Tudo aconteceu muito depressa. De um momento para o
outro era uma mulher casada. Prestes a ser mãe. Esposa devota. Numa maravilhosa
casa. Como se os seus sonhos tivessem sido arremessados para a realidade, tal
como quando removemos a obstrução de uma canalização para
a água fluir livremente cano abaixo. Os meus sonhos ganharam vida e
transpuseram a barreira que separava o possível do impossível.
Eu lutava para conseguir abrir os olhos e
sair do entorpecimento em que me encontrava. E quando finalmente. Consegui, deparei-me
com a visão embaciada de um homem segurando um bebé embrulhado num cobertor
rosa. A imagem parecia-me real, assim como o som dos monitores e as paredes
brancas, contendo desenhos. Não me lembrava de quase nada, mas Leandro estava
ali, de calças de ganga e camiseta justa evidenciando os seus músculos concisos.
E nos braços vigorosos, segurava um bebé. O nosso filho. Era uma pena que tudo
na realidade não passasse de um sonho. Um sonho repetitivo nos últimos dias, mas
que no fim de contas quando acordava não passava disso mesmo, um sonho. Então pude
contemplar Leandro inclinando-se para beijar o pequeno ser embrulhado na
manta. E protestei ainda ensonada:
-
Também quero um beijo. Se estou sonhando, quero ser a protagonista.
-
Mas não estás sonhando, meu amor. – Protestou Leandro enquanto se aproximava
da cabeceira da minha cama com o bebé nos braços. – Então o que vais querer? Um
beijo ou a nossa filha?
-
Ambos. – Murmurei com um sorriso. Estendi a mão e puxei-o pela fivela das
calças. – Mas o beijo primeiro.
Leandro
sorriu e tomando cuidado com o bebé. Inclinou-se para beijar-me. Porém o sabor
dos seus lábios convenceu-me, enfim de que não se tratava de mais um sonho da
minha cabeça. Era real.
-
Oh, Meu Deus! Não estou mesmo a imaginar coisas. É tudo real. – Exclamei com admiração.
– A minha filha…. A minha pequena Mary….
-
Sim. Ela está mesmo aqui. – Disse-me ajeitando com cuidado a pequenina nos meus
braços e acrescentou num murmúrio: - Ela é tão bonita quanto a mãe. Vou ter
problemas com os rapazes.
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