Malditas férias de Natal. Fiquei pior do que se tivesse
ficado aqui, trancada no meu quarto. Sem um único raio de luz para perturbar a
minha escuridão total. Para piorar tudo e mais alguma coisa. Ele não me sai da
cabeça. O que se passou entre nós atormenta-me de dia e de noite. Por estas
alturas ele e a asquerosa já devem ser casados e estar em lua-de-mel. Enfim ele
é um gajo concretizado. Como sempre me ameaçou ser. Antes de cortámos ligações.
Mas uma coisa é certa não acabarei como uma freira até porque disso não tenho
mais nada e ele nunca será realmente feliz por muito que aparente ser.
O
destino é mesmo muito fodido. Hoje ao voltar do meu emprego e atravessar a rua.
Vi-o. Bem diante dos meus olhos. Por pouco não me atropelara. Carro
dispendioso, roupas caras e sorriso cínico. Não deve ter sequer reparado que
era eu naqueles trajes desgastos de trabalho nas limpezas.
Pouco
passava da hora de jantar quando tocaram à campainha do meu prédio e ouvi do
outro lado do interlocutor a voz de um homem. Dizendo que tinha uma encomenda
para mim. Estranhei muito aquela situação, mas desci para checar. Quando não é
para meu espanto, um cartão com o meu nome em letras gordas debaixo da porta e
um vulto fugindo por entre as sombras da rua.
Olá Mirelle. Eu não te esqueci. Nunca o farei. E não penses que não te vi
esta manhã quando atravessaste a rua. Sei bem o que fiz. Mas tu ainda e desta
vez serás minhas…”
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