domingo, 12 de janeiro de 2025

O peso do legado

No vazio, e em silêncio, a solidão murmura-me segredos que ecoam indiferentes pela minha mente. Surgem os remorsos, as marcas, as perdas…, o coração bate descompassado, e as emoções dançam numa valsa caótica entre a alegria efémera e a tristeza profunda, sufocando lentamente a essência do meu ser.

 O reflexo no espelho mostra um rosto que já não reconhece a sua própria história. Um quadro em constante metamorfose, oscilando entre o amor e o desprezo, entre a esperança e a desalento. Uma hipersensibilidade que transforma simples palavras em facas afiadas, dilacerando laços e desenvolvendo fissuras. A falta de empatia transforma o próximo em um espectador distante, alheio à dor que se esconde sob o manto da normalidade.

As atitudes abusivas tornam-se armas de defesa, numa luta interna que ninguém consegue ver, mas que todos sentem. A angústia, essa companheira silenciosa, permanece à espreita, envolta numa névoa densa. A tristeza instala-se e a mente, um labirinto de pensamentos tortuosos, grita por socorro, mas a voz é abafada, sufocada pelas correntes da internalização.

A luta contra a própria essência transforma-se numa batalha solitária, onde o único desejo é encontrar paz num mundo que parece hostil. Entre sussurros de dor e ecos de solidão, a vida flui como um rio turbulento, onde muitos se perdem nas suas águas enigmáticas.

O suicídio, essa escolha trágica, surge como uma solução ilusória, um grito abafado, uma súplica por alívio, mas também um lamento pela vida que poderia ser, pelas conexões que poderiam florescer, se a dor não sobrepujasse a esperança.

Que as vozes que se calam encontrem coragem para se erguer, e que a luz da interdependência ilumine os caminhos mais escuros, transformando o lamento em canções de esperança. Porque, no fundo, cada vida valiosa, e cada alma merece ser ouvida.

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