terça-feira, 23 de outubro de 2012

Nobody will give me a checkmate


São 7h da manhã. O céu permanece enublado. Os meus olhos pesam. Ainda resta neles uma tilha de orvalhadas. Ergo-me preguiçosamente da cama e olho no espelho. Aquela, não sou eu? Serei? Não sei. Já faz algumas semanas que não me conheço nem sei o que ando exercendo. Não me recordo do que falo, tão pouco do que ajo. Afundo a minha cara nas mãos. Desato a chorar. O que me levou a fazer isto? Para onde foram as minhas forças? Tudo está a mudar. Então mostra-me como posso MUDAR ISTO! Eu não sobreviverei. Estou paranóica  Já posso ver o túnel da escuridão engolindo-me. Cerca-me como um corvo. Sinto náuseas. Vejo milhares de rostos. Regozijos manifestos. Que dor. O que se passa comigo? Para onde me leva a consciência? Estou sonhando? Posso jurar que vejo um demónio dentro de mim. As minhas pupilas contraem e dilatam com a imensidão da descoberta e o fogo da revolta queima-me o corpo clamando por desforra! Uma arma apontada contra mim. O girar do revolver. Uma. Duas, três. Ouve-se um tiro. Milhares de pontinhos cintilantes flutuam ao meu redor como se eu me tratasse da última gota de vida. Contínuo olhando o espelho pouco passa das 7h05 agora. No entanto dentro de mim o tempo parou. NÃO ME CONSIGO MEXER. Mal posso respirar. Sinto-me envolvida pelo corpo de uma cobra Está subindo na minha direcção rapidamente. Saboreia-me através do ar, lambuja-se com o meu pânico através da sua língua virosa. 

Gargalhadas. Gritos vadios. De onde vêm? Porquê não me consigo mexer? Porquê estou derrotada? O que me estão a fazer? Como permiti tal facto! Que demência é esta! Eu não estou louca! Estão-me chamando! Estou Atrasada! A vida contínua e eu aqui. Petrificada. Olhando-me ao espelho, olhando alguém que desconheço, que me assusta e me está devorando. Alguém me ajude! Por favor! Alguém? Ninguém? Ninguém é capaz de ouvir-me? Estou morrendo. Contemplo já o vidrado dos meus olhos e o sorrir da minha boca. Estou cuspindo changue. Mal sinto as minhas pernas agora. São 7h30. Caiu-o por fim no chão. ACABOU! 

Flascsback. Ainda não. Esperança, vitória, conquistas. Gargalhadas vorazes.
Uma mão cortando o ar, que me agarra e diz: - O que se passa contigo miúda? Não fazes o tipo da fraqueza, tão pouco da derrota. Ergue-te. Luta! Essas são memórias que precisas aceitar e são elas que cingem a tua vida inteira e asseguro-te não são uma miragem. Mas doí-me. Não sinto nada do meu corpo. A minha alma foi devorada. Fui vencida. Serás que não vês! Volta atrás, lembrete. Só precisas de te lembrar. Apontaram-te o dedo. Gozaram-te. Asseguraram-te a pés juntos que não sairias do chão. E como bem vês… no chão Tu não estás. Ele é só para os fracos. Bem diante dos meus olhos a verdade. Quase a consigo tocar… Acreditar! Lutar! Acreditar… Um toque no espelho. Tudo desvaneceu. São 7h05 onde é que eu ia? Ergo-me da cama e por cima do meu ombro contemplo então no espelho o sorriso voraz e o olhar diabólico. Não foi só um simples sonho. Foi uma provação. De que só me vencerão no dia em que morrer e aí sim, permanecer no chão! Eu irei mostrar, irei reivindicar  Eu não preciso misericórdias. Eu irei inovar. Eu vou-vos demonstrar a força do acreditar. A coragem de querer. A força de vontade que nos faz viver. 7h25. 
Abro a porta e SAIO. Que se  início ao destino…

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