O que faço neste quarto vazio? Sinto a sua presença constantemente ao meu redor, mas não está aqui ninguém. A vida tem sido uma melancolia infernal e mesmo assim continuo na incerteza do que fazer. Olho-me ao espelho e já não vejo mais a pessoa que fui. Escondi-me.
Não tenho condições para ter esta criança, tão pouco tenho perfil para ser mãe. Mas quem quis eu enganar? Deixei todo o meu futuro escapar-me por entre os dedos e optei por desistir.
Acreditei em Théo novamente, e já era de esperar o que aconteceu depois. Ilusões de adolescente imatura. Sei lá o que é a vida, nunca soube fazer nada além de dedicar-me aos estudos e literatura.
- Francis! - gritou a minha avó. – Podes ir abrir a porta? Estou ocupada com o jantar.
Quem poderia ser a estas horas? Se fosse de manhã diria que era o correio. Bem, cá vou eu levantar-me. De repente senti o chão fugir diante dos meus olhos e apoiei-me na barra da cama. Que sensação estranha. Recompus-me e prossegui em direcção das escadas para descer, quando novamente uma forte tontura me enturva a vista e me faz perder o equilíbrio.
- Francis! – ouvi gritar uma voz.
- Oh. Meu Deus! – Gritou outra voz.
- Francis, fala comigo. Francis!
Henrique? Seria? Não sei bem, o mundo estava desfocado e eu só sentia dores no abdómen. O bebé!
- O bebé! O meu bebé... – disse eu levando instantaneamente a mão ao ventre antes de perder os sentidos.
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