamente lança-se de braços abertos em direcção ao seu ilustre final. O céu
é só o limite, porque a vida começa agora.
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