Acordo sobressaltada com o som do meu telemóvel. É
Henrique. O que terá acontecido para me ligar assim tão cedo? Atendo
rapidamente o telemóvel e oiço a sua voz ofegante.
- Acordei-te?
- Quer dizer… deixa para lá. O que se passa?
- Preciso que venhas comigo a um lugar muito
importante. Mas não consigo ir sozinho.
- Um lugar? Que lugar é esse?
- Não posso dizer-te. Por enquanto.
- Acordas-me assim desta maneira. De voz ofegante e
depois dizes-me que tenho de ir a algures…
- Francis confia em mim. Não vou fazer-te mal. Se é
isso em que estás a pensar. Então, vens?
- Está bem. Irei confiar em ti.
- Passo pela tua casa para te ir buscar às 12h00.
Beijos. – Disse ele desligando.
Mil
pensamentos rodopiaram dentro da minha cabeça. Rapidez. Generosidade. Dever. Mistério.
Mas no final de contas, o que tinha eu a perder mesmo? E depois qual a razão de
tanta pressa? Ligar-me assim e pedir-me para estar pronta à hora de almoço.
Haviam-se
passado mês e meio. A minha barriga já começava a aparecer e tornava-se inevitável
continuar a esconder a verdade da minha avó. Que há muito já andava desconfiada
e pronta para me dar uma lição pelo deslize. A roupa a escolher tinha de
disfarçar bem a situação. Então escolhi uma blusa branca Patterned e uma saia Jeans
com bordados. E por fim optei, como era de esperar umas sabrinas rasas cor-de-rosa.
- Francis! – Gritou a minha avó.
- Sim? – Respondi assustada.
- O Henrique está aqui na porta. Vem recebe-lo.
Desci
as escadas devagar e dirigir-me à entrada. Henrique estava muito diferente. E a
minha avó muito estranha. Henrique trajava um blazer cinzento-escuro, com
camisa banca por baixo. Calças de ganga de corte clássico e te nis cinzentos
com faixas pretas.
- Passa-se alguma coisa que eu desconheça? –
Perguntei constrangida.
- Antes de irmos ao tal lugar, preciso de dar-te um
pequeno brinde primeiro. – Respondeu Henrique quebrando o clima espinhoso.
Vi
então Henrique tirar do bolso do casaco uma pequena caixa preta. Aproximar-se
de mim e ajoelhar-se.
- Aceitas casar-te comigo?
Paralisei
instantaneamente. O “confia em mim. Não estarás mais sozinha”. Significava
isto. Não posso acreditar que ele faça tamanho impiedade para me salvar.
- Francis? – Chamou-me Henrique.
- Francis! Diz alguma coisa rapariga. – Gritou a
minha avó. – Já não era sem tempo. Não te criei par ser mãe solteira.
Nesse
momento foi como se tivesse sido esbofeteada fisicamente. Então ela já tinha
descoberto. Não posso recusar. Mas também não posso aceitar. Não está certo. O
que devo fazer?
- Francis! – Disse novamente a minha avó. – Responde
logo ao rapaz.
Respirei
fundo. Fixei os meus olhos nos dele, que vacilavam de receio. E respondi…
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