Faz tempo que Henrique saiu da minha vida sem
deixar rasto. Sinto saudades suas. Da sua voz. Do seu cheiro. Parece loucura!
Será? Nunca reparara em tal facto anteriormente. Podia jurar que esquecera Théo
depois do que aconteceu. Ou então quando assistira sozinha ao abismo da minha
vida. Grávida! Mãe solteira! Desempregada! E de repente encontro Henrique...
Porém ao início via Henrique apenas como amigo. Por estúpido que parece-se
sentia que não podia gostar de mais ninguém. Sei lá! Contudo este tempo afastada
dele tem me feito pensar muito nas suas palavras e nos actos. Não é qualquer um
que abdica do sei futuro para “sustentar” uma mãe solteira! Quando mal a
conhece! Só que sinto que continuo presa a Théo. Continuo a criar expectativas
vazias e incrédulas! E isso impede-me de avançar. Então porque razão sinto
tanta necessidade de Henrique aqui? Eu amo ou amava Théo e foi intenso.
Irreverente. Estranho. Só que ele esqueceu-se de mim. Prosseguiu a sua vida sem
parar para pensar uma única vez em mim! Nunca me assumiu, tão pouco se declarou
para mim. Tantas foram as malditas promessas... e tão poucos os actos e acções.
Tantos sonhos que idealizara para nós. E no fim... fui apenas mais uma na sua
vida. Nunca tivera sorte ao amor! Nem na vida...
Chove lá fora. Já quase é
Novembro. Depois Dezembro! Natal! O tempo corre rápido. Mais uns meses e o bebé
nasce. Continuarei só? O meu filho crescerá sem pai? Será que nunca terei
alguém que me ame e deseje esperando em casa? Serei mais uma nas listas de famílias
monoparentais?
O vento rosna fortemente lá
fora. Oiço os seus assobios salivosos nos freios da janela. Ergo-me da cama.
Agarro o telemóvel. Já chega de continuar neste impasse.
Sem comentários:
Enviar um comentário