No vazio, e em silêncio, a solidão murmura-me
segredos que ecoam indiferentes pela minha mente. Surgem os remorsos, as
marcas, as perdas…, o coração bate descompassado, e as emoções dançam numa
valsa caótica entre a alegria efémera e a tristeza profunda, sufocando
lentamente a essência do meu ser.
O reflexo no espelho mostra um rosto que já não
reconhece a sua própria história. Um quadro em constante metamorfose, oscilando
entre o amor e o desprezo, entre a esperança e a desalento. Uma
hipersensibilidade que transforma simples palavras em facas afiadas, dilacerando
laços e desenvolvendo fissuras. A falta de empatia transforma o próximo em um
espectador distante, alheio à dor que se esconde sob o manto da normalidade.
As atitudes abusivas tornam-se armas de defesa, numa
luta interna que ninguém consegue ver, mas que todos sentem. A angústia, essa
companheira silenciosa, permanece à espreita, envolta numa névoa densa. A
tristeza instala-se e a mente, um labirinto de pensamentos tortuosos, grita por
socorro, mas a voz é abafada, sufocada pelas correntes da internalização.
A luta contra a própria essência transforma-se numa
batalha solitária, onde o único desejo é encontrar paz num mundo que parece
hostil. Entre sussurros de dor e ecos de solidão, a vida flui como um rio
turbulento, onde muitos se perdem nas suas águas enigmáticas.
O suicídio, essa escolha trágica, surge como uma
solução ilusória, um grito abafado, uma súplica por alívio, mas também um
lamento pela vida que poderia ser, pelas conexões que poderiam florescer, se a
dor não sobrepujasse a esperança.
Que as vozes que se calam encontrem coragem para se
erguer, e que a luz da interdependência ilumine os caminhos mais escuros,
transformando o lamento em canções de esperança. Porque, no fundo, cada vida valiosa,
e cada alma merece ser ouvida.