1-
Introdução
O presente trabalho surge no âmbito da disciplina tecnologia alimentar I
e tem por objectivo abordar a temática desidratação na indústria alimentar.
Faremos então uma abordagem ao tema, e aos factores a ele relacionados. Apresentaremos,
também, um menu de pratos onde alimentos desidratados estão presentes, bem como
o fluxograma de cada ingrediente da ficha técnica.
Apresentaremos ainda, o relatório da análise sensorial realizada a dois
produtos: cogumelos frescos e desidratados, e cujo objectivo principal foi o de
perceber se as principais alterações causadas pela desidratação do produto em
questão são sentidas pelo consumidor.
2- Desidratação
O tratamento por calor
continua a ser um dos métodos mais importantes no processamento dos alimentos,
sobretudo pelo efeito conservador derivado da destruição de enzimas e de
microrganismos. Contudo, o calor também altera e destrói componente dos
alimentos responsáveis pela sua qualidade organoléptica.
Métodos e maquinarias foram criados e desenvolvidos de
modo a minimizar esses danos nos alimentos aquando o seu processamento.
Uma das técnicas de conservação pelo calor mais
antigas aplicada em alimentos é a desidratação, ou secagem.
Tudo
terá começado quando os povos primitivos repararam que as sementes das plantas
de que se alimentavam se conservavam por muito mais tempo depois de secas, por
exposição ao sol.
A
primeira máquina para desidratar frutas e vegetais por meios artificiais foi
construída em França em 1795, no entanto, a desidratação só passou a ser
aplicada de forma significativa durante a primeira Guerra Mundial, devido à
necessidade de alimentos em larga escala, destinados às tropas em combate.
Desidratar
um alimento, enquanto técnica de conservação, consiste na redução do teor de água
do mesmo, de modo a diminuir os riscos de contaminação microbiológicas, evitar
reações químicas não desejáveis e desse modo aumentar o seu período de vida
útil, em condições menos exigentes.
Assim
sendo, a desidratação constitui uma operação unitária[1], onde a matéria prima é exposta a determinada temperatura,
gerada natural ou artificialmente, que promove a transferência da humidade para
o ar, que deve circular constantemente, eliminando assim a água do alimento.
Em
geral, durante a desidratação o alimento perde entre 70% a 90% do seu teor de
água inicial.
2.1- Técnicas
de Desidratação
Secagem solar
O processo consiste na exposição do alimento
ao sol, fazendo-o perder água por evaporação. Embora este método tenha a
vantagem de ser muito económico, uma vez que a fonte de energia é livre e
renovável, tem também desvantagens, tais como a dependência das condições
climáticas, a necessidade de grandes áreas de exposição dos produtos e os
problemas que podem surgir de ataques de animais que provocam infestações e
contaminações. Além disso, os tempos de secagem podem ser longos, se as quantidades
a secar forem elevadas.
Este método pode dividir-se em:
-Secagem
Directa: o sol incide directamente sobre os alimentos dispostos no secador (uma
plataforma).
-Secagem Indirecta: é realizada
por um colector que converte a energia solar em calor, que passa por uma câmara
de secagem onde os alimentos são colocados.
Secagem convectiva
Esta é a técnica de desidratação mais simples
e tem aplicação em produtos de baixo valor. Neste tipo de secagem, o calor é
transferido para o produto por convecção de ar pré-aquecido sob condições
controladas, o que provoca a evaporação da água do produto para o ar que a
transporta para o exterior.
O secador consiste basicamente num sistema
aberto ou fechado com circulação de ar forçado que passa por uma câmara de secagem
onde se encontra o produto a secar, que pode estar disposto em camadas ou a
granel.
Secagem por radiação infravermelha
A energia é transportada na forma de ondas
eletromagnéticas que penetram no produto e convertem a energia em calor. Os
principais produtos alimentares são capazes de interagir com este tipo de
ondas, resultando num tipo de secagem que
resuta do aquecimento do alimento.
Na secagem por infravermelhos, os produtos sólidos
a serem secos, em geral absorvem a radiação numa estreita camada na superfície
devido à reduzida penetração da radiação infravermelha. É pouco aplicada a
produtos alimentares devido à dificuldade de controlar a taxa de aquecimento.
Secagem dieléctrica/microondas
Os secadores de microondas e dieléctricos
utilizam energia eletromagnética em determinado nível de frequência. Esta
energia permite aquecer rapidamente todo o produto sólido. A energia dieléctrica
pertence à gama de frequência 1-200 MHz, enquanto a energia de microondas
pertence à gama de frequência de 300 MHz até 300 GHz. Embora a maioria dos
produtos, quando quase secos, sejam maus condutores de rádio-frequência ou
micro-ondas, a impedância desses produtos permite o aquecimento elétrico. O
aquecimento deve-se à absorção de energia por parte das moléculas de água.
Secagem por liofilização
É um processo de desidratação usado para conservar alimentos
perecíveis. A água é retirada por sublimação, o que significa que não passa
pelo estado líquido.
As condições de baixa pressão e temperatura
envolvidas no processo tornam-se determinantes para a preservação da qualidade
nutricional do alimento, pois as proteínas e as vitaminas ficam protegidas das
reações enzimáticas e oxidativas que levam às perdas nutricionais, fazendo da
liofilização a melhor tecnologia de secagem em relação à qualidade do produto
final.
Secagem osmótica
Consiste na remoção parcial de água através da
pressão causada quando se coloca o produto em contacto com uma solução
hipertónica de solutos. A diferença de concentrações de solutos entre os dois
meios faz com que a água do meio menos concetrado, neste caso do alimento,
passe para o meio mais concentrado de forma a equilibrar a concentração de
soluto.
A técnica osmótica, normalmente, não oferece
produtos com teor de água suficientemente reduzido para estabilizar em
armazenamento de forma a não reidratar à temperatura ambiente. Deste modo, tem
sido utilizada particularmente como um pré-tratamento a alguns processos
convencionais, tais como secagem convectiva, microondas e liofilização, com o
objetivo de reduzir custos de energia.
2.2 - Tipos de secadores
2.2.1 - Secadores adiabáticos
2.2.1.1 - Secador de bandeja
São secadores construídos em forma de câmara para receber o material a
ser submetido à desidratação, muito utilizado para frutas e
hortaliças. Consiste em impulsionar o ar por um
ventilador, que passa por um sistema de aquecimento (resistência eléctrica, por
exemplo) e obriga o ar quente a entra na câmara
(Vasconcelos & Filho, 2010).
Trata-se de um tipo de secador mais simples, indicado para pequenas
indústrias ou para estabelecer parâmetros de secagem para novos produtos antes
de serem produzidos em escala industrial.
2.2.1.2 - Secador tipo túnel
Consiste
num túnel de comprimento variável no qual se situam bandejas ou esteiras com o material
a ser desidratado. A corrente utilizada pode ser natural ou forçada e o fluxo
de ar pode ser paralelo ao fluxo da matéria-prima, contra-corrente ou
combinado. No fluxo paralelo, a secagem inicial é bastante rápida, no entanto,
no estágio final o ar já se encontra a temperaturas mais baixas e bastante húmidas.deste
modo, o produto final pode não ficar suficientemente seco. No fluxo contra-corrente
as melhores condições de secagem ocorrem a medida que o material se aproxima do
seu estado seco. Este tipo de fluxo utiliza menos calor, resultando em produtos
mais secos que os processados em fluxo paralelo. Muitas vezes combinam-se os dois
tipos de fluxo, ou seja o produto é colocado primeiro em contacto com o fluxo
paralelo para aproveitar a alta velocidade inicial de desidratação e depois, em
contra-corrente para se obter um produto mais seco.
2.2.1.3 - Secador por aspersão (Spray
dryers)
Mais
conhecido por “spray dryers”, são usados para alimentos líquidos ou pastosos. O
produto líquido é bombeado
para dentro da câmara de secagem e passa para o estado gasoso através turbinas
atomizadoras. Depois o alimento atomizado entra em contacto com ar aquecido,
geralmente, com temperaturas em redor dos 150ºC, evaporando a água rapidamente,
cerca de 3 a 5 segundos, o que não permite que a temperatura interna do alimento
ultrapasse os 70 ºC. Então, o produto na forma de pó sedimenta-se no fundo do
secador onde é retirado por um sistema de transporte pneumático até o sector de
embalagem (Vasconcelos & Filho,
2010). A atomização é utilizada
na desidratação de alimentos sensíveis ao calor como leite, ovos, frutas e
café, porém o seu custo de aquisição e manutenção é muito elevado.
2.2.2 - Secadores de contacto
A transferência de calor é feita por condução através de uma superfície
metálica, estática ou em movimento.
2.2.2.1 - Secador de tambor (Drum-dryers)
Consiste na secagem de alimentos líquidos ou em pasta, aplicando uma fina
camada sobre cilindros ou tambores rotativos previamente aquecidos por vapor ou
energia eléctrica. Após a remoção da humidade, a camada do produto seco é
destacada do tambor por uma raspadeira. A camada do produto aplicada deve ser
muito fina para favorecer a transmissão de calor e de massa e evitar
aquecimento excessivo. Os secadores de tambor permitem uma produção elevada e
são muito económicos. São úteis para flocos de batata, leite, soro, sopas e
cereais instantâneos. O produto final obtido por este tipo de secagem,
geralmente, não apresenta boa solubilidade. foi
um método de secagem utilizado durante muito tempo na fabricação de
leite em pó, mas actualmente é utilizado em produtos que suportam maior
aquecimento, como as farinhas lácteas e os cereais de pequeno-almoço (Vasconcelos & Filho, 2010).
2.3 - Processos tradicionais de desidratação
Tradicionalmente as técnicas de defumação e de salgamento são muito
utilizadas na conservação de alimentos. O objectivo das duas é a redução do aw
do alimento, contudo a quantidade de água removida neste processo não é
suficiente para inibir a actividade microbiana, daí a necessidade de associar
estes processos a outras ténicas de secagem e conservação.
No salgamento, os alimentos são
mantido em salmoura, onde as bactérias presentes no alimento, ao entrarem num
ambiente de alta concentração salina (até 30%), morrem rapidamente por
desidratação. Apesar da eficiente preservação dos produtos sob o ponto de vista
microbiológico, a salga não evita a degradação química. Já a defumação, combina
redução do aw com a ação antimicrobiana libertada pelo fumo.
2.4 - Efeitos da desidratação nos alimentos
Durante a desidratação todos os alimentos sofrem alterações, normalmente ao
nível da sua qualidade. O objectivo das tecnologias de desidratação é minimizar
essas alterações, maximizando a eficiência do processo.
Todas as alterações que ocorrem no alimento
dependem da sua estrutura, uma vez que essas mesmas alterações ocorrem ao nível
das estruturas moleculares, macromuleculares e micro e macroestruturas
dependendo das condições a que são sujeitas. Por exemplo “during drying at elevated temperatures, Maillard reactions are
accelerated. Thus, peptides and reducing sugar molecules are transformed into
taste-active molecules. During drying,
proteins are also denatured, and their three-dimensional structure changes
accordingly. Following this denaturing, proteins can coagulate. (...) In
addition to these reactions, isomerization, oxidation, and various other
reactions are accelerated during drying at higher temperatures.”[2]
Tal como a temperatura da secagem, a
velocidade também influencía as características do produto final. Assim, “Fast dehydration of liquid products
leads to amorphous structures whereas slow drying allows substances with low molecular weight to
crystallize”[3]
As principais alterações que ocorrem durante a desidratação referem-se a:
textura, sabor e aroma, cor e valor nutritivo.
Textura
A textura dos alimentos é garantida principalmente pelo conteúdo de água,
gordura, e pelos tipos e proporções de algumas proteínas e hidratos de carbono
estruturais (celulose, pectina). As mudanças na textura estão relacionadas com
a perda rápida e forçada de água ou gordura.
No caso de frutas e verduras, as perdas de textura podem estar
relacionadas com a geleificação do amido, cristalização de celulose,
desnaturação proteica e por tensões internas durante a desidratação, causadoras
de distorções permanentes nas células, conferindo ao alimento um aspeto enrugado.
Estes alimentos absorvem água mais lentamente, durante a reidratação, e não
chegam a adquirir a textura firme original.
A temperatura e a velocidade desidratação exercem um efeito determinante
sobre a textura dos alimentos. Velocidade e temperaturas mais altas, em geral
provocam maiores danos na textura do alimento. À medida que a água se vai
eliminando, os solutos dispersam-se para a superfície dos alimentos. A temperatura
elevada, especialmente em frutas, pescados e carnes, provoca mudanças físicas e
químicas à superfície dos alimentos e conduz à formação de uma capa superficial
dura e impenetrável. Isso reduz a velocidade de desidratação e dá lugar a um
alimento seco à superfície e húmido no interior. Este efeito pode ser
minimizado controlando os parâmetros de desidratação para evitar que se produza
uma diferença muito grande entre o conteúdo de água da superfície e o do
interior do alimento.
Sabor e aroma
A acção do calor promove radiações ionizantes, oxidação ou actividade
enzimática sobre as proteínas, hidratos de carbono e componentes voláteis
diversos.
A força física que causa a remoção da molécula da água durante a
desidratação, causa também a remoção de compostos voláteis. Deste modo os
alimentos desidratados terão menos sabor e aroma destes compostos. A
intensidade desta perda depende da temperatura e da concentração de sólidos no
alimento, assim como a pressão de vapor das substâncias voláteis e sua
solubilidade em vapor de água.
Um controlo adequado das condições de desidratação nas primeiras fases do
processo permite reduzir estas perdas. Os alimentos mais caros, devido às suas
características aromáticas especiais (ervas aromáticas, por exemplo) são
desidratados a temperaturas baixas e em condições extremamente controladas.
A segunda causa importante da perda de aroma é a oxidação dos pigmentos,
vitaminas e lípidos durante o armazenamento. Isto dá-se devido à presença de
oxigénio. A velocidade com que estes componentes se deterioram depende da actividade
da água no alimento e da temperatura de armazenamento. No leite em pó, por
exemplo, a oxidação dos lípidos dá lugar a um aroma rançoso devido à formação
de produtos secundários. As formas de
prevenir estas alterações são o uso de embalagens com atmosferas especiais; armazenamento
do produto a baixa temperatura; não exposição a luz solar; adição de
antioxidantes.
Cor
As mudanças químicas que ocorrem em pigmentos como clorofila, resultam do
calor e a oxidação que acontecem durante a desidratação. Em geral quanto mais
prolongado o processo de desidratação e mais elevada a temperatura, maiores as
alterações destes pigmentos. Por outro lado, a oxidação e a actividade
enzimática residual promovem as alterações de cor durante o armazenamento.
As alterações da cor durante o armazenamento dependem sobretudo da
temperatura de armazenamento dos produtos e da actividade da água dos mesmos.
Valor Nutritivo
As grandes diferenças observadas no valor nutritivo dos alimentos
desidratados devem-se aos diferentes sistemas de preparação, a temperatura
durante o processo de desidratação e as condições durante o armazenamento. As
perdas do valor nutritivo de frutas e verduras durante a preparação geralmente
são maiores do que as causadas no próprio processo de desidratação.
A solubilidade das vitaminas em água depende da vitamina em questão. A
vitamina C, por exemplo, se perde em todas as fases: é solúvel em água,
portanto perde-se por lixiviação, é sensível a calor, podendo desnaturar-se
facilmente.
As perdas que ocorrem durante o armazenamento podem ser reduzidas se se
mantiver o produto protegido da luz, em ambiente refrigerado e com baixas concentração
de oxigénio no meio.
A desidratação não altera substancialmente o valor biológico e a
digestibilidade das proteínas da maior parte dos alimentos.
2.4.1. Reidratação
A água eliminada de um alimento, durante a desidratação, não pode se
restituída da mesma maneira durante a reidratação do mesmo.
A desidratação provoca perda da pressão osmótica das células, mudanças de
permeabilidade da membrana celular, migração de solutos, cristalização de polissacarídeos
e desnaturação de proteínas celulares; factores que contribuem a que se modifique
a textura, parte das substâncias voláteis se percam de forma irreversível, e
redução da capacidade de retenção de água.
A velocidade e o grau de reidratação servem como medida da qualidade do
produto desidratado: os alimentos desidratados em condições óptimas se
deterioram menos e se reidratam mais rapidamente e de forma mais completa do
que os desidratados em piores condições.
2.4.2. Embalagem
Constitui parte importante
de todas as operações de processamento dos alimentos. As suas principais funções
são: Contenção (manter o conteúdo seguro até ser usado); Protecção (contra
riscos mecânicos, ambientais); Comodidade (fácil arrumação) e a nível de marketing:
comunicação, informação, estética, imagem.
Os principais factores
que causam a deterioração dos alimentos desidratados são:
-Condições climatéricas que podem causar mudanças físicas e químicas (luz
ultravioleta, vapor de água, oxigénio, mudanças de temperatura);
- Contaminação (por microrganismos, insectos).
A embalagem visa proporcionar uma barreira entre o alimento e o ambiente
circulante. Permite o controlo da transmissão de luz, velocidade de transmissão
de calor, de humidade, e gases, e o movimento de microrganismos e insectos.
2.5 - Vantagens e desvantagens da Desidratação
Vantagens:
- Aumento do período de vida útil dos alimentos
- Responde a sazonalidades de alguns produtos
- Permite o abastecimento em zonas mais restritas
- Não tem grandes exigências quanto a condições de armazenamento (temperatura)
Desvantagens:
- Redução de algumas qualidades organoléticas do alimento
- Dependendo do método, custos elevados
- Produto final mais carro
2.6 - Factores que condicionam a Desidratação
Existem vários factores que condicionam o processo de
desidratação dos alimentos e estes, estão sobretudo relacionados com: Condições do processamento e a natureza do produto a ser desidratado.
Condições de
Processamento
A composição do
produto - é necessário para se estimar o quão rápido o
produto vai secar e as melhores condições para o efeito. Assim é necessária a
manipulação de algumas variáveis:
àTemperatura
– temperatura elevada aumenta a taxa de secagem devido a uma maior taxa de
transferência de calor, o que resulta numa maior taxa de vaporização.
Além disso, a humidade relativa baixa com o aumento da temperatura. Assim, o aumento da temperatura do ar acelera a secagem. No entanto podem causar reações físicas e químicas indesejadas, pelo que, um limite prático deve ser encontrado para cada produto alimentar de modo a manter a máxima qualidade do produto.
Além disso, a humidade relativa baixa com o aumento da temperatura. Assim, o aumento da temperatura do ar acelera a secagem. No entanto podem causar reações físicas e químicas indesejadas, pelo que, um limite prático deve ser encontrado para cada produto alimentar de modo a manter a máxima qualidade do produto.
àVelocidade do ar
- a velocidade que o ar circula tem impacto na redução da taxa de humidade do
produto durante a desidratação. Assim a evaporação da humidade do alimento é
melhorada se a concentração de humidade no ar for menor.
àHumidade Relativa
- a quantidade de humidade no ar, mensurada pela pressão de vapor ou humidade
relativa do ar, afecta a força motriz para a transferência de massa. A
diferença de pressão de vapor de humidade entre a superfície do alimento e do
ar de secagem representa a força motriz para a transferência de massa. Para um
dado produto alimentar, com uma pressão de vapor de superfície conhecida ou atividade
da água do alimento, o aumento da humidade relativa do ar diminui a força de
condução e, reduz a taxa de secagem.
Propriedades dos alimentos
àSuperfície
- a distância que as moléculas de água devem viajar dentro de um produto
alimentar determina o quão rápido que o alimento pode secar. Quanto mais se
reduzir o tamanho do alimento mais fácil é a sua secagem.
àOrientação Constituinte
- A migração da humidade dentro de um produto alimentar pode ser significativamente
diferente em direcções diferentes, dependendo da orientação dos componentes
alimentares. Por exemplo, a estrutura fibrosa de aipo faz com que a secagem
seja mais rápida ao longo do comprimento.
àA estrutura celular
- A água existente entre a estrutura celular dos alimentos é mais fácil de
remover do que a água contida no interior das células, uma vez que existe uma
resistência adicional à migração de água entre o limite da célula. Quando as
estruturas celulares são rompidas, a secagem é facilitada. No entanto, o dano
devido à ruptura da célula pode resultar num produto seco indesejado.
àTipos e concentração dos
solutos – A presença de solutos, como amidos, açúcares, sal, e
proteínas, que interagem com as moléculas de água podem inibir a sua mobilidade,
especialmente em concentrações mais elevadas. O solutos também influenciam a actividade
da água e viscosidade do produto alimentar, tornando o processo de secagem mais
lento.
3- Conclusão
Com
a elaboração deste trabalho, deparei-me com a existência de diferentes
métodos/processos de desidratação, desde os mais tradicionais como a salga e a
defumação aos mais modernos. Sendo que uns são mais adequados para determinados
alimentos e áreas da indústria que outros. Por exemplo dentro dos mais modernos
temos a aplicação dos secadores adiabáticos e dos secadores de contacto, os
secadores de bandeja, muito utilizados para frutas e hortaliças e é o mais
indicado para pequenas indústrias. Os secadores por aspersão, muito usual para
alimentos líquidos ou pastosos. Como o leite, ovos, frutas e café, porém o seu
custo de aquisição e manutenção é muito alto. Os secador de leito fluidizado
utilizado para secagem de batata em grânulos ou flocos, cebola em flocos,
cenouras, cacau, cubos de carnes, ervilhas e cereais. Os secadores de tambor,
usados durante muito tempo na fabricação de leite em pó, mas actualmente mais
usados para farinhas lácteas e os cereais de pequeno-almoço. Trata-se de uma
área a que devemos dar determinada atenção, de forma a assegurar que a escolha
feita, nos permita manter a maior qualidade possível dos alimentos e, prolongar
o tempo de duração e armazenamento dos mesmos.
No
que toca às opções escolhidas para o menu, estas basearam-se em demonstrar a
utilização do método de desidratação, nos alimentos que usamos no nosso
dia-a-dia. Sendo escolhidos, por isso, alimentos que sofram a aplicação deste
processo – a desidratação.
Penso
que os pratos seleccionados para representar este processo em estudo, foram os
mais apropriado,
pois além de terem em evidência o processo principal, apresentam também, tanto
no processo de confecção, como ao longo da produção de todos os alimentos,
outras operações unitárias de extrema importância na Indústria Alimentar,
alargando desta forma, os nossos conhecimentos acerca de outros tipos de
processos, como os processos incluídos na produção das natas, do queijo
parmesão e do chocolate.
Por fim posso concluir tal como Drazˇenka Komes (2007) que: “[In this case] The higher RO indicates that dehydrated pear cubes have
fine porous structure, which contributes to their better reconstitution keeping
compartmental properties of these products. A short-time reconstitution capacity
may be advantageous for dried pear cubes when they are used for breakfast
cereals…”
4- Referências
Livros:
·
Castro,
A. G. d., 2001. Conservação dos alimentos pelo calor. In: I. Piaget, ed. Alimentação
e Saúde. Lisboa: Instituto Piaget, pp. 66-68.
- Castro, A. Gomes (2003). Embalagem para a
Industria Alimentar. Instituto Piaget
- CHAPMAN & HALL, USA
·
Evangelista,
J., 2011. Tecnologia de alimentos. In: A. Editora, ed. Controlo de
Qualidade. Atheneu Editora ed. Rio de Janeiro: São Paulo, pp. 286,395-397.
·
Fellows, P. J., 2000. Food Processing Technology:
Principles and Practice, Second Edition. In: C. Press, ed. Dehydration. New York:
Woodhead Publishing, p. 311-338.
- Fellows, P.J (2000). Food Processing
Technology Principles and pratice. WoodHead, England: Cambridge.
- Heldman,
Dennis R; Hartel, Richard W. (1997). Principles
of Food Processing. CHAPMAN & HALL
Sites:
- Encyclopaedia Britannica
(2013). [Online] Disponível em: http://www.britannica.com/EBchecked/topic/156046/dehydration
[Consultado a: 23-04-2013]
·
HENDLEY, A. J., 2011. Secar
alimentos. [Online]
Available at: http://accaopopularlibertaria.files.wordpress.com/2011/03/secar-alimentos.pdf
[Consultado a 27- 03- 2013].
Available at: http://accaopopularlibertaria.files.wordpress.com/2011/03/secar-alimentos.pdf
[Consultado a 27- 03- 2013].
- Virginia Cooperative
Extension [Online] Disponível em: http://pubs.ext.vt.edu/348/348-597/348-597.html
[Consultado a: 25-04-13]
Documentos:
·
Lopes, R. L. T., 2007. Conservação de alimentos. D
O S S I Ê T É C N I C O - CETEC, Outubro, pp. 4-9 .
Artigo:
- BRENNAN, J. (2006). Food
Processing Handbook. WILEY-VCH, Weinheim.
- Drazˇenka Komes, T. L. K. K. G., 2007. Aroma of
dehydrated pear products. Elsevier, 27 06, 40(6), p. 1578–1586.
- MANDALA, I, at al (2005). Influence of osmotic dehydration
conditions on apple air-drying kinetics and their quality characteristics
Journal of Food Engineering. Vol. 69, n.º 3 (2005), p. 307-316.
- NETO, M. [et al.]
(2005). Desidratação osmótica de
manga seguida de secagem sonvencional: avaliação das variáveis de processo.
·
Vasconcelos, M. A. d. S. & Filho, A. B.
d. M., 2010. Conservação de Alimentos. UFRPE/CODAI, 14 01, pp. 45 - 52.
Imagens:
- Frutas liofilizadas
[Online] Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/comida/ult10005u322470.shtml.
[Consultado a 12-04-2013]
- Frutos desidratados.
[Online] Disponível em: http://www.mundoeducacao.com.br/quimica/liofilizacao-alimentos-desidratados.htm
[consultado 18-04-2013]
- Secador de túnel
[Online] Disponível em: http://portuguese.alibaba.com/product-gs/tunnel-dryer-334326443.html. [consultado
a 01-05-2013]
- Secagem ao sol [Online]
Disponível em: http://rustymarcellini.blogspot.pt/2009/12/serie-melhores-fotos-09.html
[[consultado a 01-05-2013]
Boa tarde, gostei imenso deste artigo, mas ainda assim gostaria de lhe perguntar que tipo de desidratação julga ser mais aconselhável para um fruto como o Goji, de forma a manter as vitaminas e que seja compatível com o modo de produção Biológico.
ResponderEliminarObrigado
André Teixeira
andrecardosoteixeira@gmail.com
Eu diria a liofilização, mas trata-se de um processo caro
Eliminar