O dia começava agourado. Os últimos acontecimentos
ainda mexiam comigo e me faziam delirar ora de prazer ora de terror. Andrios
andava espiando-me e deixando bilhetinhos por debaixo da soleira da porta ou em
variadíssimos locais por onde era usual passar. Ele estava noivo porquê me
perseguia? O que lhe passava pela cabeça? Ter-se-à esquecido do que acontecera
na Serra? Enfim, não eram estas especulações que me azaravam o dia. O
despertador não tocara, as chaves de casa desapareceram, perdera o autocarro. Era
o meu primeiro dia de trabalho. Que raio de sorte.
Mal chegara ao emprego, só tivera tempo de trocar de
roupa e assumir as funções. O hotel hoje estava tão cheiro, que o meu patrono
mal teve a ousadia de me vir repreender. Comecei por limpar as áreas públicas.
Estava acabando de arrumar o material para me dirigir aos quartos. Quando uma
voz masculina imponderada surgiu vinda do final do corredor.
- Hey. Empregada de limpeza. O hóspede do quarto 415
está para chegar e precisamos do quarto arrumado e toalhas na casa de banho.
O quarto era grande e
majestoso, possuidor de uma vista fabulosa para o horizonte da cidade. Quando
me apercebera de alguém entrando no quarto. Parecia estar ao telemóvel tendo
uma conversa de negócios, isto pelo facto de estar falando noutro idioma.
Rapidamente. Pus as mãos ao trabalho
O homem penso
eu, somente me notou porque estava de joelhos esfregando uma carpete do outro
lado do quarto.
Os longos
cabelos cor de fogo presos num sumptuoso rabo-de-cavalo, com algumas mechas de
cabelo caindo sobre a sua cara eventualmente por se terem soltado com o esforço
despertaram nele um fogo desconhecido. Não era do seu carácter ter este tipo de
atracções ou atitudes vendo outras mulheres.
- O que a senhora faz aqui?
– Perguntou uma voz grossa e zangada.
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