sábado, 25 de janeiro de 2025

O castigo da mente

 

As mágoas enterradas ressurgem, trazendo à tona a dor que há muito tentava ignorar. Cada lágrima que escorre carrega consigo um pedaço de adeus, um adeus que nunca deveria ter ocorrido, mas que agora se faz necessário.

A culpa persegue-me, como um martírio sem termo. A dor transforma-se num peso insuportável que me esmaga o coração. Perguntas sem respostas ecoam na minha mente: "E se eu…”, enquanto me pergunto se algum dia conseguirei libertar-me deste ciclo sombrio.

A morte, que parece tão distante para muitos, torna-se uma velha amiga, uma presença imutável nos meus pensamentos. Ela observa-me silenciosa, enquanto luto contra os fantasmas do passado. O adeus que nunca quis dizer, as palavras que nunca tive coragem de pronunciar, tudo se mistura, um turbilhão de emoções, soltando um rasto de desespero.

Sigo em frente, carregando esta árdua bagagem, por enquanto, tudo o que tenho são estas lágrimas, testemunhas da minha dor e da minha luta, enquanto tento encontrar um sentido para o que restou…

Por entre nós

 

Por entre a escuridão que envolve a alma, a morte parece uma sombra constante, como um sussurro ameaçador que ecoa nos cantos mais profundos da mente. A dor torna-se uma companheira silenciosa, arrastando-se a cada dia e trocando momentos de alegria em lembranças distantes. O suicídio, muitas vezes, apresenta-se como uma saída sedutora, uma promessa de alívio que somente disfarça o desfecho. O sofrimento é avassalador, mas é indicador de que estamos vivos, de que sentimos profundamente, cada lágrima derramada, cada momento de aflição. Embora a tentação à renúncia possa ser forte, é fundamental recordar que as cicatrizes que carregamos não definem quem somos, mas, a coragem que temos em continuar a lutar. A esperança, mesmo que pequena, pode crescer e florescer, trazendo consigo a promessa de dias melhores…

domingo, 12 de janeiro de 2025

O peso do legado

No vazio, e em silêncio, a solidão murmura-me segredos que ecoam indiferentes pela minha mente. Surgem os remorsos, as marcas, as perdas…, o coração bate descompassado, e as emoções dançam numa valsa caótica entre a alegria efémera e a tristeza profunda, sufocando lentamente a essência do meu ser.

 O reflexo no espelho mostra um rosto que já não reconhece a sua própria história. Um quadro em constante metamorfose, oscilando entre o amor e o desprezo, entre a esperança e a desalento. Uma hipersensibilidade que transforma simples palavras em facas afiadas, dilacerando laços e desenvolvendo fissuras. A falta de empatia transforma o próximo em um espectador distante, alheio à dor que se esconde sob o manto da normalidade.

As atitudes abusivas tornam-se armas de defesa, numa luta interna que ninguém consegue ver, mas que todos sentem. A angústia, essa companheira silenciosa, permanece à espreita, envolta numa névoa densa. A tristeza instala-se e a mente, um labirinto de pensamentos tortuosos, grita por socorro, mas a voz é abafada, sufocada pelas correntes da internalização.

A luta contra a própria essência transforma-se numa batalha solitária, onde o único desejo é encontrar paz num mundo que parece hostil. Entre sussurros de dor e ecos de solidão, a vida flui como um rio turbulento, onde muitos se perdem nas suas águas enigmáticas.

O suicídio, essa escolha trágica, surge como uma solução ilusória, um grito abafado, uma súplica por alívio, mas também um lamento pela vida que poderia ser, pelas conexões que poderiam florescer, se a dor não sobrepujasse a esperança.

Que as vozes que se calam encontrem coragem para se erguer, e que a luz da interdependência ilumine os caminhos mais escuros, transformando o lamento em canções de esperança. Porque, no fundo, cada vida valiosa, e cada alma merece ser ouvida.