segunda-feira, 24 de junho de 2013

Following into direction... Capitulo 2

- Como foi a saída? – Perguntou a minha avó, entrando em casa.
- Nada de especial. Almoço, cinema, passeio...
Pouco tempo tinha passado, depois de me ter entregue a Théo. A fantasia e calor do momento duraram ínfimos minutos.  Tão fugral e tão ardente... e tão nada! Que mais poderia esperar? É bem feita. Ele não é homem, nunca foi. E jamais saberá sê-lo. Fui mesmo fraca. E agora como vou encarar o mundo? Sinto desesperadamente uma enorme necessidade de morrer. Eu já não sou mais eu, desde aquele instante...
            Descartou-me que nem uma folha de papel amassada. A vida dele continuava, e eu não fazia parte dela. Como sempre. O dia acabou mais rápido que o previsto, porque tinha uma festa para ir. Já estava muito atrasado. E a culpada fora eu. Naqueles momentos, perto dele no trajecto para casa, senti-me no papel da outra, a que está fora de cena. A devassa e ... a amante! A que se usa e joga fora. A que não presta para casar. Apenas divertir por ser nova... se ele soube o quanto chorei nessa noite. Ou as lágrimas que contive durante o tempo todo junto dele, só para não perder o resto do meu amor próprio. Desde muito nova que acreditara estar guardada para “algo grandioso”. Daí tantas provações, perdas... não isto.
            Sempre acreditei ser superior. Não me importar com patetices. E coisas do género. Mas depois que o invólucro que nos diferencia é quebrado. Nada é como acreditávamos ser. Já não pensamos da mesma forma. Nasci mesmo para ser ferrada e me ferrar nesta vida maldita...
- Francis! Quando é que sais dessa casa de banho? – Gritou-me a avó.

- Já vou. Que chata.
            Caíra a noite, estava sozinha novamente. Sozinha e vagueando em pensamentos e tumultos. A minha cabeça não parava de me fustigar e dilacerar. Os conselhos e avisos da minha avo serpenteavam à minha volta e me olhavam ferozmente. Tal fera atroz impaciente para atacar.
- Parem! Já chega! Parem...
Valeu-me o sono pesado da minha avó. Caso contrário, teria acordado e visto o aparato. Ela era a última das pessoas a saber...
            Enlouquecida e alucinada com as parcas cervejas que roubara do frigorífico para afogar as minhas mágoas. Estas por burrice minha. Dei por mim obcecada com o brilho do meu canivete Butterfly. Tão brilhante e apelativo. Agarrei-o e comecei a brincar com ele. Desenhando trilhos sobre a minha pele. Até que descuidara-me e... sangue. Quente. Vermelho. Inebriante...
- Francis!- Ouvi a minha avó chamar.
Senti um forte puxão. Fora arrancada brutalmente do meu devaneio deprimente. Assustada com a hipótese de ser descoberta. Tinha de acordar...! Tinha de esconder o corte.
- Sim, avó? O que foi?
- Podes vir aqui à avó?
- Vou já. Espera um pouco. Estou na casa de banho. – Respondi eu, pressionando o corte com uma compressa e ligando a mão com fita adesiva.






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