terça-feira, 10 de janeiro de 2023

FREI LUIS SOUSA - resumos


ESTRUTURA EXTERNA

“Frei Luís de Sousa” é constituído por três actos, sendo que o primeiro e o terceiro têm doze cenas e o segundo ato, quinze. Verificamos, assim, estarmos perante um texto organizado de forma tripartida, regular e harmoniosa.

 

ESTRUTURA INTERNA

Exposição – Ato I, Cenas I a IV

Através das falas das personagens tomamos conhecimento dos antecedentes da ação que explicam as circunstâncias actuais; conhecemos igualmente as personagens e as relações existentes entre elas.

Conflito – Cenas V a XII do Ato I, Ato II e até à Cena IX do Ato III

Desenrolar gradual dos acontecimentos, em que se vivem momentos de tensão e de expectativa – no caso de FLS, desde o conhecimento de que os governadores espanhóis escolheram o palácio de Manuel de Sousa para se instalarem até ao reconhecimento do Romeiro (Clímax) – e que desencadearam uma série de peripécias.

Desenlace – Ato III, Cenas X a XII

Desfecho motivado pelos acontecimentos anteriores – dá-se a consumação da tragédia familiar em que Maria morre e os seus pais se vêm obrigados a separar-se, morrendo um para o outro assim como para a vida terrena.

 

PERSONAGENS

D. Manuel de Sousa Coutinho:

·  · Homem culto, de muitas letras e espirituoso, cavalheiro e racional;

·  · Nobre cavaleiro de malta, bom marido e pai terno;

·  · Corajoso, audaz, decidido, patriota e nacionalista;

·  · É fidalgo e bom português;

·  · Revela-se ingénuo, e pouco perspicaz.

 

D. Madalena de Vilhena

·  · Nobre e culta;

·  · Sentimental, apaixonada, romântica, sensível e frágil;

·  · Supersticiosa, pessimista, cautelosa e insegura (vivia em pânico constante);

·  · Complexo de culpa e remorsos da sua visa passada, pois casou com D. João e gostava de D. Manuel;

·  · Ligada aos amores infelizes de Inês de Castro.

 

 

 

Telmo Pais

·  · É sem dúvida a personagem sebastiana por excelência.

·  · Aio de D. João de Portugal, cultiva quase em toda peça a esperança de que o seu amo regresse.

·  · Ironicamente será no reencontro com D. João que a sua posição se alterará, tomando o partido, ainda que involuntário, por Maria de Noronha;

·  · Telmo Pais tinha um carinho enorme por Maria, era contra o segundo casamento de Madalena.

 

Dona Maria de Noronha

·  · Personagem principal;

·  · É terna, adorava D. Sebastião;

·  · Sonhadora, corajosa, pura, ingénua, supersticiosa;

·  · Curiosa, perspicaz e inteligente;

·  · Sofria de tuberculose, possuía ouvidos de tísica.

 

D. João de Portugal

·  · Nobre (família dos vimiosos);

·  · Cavaleiro, austero;

·  · Ama a pátria e o seu rei;

·  · Ligado à lenda de D. Sebastião;

·  · Pensa que o seu sentimento por Madalena é recíproco;

·  · Exemplo de paradoxo.

 

Frei Jorge

·  · Irmão de Manuel de Sousa;

·  · Representa a autoridade de Igreja.

·  · É também confidente de Madalena, pois é a ele que ela confessa o seu “terrível” pecado: amou Manuel de Sousa ainda D. João era vivo.

·  · Acompanha sempre a família, é conciliador, pacificador e impõe uma certa racionalidade, procurando manter o equilíbrio no meio de uma família angustiada e desfeita.


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ATO 1

Ambiente agradável, mas marcado pela instabilidade emocional das personagens.

Cena I

Informações sobre o passado e características das personagens.

Ao ler episódio de Inês de Castro, de "Os Lusíadas", Madalena compara o seu estado de espírito com o de Inês de Castro (sente-se predestinada para a morte).

Cena II

Telmo conversa com Madalena e aflige-a com recordações do passado. Nesta cena, todas as personagens são apresentadas:

·  -Manuel de Sousa surge desvalorizado em relação a D. João de Portugal.

·  -Maria é sempre caracterizada positivamente – curiosa, compreende tudo, formosa, bondosa, viveza de espírito.

·  -Telmo – escudeiro valido e fiel, familiar quase parente… Cheio de agoiros e pressentimentos.

Estrutura-se, nesta cena, uma analepse, onde as personagens recuam 21 anos – batalha de Alcácer Quibir (1578), mais sete anos de busca (1585) -2º casamento de Madalena, nascimento de Maria mais um ano (15999 – presente da ação.

Telmo confessa-se um crente no regresso de D. João e justifica a sua credulidade pelas palavras de uma carta escrita por d. João, onde esta garantia que “vivo ou morto” haveria de voltar.

Madalena pede a Telmo que não fale a Maria em assuntos relacionados com a batalha e D. Sebastião… e ele promete que o fará.

Madalena está preocupada com a demora de Manuel de Sousa que foi a Lisboa, é tarde e não aparece. Pede a Telmo que vá saber notícias junto de frei Jorge.

Cena III

Maria evidencia a sua cultura e gosto pela leitura. Pede a Telmo o livro da ilha encoberta… mostra-se uma crente no sebastianismo.

Madalena tenta levar a filha a não acreditar nem em fantasmas nem em fantasias do povo.

Esboça-se um pequeno conflito de Maria com o pai e com a mãe, pois ambos não aceitam ouvir falar do regresso de D. Sebastião. Tal causa estranheza em Maria.

Cena IV

Maria não consegue entender nem compreender a perturbação e preocupação dos pais com ela. D. Madalena não pode relevar a causa das suas preocupações…

Sem querer, Maria martiriza a mãe, afirmando que lê nos olhos, nas estrelas e sabe muitas coisas, mostrando-se portadora de uma forte imaginação.

Madalena não responde às questões da filha e tenta desviar de Maria, pedindo-lhe que fale do seu jardim.

·  -As flores simbolizam a brevidade da vida.

·  -As flores de Maria murcharam. Não será um presságio da sua morte?

Cena V

Frei Jorge traz a notícia de que os governadores saíram de Lisboa e querem vir hospedar-se na casa de Manuel de Sousa, a notícia é dada progressivamente.

·  -Maria e Madalena reagem de formas distintas: Maria mostra-se entusiasmada, dá largas à sua imaginação, idealismo e patriotismo; Madalena revela alguma ingenuidade, é individualista e não revela qualquer sentido patriótico

Novos sinais da doença de Maria: ouve a voz do pai e percebe que vem “afrontado”.


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