Cinco
longos anos haviam passado. E tanto mudara na minha vida desde então.
Conhecera um rapaz. Alto e moreno, de olhos verdes e
pronúncia estrangeira. Chamava-se Alexander.
Mas falava fluentemente português. No entanto, costumava falar misturando ambos,
de uma forma que só ele sabia fazer, e isso fascinava-me!
Ele
era grego vejam só, como a vida tem destas coisas incríveis. Nunca cheguei a
entender como nos conhecemos. Foi tudo muito rápido, depois do balde de água
fria que levei de Andrios. Acreditei jamais voltar a apaixonar-me nem a querer
saber de um homem. E do nada, encarei-me com Alexander. Mas posso jurar que não
me arrependo.
É
bem certo, que não esqueci Andrios, só que “aquilo” que tínhamos não era vida.
Tão pouco tinha futuro. Juro ter acreditado que era ele o meu Eterno Amor,
porém nunca pensei que passaria por tudo o que passei a seu lado. Jamais
soube-me dar valor e ser o homem que precisava, hoje chego mesmo a desconfiar
que vez o que fez só para se vingar de mim. Mas não vou mentir, ainda não o
esqueci, contudo a mágoa e a dor que ele me infligiu foi dilacerante. E por
mais anos que viva, nunca esquecerei. Logo, eu jamais voltaria a ser feliz do
seu lado, mesmo que ainda nos amassemos. Além de que, não posso-me esquecer do
facto, dele agora ser pai.
Toca
a campainha. Salto da cama subsultada. Agarro em tudo que ainda restou de
Andrios e atiro para o fundo de uma caixa. E guardo-a no resguardo do meu
armário. Corro para a porta. Lá está ele, sorrindo para mim e lindo de morrer e
escondendo um grande ramo de rosas atras das costas.
-
Olá, meu amor.
-
Olá. O que fazes aqui? Não devias estar a trabalhar?
-
Tinha saudades tuas. – Disse-me entregando-me o ramo.
-
Obrigado, não era preciso. E não devias faltar ao emprego só porque estás com
saudades minhas. – Disse enquanto tratava de colocar o ramo em uma jarra.
-
Não fiques assim comigo. Depois de amanhã já é o nosso casamento. E eu só te
quero fazer feliz.
-
Eu sei. Desculpa. É que ando nervosa e preocupada.
-
O que se passa amor? É algo com o vestido, a festa? Conta-me. – Pediu,
tirando-me o ramo e agarrando-me.
-
Acho que é melhor contar-te. Eu descobri, já faz alguns dias que… estou
grávida.
-
Estás a brincar. Grávida? Isso é a melhor notícia, que podiam, me ter dado.
Qual é o teu medo, meu amor?
-
Eu já sofri um aborto, lembras-te? Logo quando nos começámos a conhecer.
-
Pará de pensar nisso. Não vai voltar a acontecer. Tu naquela altura
encontravas-te em más circunstâncias.
-
Que caixa é esta, amor? – Perguntou ele ao ver-me assustada por ele ter notado.
-
Alguns convites que estou com dúvidas em mandar.
-
Então Porquê? Arriscaste a que não cheguem a tempo.
-
Já decidi que não vou manda-los. Lembrei-me de factos que me marcaram muito.
Acho que não faram falta no meu casamento.
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