segunda-feira, 9 de junho de 2014

Toda a Verdade sobre Intolerância à Lactose e Aleitamento materno

Introdução


A lactose é um hidrato de carbono, conhecido como o açúcar presente no leite, que é constituído por um dissacarídeo que aquando da sua absorção dá origem a dois monossacarídeos: a glicose e a galactose. É o único hidrato de carbono do leite e exclusivo do mesmo, porque apenas se produz nas glândulas mamárias dos mamíferos (Barbosa & Andreazzi, 2011).  No leite humano a lactose representa cerca de 7,2% e no leite de vaca cerca de 4,7%. Uma das causas de Intolerância à Lactose prende-se com o facto de que a maioria das mulheres quando inicia o aleitamento materno, não o  faz exclusivamente até  pelo o sexto mês de vida (Yamasaki, 2012). Começando por introduzir o leite de outros mamíferos, essa ingestão precoce pode provocar alergias ou lesões intestinais, dando origem a intolerância dos açúcares do leite. (Abath, 2013) (Ferreira & Pinto, 2012).  Isto, acontece devido à imaturidade do estômago do bebé. A introdução de novos alimentos, além do leite materno só deve acontecer a partir dos 6 meses de vida (Viegas, 2014).

Importância do Leite Materno

O Leite Materno é o melhor alimento para um recém-nascido ao fornecer-lhe todos os nutrientes essenciais, como anti-inflamatórios e imunoestimuladores, sendo responsáveis pela diminuição de incidência a infecções nas crianças alimentadas a leite materno quando comparadas com as alimentadas com outros leites. Os outros leite, nomeadamente o  leite de vaca, possui uma composição muito distinta em relação ao leite  materno e contento elevadas quantidades  de sais, alguns minerais e proteínas, causando uma sobrecarga nos rins, por isso que não se deve deixar de dar leite materno aos bebés. O Leite Materno, contém também, grandes quantidades, ácidos gordos poli-insaturados de cadeia longa, precursores das prostaglandinas, de outros mediadores lipídicos e de componentes das membranas celulares, como o cérebro e a retina. Bem como também contém em média 88% de água. Vários estudos científicos já comprovaram que crianças alimentadas com leite materno pelo menos até aos 6 meses, demonstraram ter uma menor probabilidade em desenvolverem alergias, infecções gastrointestinais, infecções urinárias, infecções respiratórias, incluindo meningites, pneumonias, bacterianas, otites, bem como também demonstraram uma redução significativa de algumas doenças crónicas ligadas ao sistema imunológico e alergia alimentar. As crianças alimentadas com leite materno mostraram ser mais activas e com um melhor desenvolvimento cognitivo em detrimento das que foram alimentadas com outros leites (Abath, 2013). Os benefícios do aleitamento, também estão associados ao melhor desenvolvimento físico, mental e emocional do bebé, como também trazem vantagens de protecção para a saúde da mãe desde a queima de calorias, retrocesso do útero mais rapidamente ao seu tamanho normal, protecção contra a osteoporose, o cancro da mama e do ovário (Battochio, et al., 2003).


Intolerância à Lactose

A lactose é um dos componentes exclusivos do leite, sendo responsável pela melhor absorção do cálcio e do fósforo, ou seja, estimula o crescimento de bifidobactérias e a suplementação de galactose, um nutriente essencial à formação dos galactolipíos cerebrais (Abath, 2013). 
O cálcio é um dos minerais mais importantes, pois é o responsável pela constituição dos ossos e dentes, além de ser fundamental para a manutenção de várias funções do organismo, como a  contracção muscular, coagulação sanguínea, transmissão de impulsos nervosos e secrecção de hormonas. Sendo necessário que os níveis sanguíneos deste mineral se mantenham em patamares seguros e específicos, para a realização das suas funções (Barbosa & Andreazzi, 2011)A lactose no leite humano representa cerca de 7,2% e no leite de vaca cerca de 4,7%.  Todavia a composição dos leites podem sempre variar devido a factores intrínsecos e extrínsecos. Por  exemplo o leite de vaca contém uma quantidade menor de lactose do que o leite materno, mas para alguns é uma quantidade capaz de levar a manifestações clínicas. Essas manifestações acontecem devido à falta da enzima lactase no organismo, o que causa uma intolerância alimentar que afecta aproximadamente 75% da população (Abath, 2013). Mas ainda existe alguma confusão entre os conceitos de Intolerância e Alergia Alimentar. Entende-se por alergia alimentar uma resposta imunológica adversa aos alimentos proteicos, que afecta cerca de 6% das crianças e 4% dos adultos e que pode matar. A alergia alimentar aparece principalmente nos primeiros dois anos de vida, onde a dieta alimentar é diferente dos outros membros da família, e vai diminui com a idade. Intolerância alimentar é uma reacção adversa aos alimentos de carácter não imunológico, podendo ser o resultado de diversos factores, como contaminação, reacções farmacológicas, tóxicas ou neuropsicológicas, mas não mata (Ferreira & Pinto, 2012). Todavia como já mencionado anteriormente, essa susceptibilidade pode ser explicada pela imaturidade dos sistemas imunológico e gastrointestinal. Vários estudos têm confirmado que a amamentação exclusiva até aos 6 meses pode prevenir estes dois fenómenos (Viegas, 2014).
    Estamos presentes de intolerância à lactose quando presenciamos sintomas causados devido à incapacidade da mucosa intestinal digerir o açúcar presente no leite - lactose. Ou seja, durante o processo de digestão, este dissacarídeo é hidrolisado no intestino delgado pela enzima intestinal β-D-galactosidase ou lactase que está presente na membrana microvilositária do enterócito, libertando os componentes monossacarídicos para absorção na corrente sanguínea. Porém, quando a actividade da lactase da mucosa intestinal é deficiente ou há uma inexistencia desta enzima, a lactose passa de imediadto para o intestino delgado, alcançando o cólon, onde é metabolizada pela microflora intestinal com produção de hidrogênio, ácido láctico, metano e dióxido de carbono. Produzindo sensação de desconforto provenientes dos gases, distensão intestinal e o problema de flatulencia. Além disso, a lactose também provoca o aumento da pressão osmótica promovendo afluxo de água e eletrólitos, os quais juntamente com os produtos da digestão bacteriana, tornam-se responsáveis por outros sintomas como cólicas, vômitos e diarréia (Yamasaki, 2012). Os sintomas surgem entre 30m a 12h após ingestão.


Diferentes Tipos de Intolerância à Lactose (Yamasaki,2012)

Podemos ter intolerância:
1. Primária Congénita - distúrbio raro transmitido por herança genética, caracteriza-se pela ausência da enzima lactase desde o nascimento.

1. Hipolactasia primária do tipo adulto - caracteriza-se pelo declínio da actividade da enzima lactase com o evelhecer do organismo.

1. Deficiência secundária de lactase  - resultante de condições que alteram a mucosa intestinal, tais como lesões ou alguma doença intestinal.



 Métodos de Diagnóstico        

Os testes de intolernância a lactose consistem no consumo de 25 a 50g de lactose, seguido de 2 a 3 h de espera pelo aparecimento dos sintomas (Barbosa, 2011). Estes testes são :

· Sobrecarga de Lactose: teste utilizado para verificar a curva glicêmica do indivíduo. Caso o paciente absorva lactose, a sua glicemia deve aumentar a cima de 1,4mmol/l. Para a realização deste teste, o indivíduo precisa permanecer em jejum (Barbosa).

· Teste de Hidrogênio: é o teste mais utilizado para o diagnóstico desta patologia, por se tratar de um método  não invasivo e bastante preciso na avaliação da absorção de hidratos de carbono. O método consiste na medição da quantidade de hidrogênio expirado pelo paciente antes e depois do consumo de lactose. Se o paciente tiver intolerância à lactose, ocorrerá uma alta produção de gás hidrogênio.


Tratamento

O mais usual como forma de tratamento passa pela eliminação do consumo de produtos contendo lactose. Assim sendo, nas dietas sem lactose  utilizadas no tratamento, torna-se de fundamental importância que os indivíduos façam um bom aporte em cálcio (ex: sardinha enlatada, aveia, nabo, espinafre, figo seco, bebida de soja fortificada com cálcio, leite com baixo teor de lactose, sumo de laranja enriquecido com cálcio e vitamina D (Barbosa, 2011)), e/ou suplementação para atender os níveis de ingestão diária recomendada. Deve-se ter em conta que devido à variabilidade individual, é fundamental personalizar a orientação nutricional (Abath, 2013). Por exemplo consoante à orientação nutricional definida do individuo, o seu tratamento pode passar por consumir alimentos com baixo teor de lactose, tais como iogurte e produtos lácteos (ex: queijos tratados com Lactobacillus, visto que a lactose presente nele encontra-se em concentração reduzida. Além disso deve-se levar em conta o retardo do esvaziamento gástrico, o tempo de trânsito intestinal e a capacidade dos seus microorganismos em digerir a lactose. Outro exemplo de tratamento é a ingestão de pequenas quantidades de lactose diversas vezes ao longo do dia. Ou ainda de probióticos que nas quantidades certas alivia os sintomas de intolerância a lactose (Yamasaki, 2012).


Sugestões de substituição da Lactose (Abath, 2013):

   Leite de Coco, de Amêndoa, de soja ou Leite 0% de Lactose;
  Natas de soja, de coco, de arroz, ou Natas 0% de Lactose;
  Queijos de soja ou 0% de Lactose ou então brie, camembert, roquefort, cheddar, parmesão e
   emmental;
· Sumo de frutas;
· Gordutas vegetais;
· Manteiga Clarificada;
· Chás de ervas;
· Água de Coco;
· Castanha do Pará;
· Tofu;
· Aveia;
· Linhaça;
· Quinoa;
· Ameixa Preta Seca (receitas doces).
  

 Conclusão

A intolerância à lactose é uma realidade que atinge grande parte das pessoas no mundo inteiro, que acarreta problemas como a osteoporose devido a uma menor absorção de cálcio, causada por dietas isentas de lactose ou por uma deficiente absorção. Felizmente, no mercado já existe uma vasta quantidade de produtos para quem sofre desta patologia, contendo a quantidade de proteínas e vitaminas essenciais ao nosso organismo, além dos leites feitos a base de soja, arroz, milho, castanha, quinoa. Mas há vários outros produtos isentos de lactose como os queijos (Nestlé, 2011). Todavia esta patologia pode ser evitada desde logo. Durante a fase de crescimento e desenvolvimento é necessário estabelecer bons hábitos alimentares, que continuarão na adolescência e na idade adulta. Por isso os primeiros anos de vida são condicionados pelas necessidades nutritivas dos recém-nascidos e o seu grau de maturidade funcional, especialmente quanto ao tipo de alimentação (Abath, 2013). O aleitamento materno deve ser incentivado e mantido pelo menos até aos 6 meses, pois é o alimento ideal para crianças nos primeiros meses de vida, possui nutrientes em quantidades e qualidades adequadas para o desenvolvimento cognitivo da criança, além de desempenhar um papel fundamental na protecção imunológica, ou seja, contra doenças infecciosas que penetram a circulação através do trato gastrintestinal. O erro começa por introduzir-se outros leites antes dos 6 meses e essa ingestão precoce provocará alergias ou lesões intestinais, dando origem à intolerância dos açúcares do leite, porque o estômago do bebé ainda é muito imaturo (Viegas, 2014).

Bibliografia

Abath, T. N., 2013. Substitutos do leite animal para intolerantes à lactose. [Online]
Disponivel em:
http://bdm.bce.unb.br/bitstream/10483/6346/1/2013_Tha%C3%ADsNavesAbath.pdf
[Consultado a 01 03 2014].
Barbosa, C. R. & Andreazzi, M. A., 2011. Intolerância à Lactose e suas consequências no metabolismo do cálcio. Revista Saúde e Pesquisa, I(4), pp. 81-86.
Battochio, A. P. R., Santos, A. G. d. & Coelho, C. A. R., 2003. Leite materno: considerações sobre nutrientes específicos e seus benefícios. Revista Brasileira de Nutrição Clínica, XVIII(3), pp. 136-141.
Costa, C. V. e. G., 2007. Doce Equilibrio. s.l.:100% Editores.
Félix, N., 2014. Apontamentos. Estoril: ESHTE.
Mimosa, 2011. Lacteos sem lactose. [Online]
Disponivel em:
http://www.mimosa.com.pt/cnam/solucoes-mimosa/lacteos-sem-lactose/
[Consultado a 22 03 2014].
Nestlé, 2011. Revista Bios - Nutrição E Saúde, Issue 13, pp. 3-4.
Viegas, C., 2014. Apontamentos. Estoril: ESHTE.
Yamasaki, K. A., 2012. Conduta dietética na intolerância à Lactose. [Online]
Disponivel em:
http://www.e-gastroped.com.br/dez12/conduta_dietetica_na_intolerancia_a_lactose.pdf
[Consultado a 01 03 2014].





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