Desde aquele almoço com a outra que nunca mais deixei que
o Gustavo se aproximasse de mim. Inventei mil e uma desculpas. Mas já lá vai
quase um mês. E penso que ele já se apercebeu do que se passa. Hoje ligou-me a dizer
que não adiantaria dizer o que dissesse. Hoje eu tinha de estar com ele. Eu
concordei. Vou acabar com isto e dizer-lhe que não quero casar. O período de
noivado acabou. E eu já tirei as minhas conclusões. Nada mudou.
Do alto da minha janela do quarto pude
observar o carro dele chegando. Para que a minha avó não presencia-se tal. Sai
para o exterior para o vir receber. Quando o vi estacionar pude ver a sua cara.
Estava zangado. Continuei à espera que ele se aproximasse. Ele simplesmente
parou na minha frente e disse:
- Por mais quantos dias irias afugentar-me e mentir? O
que te incomodou tanto no nosso ultimo almoço? Qual a razão para não me
quereres mais ver? O que se passa Nina? Eu já não aguento mais esta situação.
- Tens razão. Eu já devia ter dito-te que não quero mais
continuar o acordo. Até porque já me decidi. Mantenho a minha posição inicial.
- Isso não é verdade. Diz-me o que se passou? O que te
fez tomar esta atitude revolta?
- A tua namorada!
- Namorada?
- Sim! Sabes bem do que estou a falar!
- A Catarina? Ela não é minha namorada. É só a minha
melhor amiga. O que te fez pensar tal coisa?
- Pára de me enganar! Acabou! Vai embora agora por favor.
- Não Nina! Não vou. Eu amo-te. O que mais terei de fazer
para veres isso? – Perguntou-me virando-se de costas. – Como não és capaz de
ver a minha alegria? É tão estranho tudo isto, parece um sonho. Acredita em
mim. Eu preciso de ti. Por favor, não vás embora. Temos vivendo um momento é
perfeito. Uma historia surreal. Em toda a minha vida asseguro-te que nunca
senti isto por mulher alguma. Confia em mim! Eu dou-te tudo! Assino tudo.
Dou-te estabilidade. Mas por favor fica comigo. Faz de mim o homem mais feliz
do mundo. Não desistas agora do casamento. Sei que começou por um acordo.Mas eu
sei, que isso já não é verdade. Muito mudou. Deixa-me ser o homem da tua vida! Por
favor.
Devido ao meu
silencio. O Gustavo então despediu-se de mim. Pela sua voz embargada pude
perceber que chorava. Um homem daquele calibre assim... Mas eu não consegui
reagir. Estava assoada de medos, receios, temores, mágoas. Até que no fundo da
minha cabeça e da minha alma uma voz se sobrepôs e me obrigou a avançar. Desta
vez eu não tinha nada a perder.
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