O que me terá
passado pela cabeça para ter ido à casa do Théo sem avisar ninguém? Ele quase
me matou, nunca vira tal agressividade por parte dele. Os seus olhos adquiriram um tom estranho.
A sua voz mudara. Pensei que gostasse de mim. Que apesar de tudo fosse meu
amigo. Enganara-me. Novamente. E pusera em perigo também o meu filho.
Pouco me lembro do que acontecera,
pois quando Théo me tentara agarrar ouvira uma voz conhecida. Embora tenha perdido os sentidos. Ainda senti a estranha
sensação de que fora salva.
- Francis, estás acordada? – Chamou Henrique.
Eu nada respondi. Estava com medo e
vergonha. Não sabia o que lhe dizer. Fingir que dormia parecia-me a melhor
opção.
- Francis, eu sei que não estás a
dormir. – Disse ele sentando-se a meu lado. – Precisamos conversar.
Continuei imóvel e impável. Haveria
discussão na certa. Iríamos magoar-nos. Estava em pânico, sem saber o que
fazer. Como justificar?
- Francis. – Repetiu ele novamente. - Já
entendi que não me querer enfrentar. Pois bem, então eu falo e tu escutas. O
que se passou nessa tua cabeça para fazeres tamanha estupidez? O que se passa
contigo? Sou eu a causa disto tudo? Gostas dele mas estás com medo de dizer-me?
A história do casamento foi apenas uma palhaçada para esperares a resposta
dele? Já paraste para pensar em mim? Já te ocorreu colocar-te no meu lugar?
Acho que não. Nem és capaz de imaginar como me senti ao ver aquela situação.
Acreditei que vos perdera aos dois! – Vociferou Henrique. - Desculpa Francis
mas eu não aguento mais esta situação.
- Espera! – disse eu agarrando-o. - O que
pensas fazer?
- Vou afastar-me. Acho que precisas de
espaço para decidires o que afinal queres para a tua vida e a do teu filho. E...
a quem pertence o teu coração. Cuida-te. – Foram as suas últimas palavras antes
de partir e me deixar só com os meus pensamentos e medos.
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