Não há mais
nada que o prenda aqui. Ele tentou compensar os seus erros, com memórias
culpadas. Mas ela já não estava mais lá.
Foi trágico aquele dia. Chovia
torrencialmente. Haviam discutido forte e feio pela primeira vez depois de 3
anos casados. Uma razão parva. Emmalie chorava sentada no seu tapete de
actividades. Eles continuavam atacando-se... Até que Lana se cansou. Pegou em
Emmalie e saiu pela porta.
- Onde pensas
que vais Lana? Onde levas a minha filha?
- Vamos embora.
Fui burra achando que alguma vez mudarias!
- Lana! Volta aqui!
Lana correu para longe da sua
proximidade o mais rápido que pode. Quando de repente... ouviu-se uma travagem
brusca. Um silêncio profundo. Alessandro aproxima-se do cenário trágico que ali
houve. É então que vê com os seus próprios olhos a sua desgraça. Mas desta vez,
sem volta possível.
- Porquê Lana? Porquê fizeste-me isto! –
Gritava Alessandro tentando agarrar-se ao que restava da sua família. – Tudo isto por uma discussão parva e sem
fundamento. Como pudeste desconfiar que já não te amava mais. Que estúpido fui,
não te ter contado logo a verdade. Eu não mereço, nem nunca mereci te dizer que
te amo. Agora perdi tudo...
- Por favor afaste-se. – Disseram os
paramédicos.
Aqueles
minutos, mais pareceram eternidades. Contemplava-se nos seus rostos o pavor. A
certeza absoluta. O desespero de revelar...
- Não! Isso é mentira! – Bravejou Alessandro.
– Acorda Lana! Não podes ter morrido. Acorda! A Emmalie precisa de ti. Eu
preciso de vocês as duas. – Implorava Alessandro ajoelhado junto dos dois
corpos já frios.
- Senhor. Elas morreram. Sinto muito.
Mas tem de deixar-nos fazer o nosso trabalho. – Disse um médico, afastando-o
dos corpos para serem levados.
Um
ano depois... ele dizia ouvir vozes. Que os seus dois amores estavam voltando
para ele. Ele acordava transpirando e gritando por elas. Jurava senti-las perto
de si. Olhando por ele. E que o chamavam...
Acabou por
ser internado numa clínica. No seu estado acabaria cometendo uma loucura.
“A razão foi novamente restabelecida...
”
- Lana...és tu? Emmalie? – Vociferou Alessandro olhando pela janela do
hospício. – Vieram me buscar? Não aguento mais isto, estou morto por
dentro. Traz-me de volta à vida,
meu amor. Desde o dia que saíste por aquela porta e levaste Emmalie. Eu sabia que
tudo que eu precisava, estava indo embora...
“ Tudo se restabelecerá... já pagaste o
teu preço... Vem, então. ”
- Vem Alessandro, nós estamos aqui para
ti. Continuamos te esperando. Fomos
muito parvos...
- Oh Lana...
- Vem
Alessandro. A Emmalie precisa do pai.
Gritos... PÂNICO. Um estrondo.
Alguém lançara-se de uma janela...
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